A revista Zelota ​é um ​periódico adventista contra-hegemônico​. Trata-se de um esforço jornalístico independente que disponibiliza um ambiente online para o debate popular sobre assuntos relacionados à Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) e suas instituições no Brasil e na América Latina.​ Embora carregue o rótulo dessa religião, ela não é uma iniciativa oficial da IASD: a revista Zelota é uma organização leiga que não possui vínculos pastorais-administrativos com a instituição, tornando-se, assim, um esforço adventista inteiramente popular, gerido e publicado por seus membros.

O objetivo principal​ da revista é contribuir com a missão da IASD através da publicação de conteúdo que contemple as crenças e as práticas da igreja de uma perspectiva crítica em diálogo com o povo​. O espaço pretende engendrar o espírito indagador e analítico, conferindo voz a manifestações públicas pertinentes ao crescimento espiritual da igreja como população pensante e ativa nas decisões tomadas pela instituição.

A iniciativa da revista Zelota tem como inspiração o reconhecimento da autonomia humana e da liberdade de expressão​ conforme as declarações oficiais da IASD, já que “os adventistas aceitam a responsabilidade de autorregular sua expressão para assegurar que seja coerente com os ensinamentos bíblicos”.1 Essa liberdade, naturalmente, não deve ofender sentimentos ou comprometer a segurança de outrem; ela deve soar de maneira “tanto honesta quanto amável”.2 Com base nesses princípios, a revista Zelota atua como um locus comunitário, democrático e popular para a expressão das opiniões, questionamentos e pontos de vista de seus membros, sejam teológicos, políticos ou sociais, que possuam relevância para a missão e prática religiosa. Por isso, a revista Zelota atua em defesa da liberdade de expressão e do envolvimento da membresia nas questões supracitadas; ambas as atitudes são encorajadas pela instituição3 e inspiraram a criação deste periódico.

A revista Zelota foi desenvolvida também por conta da necessidade de um periódico adventista popular e independente​ no Brasil e na América Latina.​ Ela considera que os periódicos adventistas deste contexto, embora enriquecedores e variados em abordagens e conteúdos, encontram-se sujeitos a uma minoria editorial.4 Essa restrição corre o risco de privar a participação de seus membros e reduzir a complexidade do adventismo a uma única perspectiva; ela também pode correr o risco de suprimir vozes populares desprestigiadas em virtude de possíveis conflitos administrativos ou desacordo com seus próprios interesses editoriais. Nesse sentido, a Zelota surge como uma linha editorial independente como segunda opção à hegemonia adventista brasileira.

Da missão

A formação de uma igreja popular e participativa. A revista​ Zelota compreende um círculo de cristãos-adventistas leigos que se esforçam para mediar, interpretar e veicular a opinião da membresia a respeito dos assuntos relacionados à IASD no Brasil, na América Latina e no mundo.

Da visão

Atuar como defensores de um diálogo cristão-adventista popular maduro e comprometido, impulsionando uma cultura que instaure outros círculos de discussão afiliados a fim de promover seus objetivos.

Dos valores

Por ser uma revista independente, a Zelota defende os princípios que regem o jornalismo popular e a independência editorial. Por estar associada a uma religião e, dessa forma, permanecer regida por princípios morais, ela se compromete com a honestidade, veracidade e com o fundamento das informações publicadas. A revista Zelota pretende promover os direitos humanos e, principalmente, dar voz à população desprivilegiada da sociedade. Ela afirma o seu compromisso com as inquietações e reclames da membresia adventista, oferecendo conteúdo crível em respeito à fé e à realidade.

Do viés editorial

A revista Zelota é um veículo jornalístico que aprecia o novo jornalismo latino-americano, e, dessa forma, abre espaço para a publicação de artigos de profundidade, crônicas, perfis e histórias em quadrinhos. Muito embora os editores da Zelota não possuam qualquer vínculo com partidos políticos, a revista prioriza interesses e necessidades das classes populares em suas pautas religiosas, políticas e sociais; sendo assim, há transparência na convergência a posteriori entre seus princípios editoriais e valores comumente atribuídos à esquerda política. A revista não crê na “imparcialidade jornalística” e constata que esse princípio já foi superado, inclusive, pelas escolas de jornalismo e seus acadêmicos. A afirmação dessa imparcialidade pode soar como desculpa para mascarar premissas ideológicas sob as quais o jornalismo é feito. Portanto, a Zelota declara abertamente que possui um viés político-ideológico que disputa narrativas midiáticas hegemônicas no adventismo brasileiro. Esse viés é utilizado como crivo para a elaboração de artigos jornalísticos ou de opinião. Dentro de tais limitações, a revista tem como valor inegociável a busca pela verdade e pela precisão da informação. Ela também incentiva a liberdade de opinião dos colaboradores dentro dos princípios editoriais da Zelota. À parte do editorial semestral, o conteúdo dos artigos publicados na revista representa unicamente a opinião daquele que o assina.

