O registro de uma conferência bíblica de 1919, descoberto em 1974, evidencia que, para os líderes da IASD contemporâneos de Ellen White, seus escritos não eram a palavra final para a interpretação da Bíblia ou para interpretação histórica


Introdução e transcrição por Molleurus Couperus | Foi presidente do departamento de dermatologia da escola de medicina na Universidade Loma Linda, e editor da Spectrum durante seus seis primeiros volumes. Traduzido e adaptado por André Kanasiro do original em inglês1 para a revista Zelota.

Participantes de Conferência de 1919 (Foto: Domínio Público).

Quase todas as igrejas protestantes tiveram pelo menos um líder notável, cuja dedicação ao que ele considerava sua obra divinamente ordenada era aparente a todos. A despeito do fato de que estes homens cometeram erros, seus seguidores gratos e admirados lhes conferiram uma posição de autoridade incomum em sua igreja, particularmente em questões de interpretação bíblica e doutrina. Isso se aplica especialmente a Lutero e Calvino. Martinho Lutero, por exemplo, foi chamado de “instrumento de Deus”, “um profeta do Todo-Poderoso” e um “apóstolo da liberdade”. Lutero também aplicou ocasionalmente o título de profeta a si mesmo. Suas profecias foram reunidas por Johannes Lapäus e publicadas por ele em 1578, sob o título Verdadeiras Profecias do Prezado Profeta e Santo Homem de Deus, o Dr. Martini Luther. Este livro foi republicado em 1846. Hans Preuss, em 1933, escreveu um volume acadêmico intitulado Martin Luther o Profeta, no qual ele lista os teólogos proeminentes que chamavam Lutero de profeta, tanto antes quanto depois do Esclarecimento/Iluminismo. Durante o último século, Lutero foi chamado com mais frequência de apóstolo ou reformador. Conforme o tempo passou após a morte de Lutero e acadêmicos puderam estudar e comparar sua quantidade impressionante de escritos (suas obras publicadas ocupam mais de 60 volumes), tornou-se possível uma avaliação crítica da natureza e extensão de suas contribuições à igreja cristã. Em todo este processo, ele permaneceu o Reformador, o grande Homem de Deus.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) tem sido abençoada pela grande devoção e liderança de muitos indivíduos, tanto em sua história inicial quanto em seu desenvolvimento posterior. Entre estes, ninguém teve maior influência sobre esta igreja que Ellen G. White, desde pouco tempo após o Desapontamento de 1844 até o presente, muito tempo após sua morte em 16 de julho de 1915.

A despeito de sua educação formal limitada, Ellen (Harmon) White tornou-se uma pessoa de profunda visão e estatura espiritual, uma sábia líder e conselheira, uma profunda estudante e comentarista da Bíblia. Todas essas características estão refletidas no volumoso material escrito que veio de sua caneta, o qual continuou a estender sua influência e autoridade em sua igreja até o presente. Já em dezembro de 1844, quando ela só tinha 17 anos de idade, ela teve uma visão na qual viu o povo do advento em sua jornada à Cidade Santa. Esta foi a primeira de muitas visões, sonhos e mensagens que ela comunicou à igreja, quase todas relacionadas às crenças, à obra e à organização de sua igreja, enquanto outras eram conselhos a membros individuais. Conforme Ellen White amadureceu, ela se viu cada vez mais ativa em pregações, e viajou muito, incluindo à Austrália e à Europa, para ajudar no desenvolvimento de sua igreja. Ela também se envolveu mais em escrever artigos para vários periódicos da igreja e em publicar grandes livros, até conjuntos de livros, como a série de cinco volumes O Conflito dos Séculos. Para ajudá-la nesta parte exigente de seu trabalho, ela pôde assegurar a ajuda de vários assistentes literários e secretários muito capazes, uma das quais, Marian Davis, trabalhou com ela por cerca de 25 anos.

Logo que suas visões apareceram e foram divulgadas pela primeira vez, naturalmente surgiram questões a respeito da natureza dessas visões, sua autoridade, e, um pouco mais tarde, sua relação com a Bíblia. Esta última questão permaneceu um assunto de discussão e até conflito na igreja desde então. O marido de Ellen, Tiago, estava totalmente ciente deste problema logo após suas primeiras visões, e já em 21 de abril de 1851 discutiu a questão na Review and Herald. Ele afirmou:

Todo cristão, portanto, tem a obrigação de tomar a Bíblia como régua perfeita de fé e dever. Ele deve orar fervorosamente para ser auxiliado pelo Espírito Santo na busca pela verdade plena e por seu dever pleno nas Escrituras. Ele não tem a liberdade de se desviar delas para descobrir seu dever através de qualquer um dos dons. Nós dizemos que, no mesmo momento em que faz isso, ele coloca seus dons em uma posição errada, e toma uma posição extremamente perigosa. A Palavra deve estar à frente, e o olho da igreja deve estar colocado sobre ela, como a regra pela qual andar, e a fonte de sabedoria da qual aprender seus deveres em “toda boa obra”. Mas se uma porção da igreja se desviar das verdades da Bíblia, e se tornar fraca, e doente, e o rebanho se espalhar, de modo que pareça necessário a Deus empregar os dons do Espírito para corrigir, reviver e curar os errantes, devemos deixá-lo trabalhar.

Em um segundo artigo sobre a mesma questão, Tiago White escreveu: “A Palavra de Deus é uma rocha eterna. Nela podemos permanecer com confiança em qualquer momento. Embora o Senhor dê sonhos, no geral designados aos indivíduos que os têm, para confortar, corrigir, ou instruir em provações ou perigos extremos, pressupor que ele busca guiar nos deveres gerais através de sonhos vai contra as escrituras, e é muito perigoso. A Palavra e o Espírito nos são dados para nos guiar.” Quatro anos depois, no dia 16 de outubro de 1855, ele escreveu novamente na Review and Herald sobre o mesmo assunto:

Há um grupo de pessoas determinado a fazer parecer que a Review e seus condutores fazem da opinião da Sra. White um teste de doutrina e irmandade cristã. — O que a Review tem a ver com as opiniões da Sra. W.? Os sentimentos publicados em suas colunas são todos retirados das Santas Escrituras. Nenhum escritor da Review jamais se referiu a elas como autoridade sobre qualquer assunto. A Review, pelos últimos cinco anos, não publicou nada neste sentido. Seu lema tem sido, “A Bíblia e somente a Bíblia, a única régua de fé e prática.”

