A Igreja Adventista, desde o início do século 20, teve Associações presididas por mulheres, hoje ocultas do debate público


Por Eric E. Richter | é professor na Escola de Teologia, Universidad Adventista Del Plata, Argentina. Artigo traduzido e adaptado por Jonathan Monteiro do original em inglês para a revista Zelota

Petra (Tunheim) Skadsheim (Fonte: Adventist Encyclopedia)

A história da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) é certamente fascinante. Ela está cheia de histórias maravilhosas de fé, inspiração e esforços missionários. Embora nossos pioneiros nem sempre sentissem a necessidade de escrever suas histórias, a passagem do tempo exigia a escrita e publicação de livros para preservar a história da igreja. Infelizmente, muitos desses livros negligenciaram a participação das mulheres na igreja e na liderança missionária. Poucas autoras e autores tentaram contar e publicar as histórias dessas mulheres, que desempenharam papéis influentes e significativos na história adventista. Talvez a pioneira nesse sentido tenha sido Ava Covington, com seu livro They Also Served: Stories of Pioneer Women of the Adventist Movement [“Elas também serviram: histórias de pioneiras no movimento adventista”, no português], publicado em 1940.1 Ela foi seguida por John Beach, com seu livro Notable Women of Spirit: The Historical Role of Women in the Seventh-day Adventist Church [​​“Mulheres de espírito notável: o papel histórico das mulheres na Igreja Adventista do Sétimo Dia”, no português] publicado em 1976.2

Ao longo do tempo, outros pesquisadores exploraram a rica história das mulheres pioneiras, incluindo Bert Haloviak,3 Michael Bernoi,4 Bertha Dasher,5 Ramona Perez-Greek6 e Silvia Scholtus.7 No entanto, a participação das mulheres no ministério pastoral, em particular, nem sempre foi abordada ou explorada. Talvez a contribuição mais importante para este tópico tenha sido produzida por Josephine Benton em seu livro Called by God: Stories of Seventh-day Adventist Women Ministers [“Chamadas por Deus: histórias de ministras adventistas do sétimo dia”, no português], publicado em 1990.8 Ela contou em detalhes as histórias de sete mulheres que trabalharam como pastoras e evangelistas na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Outros pesquisadores que exploraram essa questão em profundidade são Daniel Mora9 e Randal Wisbey.10

Graças ao trabalho dedicado desses autores e historiadores, hoje temos uma história muito mais completa da participação ativa das mulheres na origem e no desenvolvimento da IASD. No entanto, ainda há um aspecto da participação feminina na liderança eclesiástica que não foi devidamente explorado, especificamente a presidência das Associações.

Até hoje, apenas uma obra histórica mencionou o papel das mulheres como presidentas de Associações. A historiadora Kit Watts, em um capítulo publicado como parte do livro A Woman’s Place: Seventh-day Adventist Women in Church and Society [“O lugar de uma mulher: mulheres adventistas do sétimo dia na igreja e na sociedade”, no português],11 mencionou que Flora Plummer foi presidenta da Associação Iowa em 1900. Ela foi descrita como “o único caso conhecido de uma mulher ocupando tal cargo”.12 Livros e artigos posteriores ecoaram essa afirmação, mas sem explorar com mais profundidade a história das mulheres como presidentas de Associações. O presente artigo procura preencher esta lacuna no estudo histórico da IASD.

Mas antes de irmos para a história de Flora Plummer e das outras mulheres que foram presidentas, devemos explicar brevemente o que é exatamente uma “Assocciação”.

O que é uma Associação?

A IASD surgiu nos Estados Unidos em meados do século 19 como resultado do segundo grande despertar e da pregação de Guilherme Miller. Em seus primórdios, seus membros eram unidos por uma série de crenças teológicas em comum, como a iminência da segunda vinda, a imortalidade condicional da alma, a observância do dia de sábado e a existência de um santuário celestial onde ocorre o julgamento do advento. Essas doutrinas, ou marcos, formaram o núcleo teológico que moldou a mensagem adventista. A necessidade de pregar essas crenças distintivas expôs a necessidade de organização eclesiástica para garantir ordem e eficiência nas atividades missionárias. Apesar de alguma relutância inicial, em 1861, diferentes congregações adventistas começaram a se unir em “Associações”.13

Com o tempo, a Associação tornou-se o primeiro nível administrativo supracongregacional da organização mundial da IASD.14 Sob seu guarda-chuva estão todas as congregações de uma área geográfica específica. Suas responsabilidades incluem a organização de várias atividades eclesiásticas e missionárias, o atendimento de dezenas de igrejas e a coordenação de uma equipe de pastores e obreiros. A presidência da Associação lidera a organização e supervisiona suas atividades.

Com esta compreensão concisa da formação das Associações locais, passaremos às histórias das mulheres que serviram como presidentas de Associações.

Flora Plummer: presidenta da Associação Iowa (1900)

Lorena Florence Fait nasceu em 27 de abril de 1862, em uma pequena fazenda no estado de Indiana.15 Lorena Florence, ou Flora, como sua família a chamava, cresceu e se tornou uma jovem alegre. Quando adolescente, ela aceitou a Cristo depois de ouvir um pregador itinerante e se uniu ao movimento restauracionista. Ela queria ser batizada, mas era inverno e o rio estava coberto por uma espessa camada de gelo. Mas Flora não se importava com o frio; ela queria entregar seu coração a Cristo através do batismo. O gelo foi cortado e ela foi batizada.

Alguns meses depois, Flora decidiu realizar seu sonho de infância e se tornar professora. Consequentemente, ela viajou para a cidade vizinha de Portland, onde passou no exame e recebeu a certificação mais alta do supervisor do condado. Por oito anos ela trabalhou como professora de escola rural, até receber um convite para trabalhar na cidade de Nevada, Iowa. Lá ela conheceu Frank E. Plummer, o diretor daquela escola, com quem se casou em 12 de julho de 1883.

Dois anos depois, o feliz casal mudou-se para a cidade de Des Moines para trabalhar na escola de lá. Um obreiro bíblico adventista ofereceu estudos bíblicos aos Plummers. No ano seguinte, em 1886, Flora Plummer aceitou a verdade do sábado e ingressou na IASD. Arthur Daniells, que mais tarde se tornaria presidente da Associação Geral, visitou a cidade naquele mesmo ano e a descreveu como “uma professora nata” que “mostrou muito talento”. Daniells afirmou ter expectativa de que “ela ainda nos ajude muito no trabalho nesta cidade”.16

Durante os anos seguintes, ela participou ativamente das atividades missionárias da igreja, incluindo dar estudos bíblicos e enviar literatura evangelística pelo correio. Suas habilidades e seu entusiasmo chamaram a atenção dos líderes da Associação Iowa, que a convidaram para ingressar na Associação da Escola Sabatina de Iowa. Naquela época, o departamento da Escola Sabatina funcionava como uma organização paralela, mas autônoma, da IASD.

Flora dedicou-se de corpo e alma à sua nova tarefa, passando muito tempo visitando casas, igrejas e congregações, escrevendo artigos e cartas. Ela também visitou campais, onde realizava reuniões para crianças, vendia livros denominacionais e tocava órgão durante os cultos.

Seu esforço e dedicação ao trabalho fizeram com que ela se destacasse rapidamente. Em 1891 ela foi nomeada presidenta da Associação da Escola Sabatina de Iowa.17 Em 1892 ela recebeu uma licença ministerial18 e em 1897 foi nomeada secretária da Associação Iowa.19

Em 25 de março de 1900, a Associação Geral pediu a Clarence Santee, presidente da Associação Iowa, que assumisse a presidência da Associação Califórnia.20 Ele viajou para a Califórnia em junho.21 Em 7 de junho,  W. A. Hennig foi convidado a assumir a vaga presidência da Associação Iowa, mas no dia seguinte recusou a oferta.22 A presidência permaneceu vaga até junho de 1901, quando a comissão da Associação Iowa elegeu L. F. Starr como seu novo presidente.23 Durante parte deste tempo, Flora Plummer serviu como presidenta interina da Associação Iowa.24

Alguém pode alegar que Flora Plummer só ocupou esse cargo porque Hennig rejeitou o cargo e não havia ninguém para substituí-lo. No entanto, devemos lembrar que a Associação Iowa tinha 17 pastores ordenados naquela época.25 Qualquer um deles poderia facilmente ter sido eleito para ocupar esse cargo. A escolha de Flora Plummer deveu-se, portanto, à sua capacidade e seus dons naturais de liderança. Ela certamente não era a última opção.

A breve experiência de liderança de Flora Plummer parece ter sido positiva para a Associação Iowa. Durante aquele ano, quatro novas igrejas foram plantadas, e o número de pastores ordenados aumentou para 28.26 Até mesmo o clima espiritual mudou para melhor. Um participante da assembleia da Associação Iowa de 1901 afirmou que “as reuniões administrativas eram caracterizadas por calma e seriedade incomuns: parecia haver um abandono de opiniões preconcebidas e uma confiança estabelecida de que Aquele que era capaz estava liderando e continuaria a fazê-lo…”27

Em maio de 1901, Flora Plummer foi nomeada como a nova secretária de correspondência do departamento da Escola Sabatina da Associação Geral, e deixou seu emprego na Associação Iowa.28 Em 1913 passou a chefiar o departamento, o que o fez até 1936. Até hoje, nenhuma outra pessoa quebrou seu recorde de mandato como diretora daquele departamento.

A liderança de Flora Plummer moldou o departamento da Escola Sabatina na forma que conhecemos hoje. Sua liderança forte e dedicada permitiu que a IASD obtivesse milhares de batismos e milhões de dólares em ofertas para o trabalho missionário no exterior.29

Depois que ela morreu em 1945, Roy A. Anderson (1895–1985) declarou que “provavelmente não houve liderança mais eficiente em um departamento de nosso trabalho denominacional do que a de nossa falecida irmã no trabalho da Escola Sabatina durante os 36 anos de sua conexão com ele”.30

Petra Tunheim: presidenta da Missão Java Ocidental (1913–1915)

Petra Tunheim nasceu em 18 de fevereiro de 1871, na cidade de Hatteland, Noruega.31 Ela era a caçula de 10 irmãos em uma família de agricultores e passou a maior parte de sua infância “pastoreando ovelhas e lendo sua Bíblia nas encostas solitárias” de seu país natal.32 Em 1892, após a morte de seu pai, emigrou para os Estados Unidos junto com sua mãe e quatro irmãos. Lá ela aprendeu sobre a fé adventista e se matriculou no Union College, onde também trabalhou como professora.33

Por um tempo ela se dedicou à colportagem, até que leu em uma revista a necessidade que a igreja tinha de missionários no exterior. Em 1903 ela viajou para a Austrália, onde trabalhou como colportora evangelista com grande sucesso.34

Em 1906, durante o encontro anual da União Australasiana, a Srta. Tunheim se ofereceu como voluntária para ir a Java como missionária.35 Seu trabalho inicialmente se concentrou na cidade de Surabaya. Ali, uma holandesa protestante a convidou para ir ao seu posto missionário. Eventualmente, ela entregou o comando da estação para a Sra. Petra, que assumiu a responsabilidade de liderá-la e gerenciá-la.36

Durante esses anos, Petra Tunheim vendia literatura, fazia leituras bíblicas, dirigia aulas da escola sabatina, oferecia cuidados médicos básicos e pregava.37 Na cidade de Pangoengsen, ela começou e liderou uma escola sabatina com cerca de 150 novos membros.38

Petra Tunheim também costumava viajar para aldeias rurais da região, tratando os doentes com remédios simples e pregando temas bíblicos de fácil compreensão.39 Seu ministério não foi apenas bem sucedido, mas ela também teve a oportunidade de testemunhar milagres. Por exemplo, a filha de uma das mulheres que estudavam a Bíblia foi curada de sua doença depois que Petra Tunheim orou por ela.40

Em cada viagem missionária, a Srta. Tunheim carregava uma maleta cheia de literatura evangelística para vender.41 O resultado às vezes era surpreendente. Um oficial holandês recebeu um folheto adventista. Ficou tão interessado que enviou cartas pedindo mais material, e, apesar de nunca ter conhecido pessoalmente um adventista, começou a realizar reuniões religiosas aos sábados com seus amigos, a quem emprestava os livros que lhe haviam sido enviados.42

Em outra ocasião, um menino muçulmano chamado Menan Diredga viu uma carta rasgada escrita em malaio na lata de lixo da casa de seus vizinhos adventistas. Por curiosidade, ele roubou os restos da carta e a remontou para ler seu conteúdo. Para sua surpresa, acabou sendo uma carta de Petra Tunheim convidando seus vizinhos a reconsagrar suas vidas e se preparar para a segunda vinda e o julgamento de Deus. Menan não conseguiu dormir a noite toda, sentindo sua completa falta de preparação para a breve chegada de Cristo como juiz. No dia seguinte, ele voltou para a casa de seus vizinhos, pediu desculpas por roubar a carta e pediu mais informações sobre a segunda vinda. Logo depois, ele pôde visitar a Srta. Tunheim, que lhe deu uma Bíblia em malaio. O jovem decidiu guardar o sábado e começou a frequentar a escola sabatina.43

Em 1913, a Missão Java Ocidental foi organizada e Petra Tunheim foi nomeada sua presidenta e tesoureira.44 O centro de sua atividade estava na cidade de Batávia. A IASD diferencia uma “Missão” de uma “Associação” por sua capacidade autossustentável e necessidades missionárias, entre outros fatores. No entanto, a presidência de uma Missão e uma Associação compartilham essencialmente as mesmas responsabilidades e têm a mesma autoridade sobre seus respectivos territórios.

Durante esses anos de trabalho, a Srta. Tunheim sofreu várias vezes de doenças tropicais graves, como a malária. No entanto, ela cumpria seus deveres administrativos e eclesiásticos mesmo quando estava doente.45 Em 1915 sua saúde se deteriorou tanto que ela teve que retornar aos Estados Unidos para restaurar sua condição física.46 Um ano depois ela voltou a Java para retomar seu trabalho evangelístico, mas em 1919 teve que sair novamente após ser atacada pela doença; desta vez ela foi para Xangai.47

No Sanatório de Xangai, ela começou a aprender mandarim. Esta era sua sétima língua. Além do norueguês, sua língua materna, ela falava inglês, holandês, malaio, javanês e chinês cantonês. Em questão de poucos meses, ela estava dando estudos bíblicos em mandarim.48

Em Xangai, ela foi diagnosticada com câncer. W. H. Miller, o diretor do Sanatório, ofereceu-se para mantê-la como paciente enquanto ela vivesse. Ela recusou. Em vez disso, ela queria voltar para Java e passar seus últimos dias pregando para seus amigos malaios. Infelizmente, sua saúde estava bastante precária, e ela morreu a caminho, no navio que a levava de Cingapura para a Batávia.49

O Australasian Record publicou um obituário intitulado “A Modern Heroine” [“Uma heroína moderna”, em português]:

“Esta heroína, cuja vida e obras cristãs se comparam bem com os registros mais famosos dos anais missionários, visitou quatro continentes, fez nove longas viagens marítimas, aprendeu sete línguas! Sua influência sempre foi para o correto, testemunhando a verdade em que acreditava; suas orações eram inconfundivelmente sinceras; seus testemunhos soavam constantemente com a inspiração do esforço para salvar almas.”50

Após sua morte, o novo presidente da Missão Java Ocidental decidiu terminar a construção da igreja de Batávia como um memorial para a Srta. Tunheim, que a havia iniciado 10 anos antes. Os habitantes da cidade de Batávia não apenas doaram materiais de alta qualidade, mas também enviaram trabalhadores para construir a igreja, como “sinal de afeto por ela”. Uma vez concluída, a igreja pode acomodar 500 pessoas.51

Charles H Watson, presidente da Associação Geral de 1930 a 1936, escreveu: “Visitei Cingapura muitas vezes e sempre fiz uma peregrinação ao túmulo da Srta. Tunheim. Eu costumava sentir que estava olhando para o local de repouso de uma santa.”52

Phyllis Mosley Ware: presidenta da Associação dos Estados Centrais (1994)

No primeiro dia da Assembleia da Associação Geral de 2005, realizada em St. Louis, Missouri, uma mulher veio à frente, pegou o microfone e fez a oração de abertura de uma reunião que reúne líderes da IASD ao redor do mundo. O nome dessa mulher é Phyllis Mosley Ware.53

Jan Paulsen, na época presidente da Associação Geral, a descreveu como uma pessoa que “serviu à igreja de maneira muito notável” e “representa uma liderança e um ministério que são modelos para muitos de nós imitarmos”.54

Phyllis Mosley nasceu em Kansas City, Missouri. Ela estudou na Universidade Notre Dame com especialização em negócios, e teve uma das maiores notas de sua classe. Em 1975 ela foi batizada na IASD de Linwood. Após sua formatura, ela esperava trabalhar como contadora para a Igreja, mas não havia vagas disponíveis.55 Nos anos seguintes, trabalhou em algumas empresas privadas, até que em 1983 foi convidada para trabalhar na Associação dos Estados Centrais.56 Ela começou como contadora-chefe, mas acabou sendo promovida a tesoureira assistente e, em seguida, tesoureira (1988–2008) e secretária executiva (1988–2004).

A partir de 1984, tornou-se obreira da Igreja Adventista e recebeu uma licença missionária. De 1990 a 2008 ela recebeu credencial de ministra comissionada, e isso está registrado nos Anuários.57 Embora seus estudos e profissão se voltassem para negócios e finanças, ela tinha notável habilidade espiritual. Ela foi descrita como uma mulher com “belas maneiras cristãs” que “não tem dificuldade em envolver todos com entusiasmo nos estudos bíblicos”.58 James Cress (1959–2009), que atuou como secretário da Associação Ministerial da Associação Geral de 1992 a 2009, incluiu Phyllis Ware em uma lista de “mulheres que impactaram meu ministério”.59

Em 22 de fevereiro de 1994, John Paul Monk Jr., presidente da Associação dos Estados Centrais, faleceu após uma longa e dura luta contra o câncer.60 Uma vez que o cargo de presidente ficou vago, Phyllis Mosley Ware foi convidada a servir como presidenta interina da Associação até que um substituto permanente pudesse ser encontrado.61 Ela estava servindo como tesoureira e secretária executiva na época, acrescentando a essas responsabilidades o cargo de presidenta. Embora seu mandato como presidenta interina durasse oficialmente apenas alguns meses, ela vinha desempenhando muitos deveres presidenciais depois que Monk foi diagnosticado com câncer em 1989. Phyllis Ware era sua “mão direita” e, à medida que a doença piorava, ela começou a ajudá-lo cada vez mais a conduzir a administração da Associação.62 Até onde o autor sabe, Phyllis Ware foi a única administradora adventista de ambos os sexos a ocupar as três principais posições em uma Associação simultaneamente.

Embora seja verdade que Phyllis Ware se tornou presidenta da Associação dos Estados Centrais devido a uma tragédia inesperada, ela certamente não era a única opção disponível para preencher a vaga. A comissão executiva da Associação  tinha seis pastores ordenados que poderiam muito bem ter ocupado essa posição.63 No entanto, ela foi a escolhida para preencher a vaga, sem dúvida devido à sua notável capacidade de liderança. Como resultado deste evento, em 1999, a Associação de Mulheres Adventistas concedeu-lhe um reconhecimento especial: o “Prêmio de Realização Extraordinária”.64 Phyllis Mosley Ware trabalhou para a Associação dos Estados Centrais até 2008.65

Pensamentos finais

Em 27 de outubro de 2013, a Associação Califórnia Sudeste elegeu Sandra Roberts como sua presidenta. Esta eleição foi marcada por controvérsia, pois foi alegado que a Associação procedeu contra os regulamentos da IASD, que exigem que os presidentes sejam ministros ordenados, mas ao mesmo tempo impede a ordenação de mulheres pastoras.66 Não é objetivo deste artigo questionar ou defender a legitimidade desta eleição. Este pequeno artigo é de natureza histórica e busca apenas preencher uma lacuna no estudo da participação feminina na liderança da IASD. No entanto, é necessário fazer um esclarecimento a respeito desta eleição. Alguns jornalistas a descreveram como revolucionária ou inovadora, alegando, por exemplo, que “uma mulher foi nomeada presidenta de uma Associação adventista do sétimo dia pela primeira vez nos 150 anos de história da denominação” (grifo nosso).67 Mas afirmações como essas estão claramente erradas. Flora Plummer, Petra Tunheim e Phyllis Ware foram presidentas de uma Associação décadas antes de Sandra Roberts ser eleita. A Igreja Adventista já tinha um precedente de nomear mulheres como líderes da Associação.

Finalmente, resta perguntar: Flora Plummer, Petra Tunheim e Phyllis Ware foram as únicas mulheres a servir como presidentas de Associação? É firme a convicção do autor de que as vidas e obras de outras mulheres que também serviram nessa posição ainda precisam ser descobertas. À medida que a pesquisa histórica se aprofunda e amplia nosso conhecimento do passado da Igreja Adventista, novas histórias maravilhosas surgirão de pessoas que, com dedicação e esforço, lideraram nas posições e nos lugares menos considerados.

Notas:

1. Ava Covington, They Also Served: Stories of Pioneer Women of the Adventist Movement (Washington DC: Review and Herald, 1940).

2. John Beach, Notable Women of Spirit: The historical role of women in the Seventh-day Adventist Church (Nashville, TN: Southern Publishing Association, 1976).

3. Bert Haloviak, “A Place at the Table: Women and the Early Years”, in The welcome table: Setting a place for ordained women, edited by Patricia A. Habada and Rebecca Frost Brillhart (Langley Park, MD: TEAM Press, 1995), 27-44.

4. Michael Bernoi, “Nineteenth-Century Women in Adventist Ministry Against the Backdrop of Their Times”, in Women in Ministry: Biblical and Historical Perspectives, edited by Nancy Vyhmeister (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1998), 211-234.

5. Bertha Dasher, “Women’s Leadership, 1915-1970: The Waning Years”, in A Woman’s Place: Seventh-day Adventist Women in Church and Society, edited by Rose Taylor Banks (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1992), 75-84.

6. Ramona Perez-Greek, “Women’s Leadership, 1971-1992: The Expanding Years”, in A Woman’s Place: Seventh-day Adventist Women in Church and Society, edited by Rose Taylor Banks (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1992), 85-99.

7.  Silvia C Scholtus, Women in leadership in the beginnings of the Seventh-day Adventist Church in South America (Libertador San Martin, Entre Ríos: Editorial UAP, 2019).

8. Josephine Benton, Called by God: Stories of Seventh-day Adventist Women Ministers (Smithburg, MD: Blackberry Hill Publishing, 1990).

9. Daniel Mora, “Mujeres pastoras del Siglo XIX en la Iglesia Adventista del Séptimo Día”, in Apartadas para el ministerio: Perspectivas bíblicas sobre la ordenación, edited by Miguel Ángel Nuñez and Daniel A. Mora (Lima: Fortaleza Ediciones, 2018), 97-138.

10. Randal R Wisbey, “SDA Women in Ministry, 1970-1998”, in Women in Ministry: Biblical and Historical Perspectives, edited by Nancy Vyhmeister (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 1998), 161-174.

11. Kit Watts, “Ellen White’s Contemporaries: Significant Women in the Early Church”, in A Woman’s Place: Seventh-day Adventist Women in Church and Society, edited by Rose Taylor Banks (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1992), 41-74.

12. Ibid., 52.

13. See Clarence Crisler, Organization: Its Character, Purpose, Place and Development in the Seventh-day Adventist Church (Washington DC: Review and Herald, 1938), 97-102.

14. General Conference of the Seventh-day Adventist Church, Church Manual 2015, 19 ed. (Nampa, ID: Pacific Press, 2016), 18, 26.

15. Unless otherwise stated, biographical information has been taken from Covington, They Also Served, 23-33.

16. Arthur G Daniells, “Des Moiness Mission”, Review and Herald, May 11, 1886, 295.

17. “Iowa Conventions”, Review and Herald, December 15, 782.

18. JH Morrison, “Iowa Conference Proceedings”, Review and Herald, July 19, 1892, 461.

19. L Flora Plummer, “Iowa Conference Proceedings”, Review and Herald, June 29, 1897, 411.

20. General Conference Committee Minutes, March 25, 1990, 105.

21. Geo A Irwin, “General Camp-Meetings in District 6 – California”, Review and Herald, August 14, 1900, 524.

22. JH Morrison, “Proceedings of the Conference of 1900”, The Iowa Workers’ Bulletin, June 16, 1900, 193.

23. LF Starr, “Proceedings of the Iowa SDA Conference of 1901”, The Iowa Worker’s Bulletin, June 11, 1901, 191.

24. Watts, “Ellen White’s Contemporaries”, 51. It is likely that CF Stevens, who was also the Iowa Conference Treasurer, occupied the position of Acting President after the departure of Flora Plummer.

25. Morrison, “Proceedings of the Conference of 1900”, 193.

26. Flora V Dorcas, “Iowa, Conference Proceedings”, Review and Herald, August 20, 1901, 544.

27. Ibid.

28. AG Daniells, “Notice to Sabbath-School Workers”, Review and Herald, May 28, 1901, 354.

29. On the impressive results of Flora Plumer’s work in the Sabbath School Department, see Antonio Gonçalves Pires, “Contribución de Flora Plummer a los objetivos de la Escuela Sabática” (Master Thesis, Universidad Peruana Unión, 2016) and Kuntaraf, Jonathan Oey Kuntaraf, “Sabbath School Personal Ministries Department, General Conference of Seventh-day Adventists”. Encyclopedia of Seventh-day Adventists, available in: https://encyclopedia.adventist.org/article?id=DB32 (accessed August 15, 2020).

30. Roy A Anderson, “L Flora Plummer”, Review and Herald, May 24, 1945, 19.

31. Milton Hook, “Skadsheim, Petra (Tunheim) (1871–1923)”, Encyclopedia of Seventh-day Adventists, available on: https://encyclopedia.adventist.org/article?id=BAWT (accessed on August 14, 2020).

32. Milton Hook, An Oriental Foster Child: Adventism in South-East Asia before 1912, Seventh-day Adventist Heritage Series 23 (Wahoonga: South Pacific Division Deparment of Education, n.d.), 12.

33. GA Wood, “Fallen on the way to the people she loved”, Review and Herald, November 8, 1923, 22.

34. Petra T Skadsheim, “My experience in Periodical Work”, Union Conference Record, November 1, 1903, 6-7.

35. E H Gates, “From a Pioneer missionary”, Australasian Record, January 6, 1936, 4.

36. Hook, “Skadsheim, Petra (Tunheim) (1871–1923)”.

37. Ibid.

38. A Nordstrom, “Sabbath-School at Pangoengsen, Java”, Union Conference Record, November 22, 1909, 6.

39. [John Fulton], “Pastor Fulton in Java”, Union Conference Record, September 12, 1910, 8.

40. Petra Tunheim, “Good News from a Far Country”, Australasian Record, May 27, 1912, 2.

41. “Notes”, Asian Division Mission News, April 1917, 4.

42. “Seed-sowing in the Dutch East Indies”, Asiatic Division Outlook, June 15, 1921, 6.

43. George A Campbell, “Won By a Missionary Letter”, Australasian Record, December 6, 1943, 5-6.

44. ME Diredja, “The Early Advent Movement”, Far Eastern Division Outlook, August 1956, 8. See also Seventh-day Adventist Yearbook (Washington DC: Review and Herald, 1914), 130; and Seventh-day Adventist Yearbook (Washington DC: Review and Herald, 1915), 134.

45. AG Daniells, “West Java”, Australasian Record, July 19, 1915, 4.

46. Hook, “Skadsheim, Petra (Tunheim) (1871–1923)”.

47. Ibid.

48. Lulu S VanBuskirk, “Her Life for Java”, Eastern Canadian Messenger, September 9, 1924, 5.

49. CH Watson, “Memories I Cherish – The Lone Woman Missionary”, Australasian Record, August 27, 1962, 4.

50. Milton G. Conger, “A Modern Heroine”, Australasian Record, March 10, 1930, 3.

51. Watson, “Memories I Cherish – The Lone Woman Missionary”, 4.

52. Ibid.

53. “First Business Meeting”, Adventist Review, July 3, 2005, 19.

54. “Eight Business Meeting”, Adventist Review, July 7, 2005, 19.

55. Martin Weber, “Meet Phyllis Ware”, The Mid-America Adventist Outlook, February 2006, 12.

56. EF Carter, “Ware becomes conference officer”, The Mid-America Adventist Outlook, July, 1989, 15.

57. For her missionary licenses see Office of Archives and Statistics, Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1984), 231; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1985), 235; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1986), 217; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1987), 221; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1988), 224. In 1989 she received a missionary credential, see idem, Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1989), 205. From 1990 on she received a credential as a commissioned minister, see idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1990), 211; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1991), 213; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1992), 220; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1993), 207; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1994), 213; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1995), 215; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1996), 223; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1997), 184; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), 192; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1999), 192; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), 195; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2001), 196; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2002), 204; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2003), 181; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2004), 175; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2005), 180; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2006), 184; idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2007), 189; and idem., Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2008), 191. 

58. Silvia Stafford, “Prison Ministry”, The Mid-America Adventist Outlook, October 7, 1982, 17.

59. James A Cress, “Impacted by herstory”, Ministry Magazine, January 2005, 28.

60. “Central States Presidents Dies”, Adventist Review, March 10, 1994, 6. See also Gary Patterson, “The Answer is Yes”, Adventist Review, April 7, 1994, 5.

61. “To new positions”, Adventist Review, May 15, 1994, 7. See also Patricia A Habada, “Women Administrators”, Adventist Review, August 4, 1994, 2. Her successor as Conference President was J Alfred Johnson (“To new positions”, Adventist Review, May 19, 1994, 7).

62. Pat Benton, “Phyllis Ware named Woman of the Year”, The Mid-America Adventist Outlook, October 1999, 26.

63. Office of Archives and Statistics, Seventh-day Adventist Yearbook (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1994), 213.

64. “AAW Conference to Recognize Adventist Women”, Adventist Review, September 23, 1999, 19-20.

65. G Alexander Bryant, “Farewall to an Era”, The Mid-America Adventist Outlook, November 2008, 11.

66. Mario Muñoz, “Sandra Roberts Elected President of the Southeastern California Conference”, Pacific Union Record, December 2013, 28-29.

67. Linden Chuang, “US conference elects first female president”, Record, November 16, 2013, 7.