O fato de trabalhar com jornalismo independente confere possibilidade à Zelota de elencar os fatos relativos ao adventismo brasileiro e latino-americano de forma a oferecer ferramentas para compreensão do mundo. Esse conteúdo interpretativo, naturalmente, evita informações “cruas” incapazes de somar ao conhecimento crítico dos leitores. O foco da revista é analisar e interpretar o adventismo dentro de narrativas mais amplas através da cobertura jornalística. Muito embora esteja preocupada com o contexto brasileiro, a Zelota também se debruça sobre os acontecimentos da IASD na América Latina e, quando necessário, no mundo. Isso se justifica pelo fato de a igreja internacional, intencionalmente ou não, ser um fator de grande influência nas posições administrativas e nas práticas eclesiásticas da IASD no Brasil.

Das finanças

Como projeto sem fins lucrativos, a revista Zelota é financiada com ​ recursos dos seus leitores e participantes​. Ela não aceita, em nenhuma hipótese, a devolução de dízimos dos membros da IASD. Seu funcionamento depende de recursos próprios e também de doações de pessoas físicas. A revista não aceita apoio de grandes empresas, partidos, ONGs, think-tanks, políticos ou religiosos – salvas exceções que não comprometam a liberdade editorial da revista. Para manter sua periodicidade, ela poderá depender do patrocínio a projetos ou eventos específicos, assim como crowdfundings ou outros tipos de financiamentos coletivos provenientes dos seus leitores.

Das publicações e da periodicidade

A revista Zelota possui edições temáticas publicadas com periodicidade semestral. Além delas, publica casualmente colunas, opiniões e notícias a respeito do adventismo no Brasil, na América Latina e no Mundo. Em complemento, a revista também inclui reflexões teológicas, filosóficas e espirituais sobre questões contemporâneas que sejam do interesse da comunidade.

Da equipe

A Zelota tem como editores-chefe André Kanasiro ([email protected]) e Elias Batista Jr. ([email protected]), que também compõem o conselho editorial da revista. A equipe é composta por voluntários – jornalistas, fotógrafos, designers entre outros -, todos filiados à igreja adventista como membros atuantes.

Dos objetivos específicos

Todas as expectativas da revista Zelota encontram-se em harmonia com os propósitos, objetivos e princípios espirituais da IASD, dentro dos procedimentos aprovados pela instituição. Ela também toma como base os conselhos oferecidos por Ellen G. White para a elaboração de materiais de cunho editorial.

São objetivos específicos da revista Zelota:

  1. Disponibilizar um locus online para a participação ativa e popular da membresia adventista com o objetivo de interpretar e veicular assuntos relacionados à instituição; isto é, conferindo voz à opinião de seus leigos e às suas necessidades imediatas. A revista Zelota parte do pressuposto de que a membresia adventista possui virtudes críticas para questionar o modus operandi da IASD, sugerindo alternativas à sua práxis. Ellen G. White, em conselhos editoriais, enfatiza com frequência a necessidade de publicar conteúdo que corresponda às necessidades imediatas do povo.5
  2. Nutrir espiritualmente os membros da IASD com conteúdo franco sobre a realidade adventista no Brasil, na América Latina e no Mundo, com reflexões sobre assuntos de relevância pública. A revista Zelota segue à risca os conselhos de Ellen G. White no que diz respeito à necessidade de oferecer à igreja conteúdo prático, iluminador e enobrecedor para a salvação. Ela está comprometida com a realidade da igreja e, portanto, investirá esforços para responder às suas angústias e fortalecer a sua esperança.
  3. Atuar como um periódico contra-hegemônico no contexto adventista brasileiro, oferecendo conteúdo de qualidade crítica e informativa sem, contudo, estar sob a arbitragem da liderança eclesiástica. A revista Zelota entende que a autonomia daqueles que buscam aplicar a Bíblia à vida prática deve ser reforçada sem a necessidade daquilo que Ellen G. White denomina de “censura ou autoridade arbitrária”.6 Ela, nesse sentido, pretende dar voz à imprensa livre e conferir espaço a opiniões que nem sempre representam a posição editorial hegemônica da instituição.
  4. Oferecer conteúdo jornalístico de caráter analítico, crítico e opinativo, capaz de abranger temas relacionados às crenças e às práticas da IASD no Brasil de uma perspectiva popular. A revista Zelota pretende apresentar um olhar realista da igreja brasileira e latino-americana, conferindo oportunidade a perspectivas que questionem a opinião hegemônica, criando assim um ambiente saudável de aprofundamento e discussão. De acordo com os conselhos whiteanos, “os que sinceramente desejam a verdade não serão relutantes em franquear à pesquisa e crítica as suas posições, e não se aborrecerão se suas opiniões e ideias forem contraditadas.”7 Por representar um periódico que não parte de uma perspectiva administrativa, a Zelota atua como ponto de vista da membresia adventista como reflexão, observação e resposta à realidade da igreja.
  5. Apresentar reflexões bíblico-teológicas relevantes às práticas da membresia adventista no Brasil, seja por meio do aprofundamento das crenças fundamentais ou através da reavaliação e questionamento de práticas infundadas ou contraditórias. A revista Zelota está aberta ao debate por se fundamentar no princípio da verdade progressiva, o palco para qualquer tipo de discussão opinativa entre os adventistas.8 Ao contrário de algumas tradições cristãs, a IASD não tem a pretensão de afirmar um credo9 e, portanto, está aberta à liberdade para a discussão. Em conformidade com a instituição, a revista Zelota compreende que “a verdade teológica […] é afirmada pelo estudo e a confirmação da comunidade”,10 e, portanto, se abstém de qualquer postulado doutrinário sem o prévio escrutínio da denominação.
  6. Disponibilizar conteúdo gratuito à membresia da igreja adventista brasileira e latino-americana. A revista Zelota não possui fins lucrativos e não aceita os dízimos devolvidos por seus membros. Ainda assim, ela oferece oportunidade aos leitores que pretendem contribuir financeiramente para que o periódico continue a ser publicado. Esse tipo de doação é utilizada para liquidar os serviços pagos pela equipe e, futuramente, aprimorar o design e o conteúdo da revista com a terceirização de serviços complementares.
  7. Incentivar a união da membresia adventista brasileira por meio do diálogo entre a instituição e a opinião popular. Embora possua um viés editorial específico, a revista Zelota não possui ideologia separatista e emprega esforços para fortalecer o espírito de harmonia cristã na IASD. Ela não pretende difamar a igreja publicamente, de forma a denegrir sua imagem. A instituição adventista reconhece que a unidade da igreja não exclui a liberdade de expressão e a autonomia opinativa dos membros: “a presença desses elementos [provenientes da liberdade de expressão] dentro da igreja alimenta o espírito de unidade pela qual nosso Senhor orou”.11 A fim de zelar pela franqueza no debate a respeito dos desafios e práticas do adventismo brasileiro, a revista se vale de uma leitura crítica dos eventos relacionados à instituição, mas incentiva e promove o evangelho das três mensagens angélicas.
  8. Exercer suas atividades com o apoio da liderança responsável. Ao contrário do que alguns possam postular, a revista Zelota não é uma iniciativa de combate à instituição, ou um locus para a fomentação de “teologias alternativas”: o periódico deseja trabalhar em parceria com a liderança para construir narrativas honestas sobre os desafios e as carências da igreja brasileira, conferindo ocasião às vozes da membresia adventista em seus diversificados contextos sobre assuntos teológicos e administrativos.

Referências

1. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Declarações da Igreja: Aborto, assédio sexual, clonagem, ecumenismo e outros temas atuais (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2012), p. 162.

2. Idem.

3. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Declarações da Igreja: Aborto, assédio sexual, clonagem, ecumenismo e outros temas atuais, p. 161-172.

4. Especificamente, a Casa Publicadora Brasileira, destinada às Uniões em língua portuguesa, e a Casa Editora Sudamericana, destinada às Uniões de fala castelhana.

5. Veja White, Ellen G. O outro poder (Casa Publicadora Brasileira, 2010).

6. White, Ellen G. O outro poder, ​ p. 27.

7. Ibidem, p. 26-27.

8. Ibidem, ​ p. 24.

9. Os adventistas não entendem as suas 28 crenças fundamentais como “credos” (no sentido específico do termo), mas como um “resumo”, ou “sinopse”, de sua fé de forma organizada. Para mais informações, veja Igreja Adventista do Sétimo Dia, As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 5; Igreja Adventista do Sétimo Dia. Regulamentos Eclesiástico-Administrativos. (Associação Brasileira de Direitos Reprográficos, 2019), p. 23.

10. Igreja Adventista do Sétimo Dia. Declarações da Igreja: Aborto, assédio sexual, clonagem, ecumenismo e outros temas atuais, p. 164.

11. Ibidem, p. 163.