Conforme passaram os anos, alguns na igreja reivindicaram inspiração verbal para os escritos de Ellen White, uma posição rejeitada por Tiago White e oficialmente pela igreja. Outros reivindicaram infalibilidade, e muitos a chamaram de profetisa. Ela negava ambas as alegações, mas sentia que sua obra era mais que a de um profeta, chamando a si mesma de mensageira. Quanto à infalibilidade, ela declarou: “Com relação à infalibilidade, nunca a pretendi; unicamente Deus é infalível” (Mensagens Escolhidas 1: p. 37). A despeito destas declarações, de tempos em tempos alguns autores na igreja reivindicaram graus variados de infalibilidade para seus escritos. Roderick Owen, em um artigo reimpresso na Review and Herald de 3 de junho de 1971, atribuiu a ela uma interpretação infalível das Escrituras. A posição oficial da IASD sempre foi a de que nossas crenças são baseadas unicamente nas Escrituras, e que é pelas Escrituras que todas as reivindicações de verdade religiosa devem ser testadas. Crer que Ellen White foi usada por Deus para ajudar a guiar a jovem igreja como líder espiritual não implica que se possa atribuir infalibilidade a suas obras, palavras ou escritos. Seu filho, W. C. White, que trabalhou próximo à sua mãe por muitos anos, e para o Centro Ellen G. White após sua morte, escreveu em relação a suas declarações sobre história: “Minha mãe nunca reivindicou ser uma autoridade em história” (W. C. White, em O Grande Conflito, edição de 1911, p. 4; citado por Arthur L. White em The Ellen G. White Writings, 1973). “Em relação aos escritos de minha mãe e seu uso como autoridade em questões de história e cronologia, minha mãe nunca desejou que nossos irmãos os tratassem como autoridade em relação a detalhes de história ou datas históricas […] Quando O Grande Conflito foi escrito, minha mãe nunca pensou que os leitores o tomariam como autoridade em datas históricas ou para resolver polêmicas em relação a detalhes históricos, e ela não sente agora que ele deveria ser usado desta forma (Carta de W. C. White a W. W. Eastman, 4 de novembro de 1912; citado em The Ellen G. White Writings, por Arthur L. White, p. 33, 34).

Por quais critérios devem ser julgados os escritos de Ellen G. White? Primeiro de tudo, segundo suas próprias palavras e as de Tiago White: pelas Escrituras. Quaisquer outras afirmações, históricas, médicas, científicas, como as afirmações de qualquer outro mortal, devem ser capazes de passar por pesquisas históricas ou científicas — o teste da verdade, conforme creio que Ellen White preferiria. Então sua mensagem, tão confinada a sua própria igreja pela atitude injustificada dos que defendem infalibilidade para seus escritos, também se tornariam aceitáveis para estudos bíblicos e devocionais fora de sua própria igreja, a qual foi acusada por tantos anos de ter “uma adição às Escrituras”.

A luta que esteve presente na IASD para chegar a uma decisão aceitável e honesta a respeito da posição que os escritos de Ellen White devem ter em nossa igreja e em outras igrejas é ilustrada pelas discussões que ocorreram na Conferência Bíblica em Takoma Park, de 1 a 21 de julho de 1919, e que foram seguidas imediatamente por uma reunião de três semanas de duração com o Concílio de Professores de Bíblia e História. Na Review and Herald de 14 de agosto de 1919, W. E. Howell lista 22 delegados de nossos colégios participando do Concílio de Professores de Bíblia e História, e outras evidências indicam que o número total de participantes na Conferência Bíblica era de mais de 50. O presidente da Associação Geral (AG) na época, Arthur G. Daniells, fez um relato a respeito da Conferência Bíblica na Review and Herald de 21 de agosto de 1919, e nos informa que a reunião teve “editores, professores de Bíblia e história de nossos colégios e seminários, e membros da Comissão da Associação Geral.” Entre os presentes na Conferência Bíblica, além de A. G. Daniells, estavam G. B. Thompson, secretário de campo da AG; F. M. Wilcox, editor da Review and Herald; M. E. Kern, ex-presidente do Seminário de Missões Estrangeiras (mais tarde Columbia Union College); W. W. Prescott, ex-editor da Review and Herald e na época secretário de campo da AG (que teve grande participação na revisão do livro O Grande Conflito em 1911); H. C. Lacey, professor de religião no Seminário de Missões Estrangeiras; W. E. Howell, editor da Christian Educator; W. G. Wirth, um professor de religião no Pacific Union College, e mais tarde no Colégio de Médico Evangelistas; M. C. Wilcox, editor de livros para a Pacific Press; A. O. Tait, editor da Signs of the Times; C. M. Sorenson, professor de história no Colégio Missionário Emmanuel; C. S. Longacre, secretário da Associação de Liberdade Religiosa; W. H. Wakeham, professor de Bíblia no Colégio Missionário Emmanuel; J. N. Anderson, professor de Bíblia no Seminário de Missões Estrangeiras; C. L. Taylor, diretor do Departamento de Bíblia no Canadian Junior College; L. L. Caviness, editor associado da Review and Herald; e T. M. French, diretor da escola de teologia no Colégio Missionário Emmanuel.

Em seu relato da Conferência Bíblica, Daniells enfatizou a importância de um estudo contínuo e aprofundado das Escrituras por nossa igreja. Ele declarou, “O grande objetivo desta conferência é nos unirmos em um estudo definido, prático e espiritual da Palavra de Deus.” Ele então cita uma longa passagem de Ellen G. White, onde ela aconselha a igreja a um estudo diligente das Escrituras, e acrescenta o seguinte: “O fato de não haver controvérsias ou agitações entre o povo de Deus não deveria ser olhado como prova conclusiva de que todos estão mantendo com firmeza a sã doutrina. Há razão para temer que não estejam discernindo claramente entre a verdade e o erro. Quando não surgem novas questões em resultado de investigação das Escrituras, quando não aparecem divergências de opinião que instiguem os homens a examinar a Bíblia por si mesmos, para se certificarem de que possuem a verdade, haverá muitos agora, como antigamente, que se apegarão às tradições, cultuando nem sabem o quê” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 706-707).

Daniells também relatou as ações que foram realizadas na conferência, e disso citamos:

Nós portanto expressamos nossa apreciação às seguintes características definidas que marcaram as sessões desta Conferência Bíblica:

5. Para o incentivo a um Estudo Bíblico mais sincero, ao qual a conferência se motivou. … Nós reconhecemos, no entanto, que ainda há muitas minas de verdade nas Sagradas Escrituras, e que estas darão seu tesouro ao que busca com orações sinceras e humildes o que é correto. […]
6. Nós cremos que as bênçãos e os benefícios que resultam das conferências bíblicas como esta devem ser perpetuados no futuro. … Nós, portanto, solicitamos sinceramente à Comissão da Associação Geral que organize outra conferência deste caráter em 1920. […]

Tal conferência, no entanto, não foi realizada.

O registro da Conferência Bíblica de 1919 esteve perdido até dezembro de 1974, quando o Dr. F. Donald Yost encontrou dois pacotes enrolados em papel na AG, em Takoma Park. Os pacotes continham cerca de 2.400 páginas de material escrito com máquina de escrever, transcrito de notas estenográficas feitas na Conferência. Parece uma tragédia que este material não tenha sido disponibilizado a professores e ministros adventistas após a Conferência Bíblica, e que a mensagem que os participantes da Conferência queriam compartilhar com a membresia da igreja nunca foi transmitida.

A seguir, apresentamos o registro transcrito das reuniões da Conferência Bíblica de 1919, nos dias 30 de julho e 1 de agosto, que lidam especialmente com o Espírito de Profecia. As discussões foram abertas e francas, mas refletem grande sensibilidade. Houve outras reuniões nas quais este assunto foi discutido, mas as reuniões aqui reportadas foram as mais longas e abrangentes. Nelas, vários participantes tinham trabalhado pessoalmente com Ellen White por muitos anos. Devido a sua grande importância histórica, as transcrições estão completas e não editadas, de modo que os participantes das duas reuniões possam falar por si mesmos.

O uso do Espírito de Profecia em nosso ensino de Bíblia e história

30 de julho de 1919

W. E. Howell: Nosso tópico para este momento, conforme organizado na programação, é “O uso do Espírito de Profecia em nosso ensino de Bíblia e história”. O Sr. Daniells está aqui conosco esta manhã para cumprir sua promessa a nossos professores de dar uma palestra nessas linhas, e estou certo de que a oportunidade de considerar mais esta questão será muito apreciada.

A. G. Daniells: Eu estive um pouco incerto em minha própria mente quanto ao melhor percurso a seguir. Há tanto neste assunto que não é possível apresentá-lo completamente em uma palestra, e eu me arrependeria se perdesse a oportunidade de levantar as questões que mais interessam a vocês; então eu finalmente decidi que prefiro ter uma mesa redonda. Eu prefiro que vocês me questionem, e então eu tentarei responder as questões que são de mais interesse para vocês. Eu posso não ser capaz de fazer outra palestra aqui, e vocês provavelmente não terão tempo, e então eu gostaria de fazer com que este momento rendesse o máximo possível. Eu vou apresentar um ou dois pontos tão brevemente quanto possível para começar, e então vou abrir espaço para perguntas.

Antes de tudo, quero reiterar o que eu declarei na palestra que dei há algumas noites sobre este assunto, — que eu não quero dizer uma palavra que destrua a confiança neste dom. Eu não quero criar dúvidas. Eu não quero de modo algum depreciar o valor dos escritos do espírito de profecia. Eu não tenho dúvidas em minha própria mente. Eu não sei se todo homem pode ou não dizer isso, mas eu posso dizê-lo com toda a honestidade. Eu tenho tido perplexidades ao longo dos quarenta anos em que estive no ministério. Eu descobri coisas similares àquelas a que Pedro se referiu nos escritos de Paulo — difíceis de entender. Vocês sabem que Pedro disse isso, e eu recebi testemunhos pessoais que não podia entender. É algo notável, não é? Que um homem receba uma mensagem como essa? Mas isso é no que caem quase todos os céticos quando se afastam de nós — eles receberam um testemunho que não puderam entender ou acreditar. Eu não era capaz de entender na época, mas o tempo me ajudou a entender; e eu concluí que não enxergamos do ponto de vista do Senhor, e não sabemos tanto quanto o Senhor sabe sobre nós mesmos, então quando Ele nos revela coisas que não entendemos, é porque Ele sabe mais sobre nós e nossa tendência e perigos que nós mesmos.

O primeiro que eu recebi e me causou confusão me acusou com palavras muito fortes de — bem, vou colocá-lo da pior forma — uma tendência a dominar meus irmãos em questões administrativas, não dando a eles a liberdade de mente e pensamento a que eles tinham direito. Eu não entendia isso. Não parecia o caso. Eu perguntei a alguns de meus bons amigos, e eles disseram que nunca tinham sentido isso, o que me deixou ainda pior. Até mesmo alguns membros da Comissão nunca tinham visto isso. O que eu deveria fazer? Eles não eram as pessoas certas para me informar. Eu logo descobri que havia alguns homens que acreditavam que a mensagem estava correta. Dentro de mais ou menos um ano eu descobri uma tendência muito forte, sob um pouco de nervosismo e cansaço, a fazer exatamente aquilo; então eu peguei a mensagem e a reli em espírito de oração, e a reconheci para o Senhor, e estou tentando todo o tempo vigiar contra qualquer espírito de dominação, pois eu acho que é muito abominável para um homem em um cargo se assenhorear de pessoas que não estão em cargos; mas está na natureza humana. Vocês ouviram a história do irlandês que foi promovido à posição de capataz em uma gangue. Na manhã seguinte, ele foi e disse a um dos homens: 

“Timothy O’Brien, venha cá.”

Quando o homem veio, ele lhe disse: “Eu te demito nesta manhã, não porque eu tenha algo contra ti, mas para mostrar minha autoridade.” [Risadas]

Ele foi colocado no cargo, e a primeira coisa que ele quis fazer foi mostrar sua autoridade. Esta é a natureza humana, mas não é cristianismo; e deve ser abominada e evitada por todos que conseguem um cargo, seja como presidente da AG, diretor de uma escola, ou chefe de departamento em uma escola. Todos devem evitar isso e dar a todo homem seus direitos e liberdade.

Como eu disse, encontrei coisas que foram difíceis de entender, mas o tempo me ajudou a entendê-las, e posso dizer honestamente nessa manhã que sigo neste movimento sem quaisquer dúvidas em minha mente. Quando eu assumo posições divergindo de outras pessoas, isso não é prova de que sou um cético. Eu posso duvidar de suas opiniões ou de sua interpretação, mas isso não me torna cético do espírito de profecia. Eu posso divergir de um homem quanto a sua interpretação da Bíblia, mas isso não me torna um cético quanto à Bíblia. Mas há homens que me colocam logo como cético em relação aos Testemunhos, pois eu assumo a posição de que os Testemunhos não são verbalmente inspirados, e de que eles foram trabalhados pelos secretários e gramaticalmente ajustados. Há alguns anos, um homem entrou na comissão de nomeação e quis que eu saísse da presidência por eu não acreditar que os Testemunhos são verbalmente inspirados. Isso porque eu divergia dele em teoria e interpretação; mas sou eu que digo se duvido dos Testemunhos, não? [Vozes: Sim, sim!] E o mesmo se aplica a vocês. Eu quero deixar a impressão de que não estou de forma alguma tentando colocar quaisquer dúvidas em suas mentes. E ó, eu me sentiria terrível se permitisse que esta denominação perdesse sua fé verdadeira, genuína e apropriada neste dom que Deus deu a esta igreja nessas mensagens que vieram a nós. Eu quero que isso fique claro até o fim. [Améns]

Agora, com referência às evidências: eu tenho divergências com alguns dos irmãos que reuniram provas ou evidências da autenticidade deste dom, neste sentido — eu creio que a prova mais forte se encontra nos frutos deste dom à igreja, não em demonstrações físicas e exteriores. Por exemplo, eu ouvi alguns ministros pregarem, e também vi escrito, que a irmã White carregava uma Bíblia pesada — creio que disseram que ela tinha dezoito quilos — em sua mão aberta, e olhando para os céus citava textos e virava as páginas e apontava para os textos, com seus olhos rumo aos céus. Eu não sei se isso alguma vez aconteceu ou não. Eu não tenho certeza. Eu não vi, e não sei de ninguém com quem eu já tenha conversado que viu isso. Mas, irmãos, eu não conto esse tipo de coisa como uma prova muito grande. Eu não acho que isso seja o melhor tipo de evidência. Se eu fosse um estranho na audiência, e ouvisse um pregador crescendo nessa história, eu teria minhas dúvidas. Isto é, eu gostaria de saber se ele viu isso acontecer. Ele teria que dizer, Não, ele nunca viu. Então eu perguntaria, “Você já viu o homem que viu isso?” E ele teria que responder, “Não, eu nunca vi.”

Bem, quanto dessa história é genuíno, e quanto foi inserido nela? — Eu não sei. Mas eu não acho que este é o tipo de prova que queremos usar. Faz muito tempo desde que eu usei esse tipo de coisa, —  o corpo sem respirar, e os olhos arregalados. Isso pode ter acompanhado o exercício deste dom nos primeiros dias, mas certamente não o fez nos últimos dias, e, contudo, eu acredito que este dom era igualmente genuíno e exercitado da mesma forma nos últimos anos que nos primeiros.

C. P. Bollman: O mesmo não se aplica à Bíblia? Você não pode avaliá-la e crer nela por causa de seus frutos, o que ela faz, e não por causa das coisas sobrenaturais relatadas nela?

A. G. Daniells: Sim. Por exemplo, eu não tomaria a história de Davi matando um leão e um urso, ou de Sansão matando um leão, e anunciá-la a estranhos ou incrédulos como prova de que a Bíblia foi inspirada, especialmente sobre Sansão. Aqui está como eu gostaria de ensinar os meninos e meninas: eu gostaria de começar com o início deste movimento. Naquela época, houve um dom dado a essa pessoa; e com esse dom ao indivíduo, ao mesmo tempo, veio este movimento da mensagem tripla. Eles vieram juntos no mesmo ano. Esse dom foi exercido constante e poderosamente no desenvolvimento deste movimento. Os dois estavam inseparavelmente conectados, e houve instruções em relação a este movimento em todas as suas fases através deste dom, claro ao longo de setenta anos.

Então, em minha própria mente, eu dou uma olhada nas fases. Vamos fazer isso com a Bíblia. Qual será a atitude das pessoas neste movimento em relação à Bíblia? Nós sabemos que ela deve ser nossa autoridade sem um credo e sem a alta crítica. Este é o Livro. A posição que mantemos hoje é a posição correta, cremos, — olhar de perto para este Livro, receber nossas instruções deste Livro, e pregar este Livro. Todo o plano de redenção, tudo que é necessário à salvação, está neste Livro, e não temos que ir a nenhum lugar fora do Livro para sermos salvos. Essa foi a atitude do espírito de profecia quanto a este livro desde o início, não foi? [Vozes: Sim.] E eu suponho que podemos dar crédito a esse dom por nossa atitude quanto ao Livro, tanto quanto a qualquer outra influência que qualquer um tenha exercido.

Agora tomem as doutrinas da Bíblia: em todas as outras reformas que vieram, os líderes foram incapazes de distinguir corretamente entre todo erro e verdade, — o dia de guarda, batismo, a natureza do homem, etc., — e então ensinaram erros abertamente a partir deste livro. Mas agora, quando chegamos a este movimento, encontramos o maravilhoso poder de discriminação por parte do espírito de profecia, e não sei de uma única verdade neste Livro que seja posta de lado pelo espírito de profecia, nem um único erro bíblico ou teológico que tenha vindo da Idade das Trevas para ser alimentado pelo espírito de profecia e imposto às pessoas, de modo que tenhamos que desacreditá-lo quando chegamos a este Livro. As doutrinas do batismo, da lei, do local e valor e dignidade do Espírito Santo na igreja, e todos os outros ensinamentos que temos, tiveram sua compreensão ampliada por este dom entre nós.

Tomem outra linha, — as atividades da igreja. Aqui está nossa atitude quanto a missões estrangeiras ou evangelismo mundial. Quem entre nós já exerceu maior influência que este dom em nome do evangelismo mundial?

Tomem a questão do apoio liberal e altruísta à obra. Quando você vai aos escritos, você o encontra cheio de exortações, e se os vivêssemos melhor nossos dons seriam maiores, e nosso progresso seria mais rápido.

Então tomem nossa atitude no serviço que devemos prestar ao nosso próximo, obra de auxílio cristão, — todas essas atividades onde um cristão deve ser uma verdadeira bênção, um indivíduo altruísta na comunidade para ajudar as pessoas em seus sofrimentos e infortúnios, sua pobreza e doença, de toda forma que precisem de ajuda. Nós descobrimos que os escritos do espírito de profecia abundam com exortações a uma vida altruísta entre nossos irmãos.

Tomem a questão da saúde e da obra médica missionária, e todas essas atividades, e tomem o serviço que deve ser feito em benefício dos jovens. Onde você encontra em qualquer movimento sobre o qual lemos melhores instruções aos jovens? Tomem a questão da educação: por que, irmãos, nenhum de nossos professores jamais esteve à frente do conselho, da instrução boa e plena, que encontramos no espírito de profecia?

São essas coisas para as quais aponto como as reais evidências convincentes da origem deste dom, e de sua autenticidade — não algumas demonstrações oculares que poucas pessoas viram. Eu não tenho objeção a pessoas falando destas; mas ao trabalhar de perto com estudantes, eu certamente tomaria tempo para anotar todos esse fatos reais e colocá-los diante dos estudantes, e mostrá-los que, desde o início deste movimento, houve uma conexão inseparável, íntima, poderosa e agressiva com este dom, que ampliou tudo de bom e descontou, eu acho, tudo de ruim. E se isso não for evidência da fonte deste dom entre nós, então eu não sei o que seria evidência.

W. E. Howell: Estou certo de que os professores teriam algumas sugestões quanto ao uso do espírito de profecia e seus escritos em seu trabalho.

A. G. Daniells: Bem, façam-me uma pergunta particularmente definida.

C. L. Taylor: Eu gostaria de pedir uma discussão sobre o valor exegético dos Testemunhos. É claro, penso que no geral entendemos que há muitos textos aos quais ela não faz referência. Há muitos textos que ela explica, e podem existir outras explicações que são igualmente verdadeiras, mas nas quais ela não toca. Minha questão na verdade é: Podemos aceitar as explicações que ela dá das Escrituras? Podemos depender delas?

A. G. Daniells: Eu sempre senti que sim. Pode ser que existam algumas dificuldades em questões muito críticas; mas eu tenho usado há anos os escritos para esclarecer ou elucidar o pensamento nos textos das Escrituras. Tomem “O Desejado de Todas as Nações” e “Patriarcas e Profetas”. Ao lê-los encontrei muitos casos de boa iluminação.

Isso responde sua pergunta? Você quer dizer se os estudantes devem recorrer aos escritos para sua interpretação da Bíblia, ou para conseguir luz adicional? Isto é, será que é necessário ter estes escritos para entender a Bíblia? Precisamos ir até suas explicações para conseguir nosso significado da Bíblia? É essa a pergunta ou isso está envolvido nela?

C. L. Taylor: Não diretamente, mas possivelmente indiretamente. Mas eu darei um exemplo mais concreto. Suponhamos que um estudante venha pedir ajuda com uma passagem bíblica específica, e queira saber o que ela significa. É apropriado ao professor explicar a passagem, com talvez outras passagens iluminando o texto, e talvez trazer o espírito de profecia também como luz adicional sobre o texto? Ou suponhamos que dois estudantes discordem quanto ao significado de um texto, e eles vão ao professor para descobrir o que ele significa: será que o professor deve explicar o texto e então usar os Testemunhos para apoiar sua posição? Ou ainda um terceiro caso: suponhamos que dois irmãos, ambos crentes nos Testemunhos, e sem dúvida crentes primariamente na Bíblia, têm uma diferença de opinião em um certo texto: é correto que em seu estudo desse texto eles tragam o espírito de profecia para ajudá-los em sua compreensão dele, ou seria melhor deixá-lo inteiramente fora de questão?

A. G. Daniells: Quanto ao primeiro ponto, eu penso isso, que devemos obter nossa interpretação primariamente deste Livro. Eu acho que o Livro explica a si mesmo, e acho que podemos entender o Livro, fundamentalmente, através do Livro, sem recorrer aos Testemunhos para servir de prova.

W. E. Howell: O espírito de profecia diz que a Bíblia é sua própria expositora.

A. G. Daniells: Sim, mas eu já ouvi ministros dizendo que o espírito de profecia é o intérprete da Bíblia. Eu ouvi isso ser pregado na Associação Geral há alguns anos, quando se disse que a única forma de entendermos a Bíblia era através dos escritos do espírito de profecia.

J. M. Anderson: E ele também disse “intérprete infalível”.

C. M. Sorenson: Essa expressão foi cancelada. Essa não é nossa posição.

A. G. Daniells: Não é nossa posição, e não está certo que o espírito de profecia seja o único intérprete seguro da Bíblia. Essa é uma falsa doutrina, uma visão falsa. Não vai se manter. Porque, meus amigos, o que teriam feito todas as pessoas, dos dias de João até o presente, se não houvesse forma de entender a Bíblia exceto pelos escritos do espírito de profecia?! É uma posição terrível de se assumir! Isso é falso, é um erro. É positivamente perigoso! O que fazem as pessoas na Romênia? Nós temos centenas de sabatistas lá que nunca viram um livro do espírito de profecia! O que fazem as pessoas na China? Será que eles não podem entender este Livro a menos que peguemos a interpretação através do espírito de profecia e a levemos a eles? Isso é paganismo!

L. L. Caviness: Você acha que os primeiros crentes tiveram sua compreensão a partir da Bíblia, ou ela veio através do espírito de profecia?

A. G. Daniells: Eles obtiveram seu conhecimento das Escrituras conforme percorreram as próprias Escrituras. Dói em mim ouvir a forma como algumas pessoas falam, que o espírito de profecia liderou e deu a todos a instrução, todas as doutrinas, aos pioneiros, e eles a aceitaram de imediato. Isso não está de acordo com os próprios escritos, os “Primeiros Escritos”. Já nos foi dito como fizeram; eles estudaram essas escrituras juntos e estudaram e oraram sobre elas até que se uniram sobre elas. A irmã White diz em suas obras que por muito tempo não pôde entender, que sua mente estava bloqueada para estas coisas, e que os irmãos foram trabalhando. Ela não trouxe a verdade do sábado a este movimento. Ela se opunha à verdade do sábado. Esta não parecia correta para ela quando o irmão Bates a apresentou. Mas ela teve ajuda do Senhor, e quando conhecimento claro lhe foi dado neste sentido, ela era uma criança fraca, e não podia entender teologia, mas teve um esboço claro dado a ela, e daquele dia até sua morte ela nunca vacilou um minuto. Mas o Senhor não deu por revelação nada que já não tivesse dado neste Livro. Ele deu este Livro, e deu aos homens cérebros e poder de raciocínio para estudar o Livro.

Em minhas aulas, eu não daria de jeito nenhum a ideia de que os estudantes não podem entender este Livro senão com os escritos da irmã White. Eu manteria para os estudantes, como faço para pregadores, e em reuniões ministeriais, a necessidade de obter nossa compreensão da Bíblia a partir da própria Bíblia, e usar o espírito de profecia para ampliar nossa visão. Eu digo a eles que não sejam preguiçosos para estudar o Livro, e não sair procurando primeiro por algo que foi escrito sobre uma questão, de modo que eles possam só engolir sem estudar. Eu acho que seria muito perigoso aos ministros cair nesse hábito. E há alguns, devo confessar, que vão sair caçando para encontrar uma declaração nos Testemunhos, e não gastar tempo nenhum em um estudo aprofundado do Livro. Eles não gostam, e se puderem procurar e encontrar algo já resolvido, vão se contentar em pegá-lo e seguir em frente sem estudar a Bíblia. O estudo sério da Bíblia é a segurança de um homem. Ele deve ir ao próprio livro e entendê-lo através de estudo cuidadoso, e então o que ele achar no espírito de profecia ou quaisquer outros escritos que o ajudarão e lançarão luz e esclarecerão sua visão, — assim tudo bem. Isso cobre a sua pergunta?

C. L. Taylor: Cobre até certo ponto; contudo, quando você toma o caso dos dois irmãos que aceitam a Bíblia e os Testemunhos, mas ainda têm uma diferença de interpretação sobre a qual querem ajuda, — é correto que eles usem os Testemunhos em seu estudo desse texto, assim como a Bíblia?

A. G. Daniells: Eu acho que é bom tomar tudo sobre ensino e pensamento que é colocado através dos Testemunhos sobre esse assunto. Se eu estou perplexo com um texto, e em meu estudo do espírito de profecia encontro algo que o torna claro, eu aceito. Acho que o irmão Prescott ilustra isso nesta questão de Mateus 24, na qual há algo claramente delineado no espírito de profecia.

W. W. Prescott: Por dois ou três anos eu passei muito tempo no estudo do 8º capítulo de Daniel, para obter o que eu pensava ser a interpretação apropriada desse capítulo. Certa vez eu cheguei ao ponto em que senti que precisava ter mais clareza, onde eu poderia usá-la, e fiz com que ela fosse o assunto especial da oração. Eu estava na Inglaterra, fazendo uma parada na casa de um irmão lá. Veio a mim como uma voz, “Leia o que está dito em ‘Patriarcas e Profetas’ sobre esse assunto.” Eu me virei na hora para uma estante de livros atrás de mim, e peguei “Patriarcas e Profetas” e comecei a lê-lo. Eu fui justamente para o capítulo que lidava com o assunto, e encontrei exatamente o que eu queria esclarecer naquele assunto. Isso me ajudou muito. Esta, irmão Daniells, é minha própria experiência pessoal com essa questão levantada pelo irmão Taylor.

Em conexão com o que o irmão Taylor perguntou, eu gostaria de sugerir isso: se um comentário do espírito de profecia sobre a Versão Autorizada estabelece essa versão como a versão correta, contra a Versão Revisada, na qual a leitura muda; e se aceitar a Versão Revisada descartaria o comentário feito no espírito de profecia. Eu tenho um caso específico em mente.

A. G. Daniells: Só para acrescentar à outra questão: eu tive uma experiência similar na última vez em que estive na Europa, quando estava muito preocupado em terminar esta obra. Eu sentia tanta ansiedade com isso, e disse, “Senhor, qual é a coisa mais vital e importante, necessária para terminar esta obra?” Eu estava em Friedensau, em meu quarto, orando com sinceridade sobre essa questão. E em meus joelhos peguei este pequeno livro, “Parábolas de Jesus”, e comecei a ler. Eu tinha ficado realmente cansado com as orações, e parei para ler um pouco, e a primeira coisa que encontrei foi esta: [Não verificado no livro] “_____ receba o Espírito de Cristo, você vai crescer e produzir frutos. Sua fé vai aumentar, suas convicções vão se aprofundar, seu amor será tornado perfeito. O fruto do Espírito é amor, gozo, paz, etc. Este fruto nunca perecerá. Quando o fruto é produzido, Ele imediatamente o coloca na foice, pois a colheita está madura. Esse é o final da obra. Cristo está aguardando com muito desejo por Sua manifestação em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo estiver perfeitamente reproduzido em Seu povo, então Ele virá para reivindicá-los como Seus. É o privilégio de todo cristão, não só aguardar, mas apressar a vinda do Senhor Jesus Cristo. Se todos que professam Seu nome dessem fruto para Sua glória, o quão rapidamente não seria o mundo todo semeado com a semente do evangelho! A última grande colheita amadureceria rapidamente, e Cristo viria para juntar o grão precioso.”

Eu só fiquei ali em meus joelhos e orei a Deus por aquele raio de luz que veio até mim. Precisei daquele texto em Marcos, “E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.” Ele mostra exatamente os passos a tomar. Eu senti daquele dia em diante que esta denominação devia estar de joelhos orando pela infusão do Espírito Santo, de modo que possamos terminar rapidamente a obra.

Então, irmão Taylor, eu sinto que a opinião esclarecida pelas anotações no espírito de profecia seria a opinião segura a assumir.

W. E. Howell: Eu tive uma pequena experiência sobre essa mesma questão que veio a mim durante esta Conferência, e impressionou minha mente. Eu sempre reivindiquei uma parte do quinto capítulo de Hebreus para o professor. Eu recorri a ele muitas vezes para obter ajuda do ponto de vista de um professor. Na semana passada, estávamos estudando aqui o chamado divino ao ensino, e recorri a este capítulo para pensar um pouco, e em conexão a ele eu li um comentário no espírito de profecia. Eu acho que o Espírito do Senhor me levou a ele. Assim diz ele para o professor: “Aquele que busca transformar a humanidade deve entender ele mesmo a humanidade.” Eu pensei que isso é bom para o professor. “Somente através de simpatia, fé e amor podem os homens ser alcançados e elevados. Aqui Cristo se revela como o Mestre-Professor. De todos que já viveram na terra, somente Ele tem uma compreensão perfeita da alma humana.” Então vem essa passagem sobre Hebreus 5: “Nós não temos um sumo sacerdote — Mestre-Professor, pois os sacerdotes eram professores — que não possa ser tocado com os sentimentos de nossas enfermidades, alguém que não tenha sido tentado em tudo como somos.” Isso trouxe um brilho de luz do quinto capítulo de Hebreus que eu nunca tinha recebido antes. Então eu peguei essa ideia do sumo sacerdote ser um mestre-professor, e encontrei o melhor esboço das qualificações de um professor que eu poderia encontrar em qualquer lugar na Bíblia; e agora eu reivindico todo o quinto capítulo para o professor.

F. M. Wilcox: Eu tenho um parágrafo aqui que eu gostaria de ler. Ele está tão completamente em harmonia com o que o irmão Daniells expressou que eu pensei em lê-lo. Tiago White, na Review de 1851, escreveu isso, e foi republicado novamente quatro anos depois, expressando o que ele considerava a opinião denominacional com respeito aos Testemunhos na época:

DONS DA IGREJA DO EVANGELHO

Os dons do Espírito devem todos ter seus lugares apropriados. A Bíblia é uma rocha eterna. Ela é nossa regra de fé e prática. Nela o homem de Deus é ‘completamente aperfeiçoado para toda boa obra.’ Se todo membro da igreja de Cristo fosse santo, sem ofensa, e separado dos pecadores, e buscasse as Sagradas Escrituras diligentemente e com muita oração pelo seu dever, com o auxílio do Espírito Santo, pensamos, eles seriam capazes de aprender todo o seu dever em ‘toda boa obra’. Assim ‘o homem de Deus pode ser perfeito’. Mas, como o inverso existe, e sempre existiu, Deus, em muita misericórdia, se apiedou da fraqueza de seu povo, e estabeleceu os dons na igreja do evangelho para corrigir nossos erros, e nos guiar a sua Palavra viva. Paulo diz que eles são para o ‘aperfeiçoamento dos santos’, ‘até que todos estejamos na unidade da fé’. A extrema necessidade da igreja em seu estado imperfeito é a oportunidade de Deus de manifestar o Espírito.
Todo cristão, portanto, tem a obrigação de tomar a Bíblia como régua perfeita de fé e dever. Ele deve orar fervorosamente para ser auxiliado pelo Espírito Santo na busca pela verdade plena e por seu dever pleno nas Escrituras. Ele não tem a liberdade de se desviar delas para descobrir seu dever através de qualquer um dos dons. Nós dizemos que, no mesmo momento em que faz isso, ele coloca seus dons em uma posição errada, e toma uma posição extremamente perigosa. A Palavra deve estar à frente, e o olho da igreja deve estar colocado sobre ela, como a regra pela qual andar, e a fonte de sabedoria da qual aprender seus deveres em “toda boa obra”. Mas se uma porção da igreja se desviar das verdades da Bíblia, e se tornar fraca, e doente, e o rebanho se espalhar, de modo que pareça necessário a Deus empregar os dons do Espírito para corrigir, reviver e curar os errantes, devemos deixá-lo trabalhar. Sim, mais, devemos orar para que ele trabalhe, e pedir com sinceridade que ele trabalhe pelo poder do Espírito, e traga as ovelhas dispersas ao seu rebanho. Glória ao Senhor, ele vai trabalhar. Amém. — Review and Herald de 21 de abril de 1851.
Nós escrevemos o artigo acima sobre os dons da igreja do evangelho há quatro anos. Ele foi publicado no primeiro volume da Review. Um objetivo de sua republicação é que nossos leitores possam ver por si mesmos qual tem sido nossa posição sobre este assunto, de modo que possam estar melhor preparados para dispensar as declarações dos que buscam nos injuriar.
A posição de que a Bíblia, e somente a Bíblia, é a regra de fé e prática, não fecha para fora os dons que Deus estabeleceu na igreja. Rejeitá-los é fechar para fora a parte da Bíblia que os apresenta. Dizemos, tenhamos uma Bíblia inteira, e que ela, somente ela, seja nossa regra de fé e prática. Coloquem os dons onde eles pertencem, e tudo é harmonia. — Review and Herald de 3 de outubro de 1854.

W. W. Prescott: Como devemos usar os escritos do espírito de profecia como autoridade pela qual estabelecer questões históricas?

A. G. Daniells: Bem, até onde me lembro, a irmã White nunca alegou ser uma autoridade em história, e nunca alegou ser uma professora dogmática em teologia. Ela nunca esboçou um curso de teologia, como o livro da Sra. Eddy sobre ensino. Ela só dava declarações fragmentárias, mas deixava os pastores, evangelistas e pregadores organizarem estes problemas de escrituras, teologia e história. Ela nunca alegou ser uma autoridade em história; e, em minha compreensão, onde a história relacionada com a interpretação da profecia era clara e expressiva, ela inseria em seus escritos; mas eu sempre entendi que, no que dependia dela, ela estava pronta para corrigir na revisão as sentenças que ela pensava ter que corrigir. Eu nunca fui aos seus escritos e tomei a história que encontrei em seus escritos como a sentença positiva da história em relação ao cumprimento da profecia. Eu não sei como outros podem enxergar isso, mas eu sinto que devo lidar com a história da mesma forma que sou exortado a lidar com a Bíblia — prová-la toda com cuidado e minúcia, e então deixar que ela vá e faça tais revisões de tempos em tempos, conforme for melhor. 

Só mais um pensamento: Agora vocês sabem a respeito daquele livrinho, Sketches From the Life of Paul. Vocês sabem das dificuldades que tivemos por causa dele. Nós nunca poderíamos reivindicar inspiração em todo o pensamento e a composição do livro, pois ele foi descartado devido a sua má organização. Créditos não foram conferidos às autoridades apropriadas, e um pouco disso se infiltrou em O Grande Conflito, — a falta de créditos; e na revisão deste livro, essas coisas foram cuidadosamente revisadas e corrigidas. Pessoalmente, isso nunca abalou minha fé, mas há pessoas que foram muito feridas por isso, e eu acho que é porque elas reivindicavam coisas demais para esses escritos. Assim como disse o irmão White, há perigo em se afastar do Livro e reivindicar demais. Deixe-o ter seu peso pleno, da forma que Deus fixou, e então penso que permaneceremos sem ser abalados quando aparecem algumas destas coisas que não podemos harmonizar com nossa teoria.

W. W. Prescott: Há outra experiência que vocês conhecem que se aplica ao que o irmão Taylor trouxe. Alguns dos irmãos aqui lembram muito bem de uma controvérsia séria sobre a interpretação do 8º capítulo de Daniel, e havia alguns irmãos que se colocaram contra o que era chamado de nova opinião, e eles pegaram os escritos dela para sustentar sua posição. Ela escreveu a esses irmãos e os instruiu a não usar seus escritos para resolver a controvérsia. Eu acho que isso deve ser lembrado como seu próprio conselho quando os irmãos que afirmavam crer na Bíblia e no espírito de profecia estavam divididos sobre uma interpretação, e foi uma questão de controvérsia pública.

J. N. Anderson: Até onde vocês levariam essas palavras da irmã White como uma declaração geral sobre seus escritos?

A. G. Daniells: Eu acho que foi especialmente para aquele caso, mas penso que devemos usar o mesmo julgamento para usar seus escritos em outros casos.

C. A. Shull: Como exatamente vamos usar os Testemunhos na sala de aula? Qual deve ser nossa atitude quanto a eles na linha de história especialmente? Antes que eu soubesse de qualquer declaração no espírito de profecia a respeito da experiência de João, eu afirmava à classe que havia uma tradição de que João foi jogado em um caldeirão de óleo fervente, e um estudante imediatamente trouxe a declaração nos Testemunhos de que João foi jogado no óleo fervente. Agora, eu quero saber, ela recebeu uma revelação divina de que João foi jogado em um tonel de óleo fervente?

Agora outra questão, sobre a tomada da Babilônia. A Sra. White, no espírito de profecia, menciona que a Babilônia foi tomada de acordo com o historiador, pelo desvio do curso da água. A academia moderna diz que não foi assim que aconteceu. Qual deve ser nossa atitude em relação a tais coisas?

Sra. Williams: Nós temos essa pergunta todo ano.

E. F. Albertsworth: Eu fui confrontado em minhas aulas por estudantes que vem com os Testemunhos e se empenham em resolver uma questão citando onde ela diz, “Foi-me mostrado”. Eles diziam que de todas as coisas isso deveria resolver a questão. Eu gostaria de saber que atitude devemos tomar em uma questão desse tipo.

C. P. Bollman: Essa última questão não exige um exemplo concreto?

A. G. Daniells: Sim, eu creio que sim.

E. F. Albertsworth: Eu não me lembro do exemplo; mas alguns dos estudantes diziam que isso significa que ela teve uma revelação direta, e outros diziam que isso significa que outras pessoas lhe mostraram.

A. G. Daniells: Eu não acho que é o que ela quer dizer quando fala isso. Quando foi mostrado a ela, foi pelo anjo ou pela revelação que foi feita a ela. Eu me sinto certo de que ela queria dizer isso.

E. F. Albertsworth: Eu encontrei alunos que tinham dúvidas a respeito disso.

W. G. Wirth: Suponhamos que temos um conflito entre as versões autorizada e revisada?

A. G. Daniells: Essa questão foi feita antes. Vocês não podem contar comigo como autoridade, pois sou como vocês nessa questão. Eu tenho que formar minhas próprias opiniões. Eu não acho que a irmã White jamais buscou a estabelecer a certeza de uma tradução. Eu não acho que ela tinha isso em mente, ou tinha qualquer coisa a ver com colocar seu selo de aprovação na versão autorizada ou na versão revisada quando ela fazia uma citação. Ela usa qualquer versão que ajude a trazer mais claramente o pensamento que ela teve.

Com referência a esta questão histórica, eu não posso dizer nada mais do que já disse, que, em minha compreensão, a irmã White nunca buscou resolver questões históricas. Eu visitei ela uma vez para falar desta questão do “sacrifício diário”, e levei comigo aquele velho cartaz, — o mais antigo a que temos acesso, —

C. P. Bollman: O mesmo cartaz que o Sr. Haskell vende?

A. G. Daniells: Sim, foi esse mesmo cartaz. Eu o levei e coloquei no colo dela, e levei “Primeiros Escritos” e o li para ela, então lhe contei da controvérsia. Passei bastante tempo com ela. Foi um daqueles dias em que ela estava se sentindo alegre e descansada, então eu lhe expliquei com bastante detalhe. Eu disse, “Aqui você diz que te foi mostrado que a visão do ‘sacrifício diário’ sustentada pelos irmãos estava correta. Agora,” eu disse, “há duas partes aqui neste ‘sacrifício diário’ que você cita. Uma é este período de tempo, os 2300 anos, e a outra é o que era o próprio ‘sacrifício diário’.”

Eu fazia esse percurso com ela, e toda vez ela dizia, “Bem, eu sei o que me foi mostrado, que aquele período de 2300 dias estava fixado, e que não haveria tempo definido depois dele. Os irmãos estavam certos quando chegaram àquela data de 1844.”

Então eu deixava esse assunto, e prosseguia para este “sacrifício diário”. “Olha,” ela disse, “irmão Daniells, eu não sei o que é este ‘sacrifício diário’, se é paganismo ou o ministério de Cristo. Essa não foi a coisa que me foi mostrada.” E ela passava imediatamente para essa zona cinzenta. Então, quando eu voltava para os 2300 anos, ela se endireitava e dizia, “Essa é a coisa da qual nunca podemos nos afastar. Eu te digo, você nunca pode se afastar desse período de 2300 anos. Foi-me mostrado que ele estava fixado.”

E eu creio que estava, irmãos. É mais fácil vocês me tirarem do mundo do que me tirarem dessa posição, — não porque ela diz, mas porque creio que foi claramente mostrado a ela pelo Senhor. Mas nesse outro caso, quando ela diz que não lhe foi mostrado o que era o “sacrifício diário”, eu creio nisso, e tomo 100% dos “Primeiros Escritos” sobre essa questão do “sacrifício diário”, fixando esse período. É sobre isso que ela fala, e eu tomo a Bíblia também, e vou à Bíblia para saber o que é o “sacrifício diário”.

Então, quando o assunto é essas questões históricas sobre a tomada da Babilônia, eu penso assim, irmãos, não devemos deixar toda pequena afirmação que encontramos na história nos afastar do espírito de profecia. Vocês sabem que os historiadores contradizem uns aos outros, não sabem? É claro que seu trabalho é voltar, voltar, voltar à fonte, à coisa original; e quando vocês voltam, e o têm perfeitamente claro, eu não acho que a irmã White, se estivesse aqui para falar hoje com vocês, os autorizaria a pegar um fato histórico, supostamente um fato, que ela tinha incorporado no livro, e colocá-lo contra uma coisa real da história. Nós falamos com ela sobre isso quando O Grande Conflito estava sendo revisado, e tenho cartas em meu arquivo no cofre de quando fomos avisados a não usar a irmã White como historiadora. Ela nunca alegou ser uma. Nós fomos avisados a não colocar declarações encontradas em seus escritos contra os vários fatos históricos que existem. Essa é minha posição. Eu não tenho que discuti-la com estudantes, e não tenho que me explicar em uma congregação. Suponho que para mim é mais fácil que para vocês.

W. W. Prescott: Nessa mesma questão que você menciona quanto à captura da Babilônia, uma das edições mais recentes da Bíblia [?] toma a posição de Heródoto contra o ______, e ele diz: “Por que devemos descartar os escritos em pergaminho a favor dos escritos em argila?”

A. G. Daniells: É isso que quero dizer, — que não devemos permitir que toda afirmação histórica que encontramos nos confunda. Se há duas autoridades de igual valor nessa questão, usem a autoridade que está em harmonia com o que temos.

C. A. Shull: Nós, professores, temos uma grande responsabilidade de tomar a atitude correta. Se dizemos que certa coisa nos Testemunhos não está correta, os alunos provavelmente vão sair com a impressão de que não temos fé nos Testemunhos.

A. G. Daniells: Há duas formas de prejudicar os alunos nessa questão. Uma forma é descartar os testemunhos e lançar um pouco de questões e dúvidas sobre eles. Eu nunca faria isso, irmãos, na sala de aula. