Em seu primeiro dia, a 61ª Assembleia Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia reelegeu Ted Wilson como presidente da Associação Geral, fez revisão para tornar o Manual da Igreja mais inclusivo a anciãs e rejeitou a adição de um debate sobre vacinas à agenda


Por Megan Yoshioka | Texto traduzido e adaptado do original em inglês para a revista Zelota por André Kanasiro.

Delegates on the floor 2022 GC Session on June 6, 2022 (Foto: Pieter Damsteegt / North American Division)

Ted N. C. Wilson foi reeleito para um terceiro mandato como presidente da Associação Geral (AG) dos adventistas do sétimo dia no primeiro dia da Assembleia de 2022. Wilson foi nomeado no final da reunião da noite de segunda, e recebeu o voto de aprovação de 74,9% dos delegados. Um total de 1.715 votos foi recebido.

“É de fato uma lição de humildade ser solicitado para assistir e guiar a igreja remanescente de Deus nos últimos dias”, disse Ted após sua reeleição. “Não é algo que um ser humano possa fazer por conta própria — é somente através do poder do Espírito Santo.”

Ted Wilson foi eleito pela primeira vez em 2010. Ao final do seu terceiro mandato em 2025, ele será o presidente da AG com o segundo maior mandato da história.

Ted Wilson discursou para os delegados após ser reeleito em um voto apressado no fim do dia. (Foto por Pieter Damsteegt / Divisão Norte-Americana). Fonte: Spectrum Magazine.

Ordenação de anciãs

Propostas de emendas ao Manual da Igreja foram discutidas antes na reunião de segunda à noite. De acordo com o Manual da Igreja atual, em relação à ordenação de anciãos, estes “estão também qualificados para servir como diáconos”. Uma emenda propôs que o termo “diácono” fosse substituído pelo termo de gênero neutro “diaconato”. 

A emenda também propôs acrescentar ao manual a seguinte frase: “Quando uma igreja em uma reunião vota pela eleição de novos anciãos, ela também autoriza sua ordenação.”

Gerard Damsteegt, delegado da AG, fez uma moção para que a emenda fosse enviada de volta à Comissão do Manual da Igreja. Segundo ele, a Bíblia declara que anciãos devem ser homens, e que o termo de gênero neutro implica que mulheres poderiam ser ordenadas como anciãs. Em seu pedido, Damsteegt mencionou 1Timóteo 3.2, que diz: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar” (NAA).

Jonas Arrais, da Divisão Norte Ásia-Pacífico, declarou ser contra enviar a emenda de volta à Comissão do Manual da Igreja.

“Este documento é muito claro,” disse Arrais. “Nós não estamos discutindo ordenação feminina como alguns de nós talvez estejam pensando. Nós só estamos sugerindo que anciãos devem ser ordenados.”

Arrais fez referência a um voto feito em 1975, durante um Concílio de Primavera da AG, permitindo que mulheres sejam ordenadas como anciãs locais. Ele também mencionou a reafirmação desse voto, feita no Concílio Anual de 1984.

Damsteegt também tinha mencionado anteriormente a reunião do Concílio Anual em sua moção.

“As anciãs foram votadas em um Concílio Anual, mas nunca foram trazidas à Assembleia Geral, algo que foi enfatizado por Ellen White,” disse Damsteegt. “Para quaisquer mudanças, o corpo total de representantes de todo o mundo — eles precisam votar, e não uma pequena porção deles no Concílio Anual.”

56,1% dos delegados votaram para não referir a emenda de volta à Comissão do Manual da Igreja. A moção para emendar a seção de acordo com a agenda da assembleia foi aprovada por 75,7%. Delegados chegaram a esta decisão uma hora após Damsteegt fazer sua moção inicial.

Moção para acrescentar uma discussão sobre vacinas à agenda

Durante a reunião da manhã, o advogado Jonathan Zirkle fez uma moção para acrescentar o tópico de vacinações à agenda da AG. Zirkle está associado à Liberty and Health Alliance, uma organização fundada por adventistas do sétimo dia que promove a liberdade médica, de acordo com seu website.O presidente da mesa e vice-presidente geral da AG, Artur A. Stele, inicialmente descartou a moção, afirmando que vacinações não são um tópico da constitution and bylaws (no português constituição e estatutos), do Manual da Igreja, ou das crenças fundamentais. Stele trouxe a moção de volta à discussão após Zirkle pedir que Stele perguntasse por apoio, e Grace Mackintosh, uma delegada da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) no Canadá, apoiou a moção através do Zoom.

Artur A. Stele presidiu a reunião da manhã, tendo que navegar por discussões contenciosas a respeito da vacinação e enfrentando problemas técnicos com a votação. (Foto por Pieter Damsteegt / Divisão Norte-Americana). Fonte: Spectrum Magazine.

Reafirmando a razão inicial de Stele para descartar a moção, Ted Wilson se levantou para comentar e instou os delegados a considerar votar contra a moção.

“Eu quero urgir fortemente, e tenho o consentimento e a concordância de meu colega Erton Köhler, e de meu outro colega Paul Douglas, que fiquemos unidos ao pedir que este corpo não ponha essa questão na agenda,” disse Wilson. “Ao invés de nos enredarmo em algo que não é um item para a discussão da Assembleia Geral, nós pedimos respeitosa, gentilmente e de forma muito determinada que vocês, os delegados, votem ‘não’ em colocar este item como um item da agenda.”

A moção de Zirkle foi feita em meio a problemas de conexão de internet. Nesta Assembleia Geral, a votação usa o sistema ElectionBuddy. Delegados recebem credenciais únicas e seguras de login, mas então votam usando seus próprios dispositivos eletrônicos. Para delegados participando presencialmente, uma rede específica de Wi-Fi deve fornecer o acesso necessário à internet para a plenária. Durante a discussão sobre vacinação, delegados se levantaram para comentar sobre problemas de conexão com a internet e para questionar métodos de votação. A liderança da AG instruiu os delegados que estavam presentes na plenária a acessar a internet somente com o dispositivo que seria usado para votar e receber informações. Representantes da liderança também pediram aos delegados que, se possível, usassem dados móveis para desconectar do Wi-Fi e liberar a conexão.

No fim das contas, 1.782 delegados foram capazes de votar online na moção para acrescentar um debate sobre a vacinação à agenda. A moção foi rejeitada por 88,6%.

A Assembleia Geral de 2022 continua nesta terça-feira, dia 7 de junho.

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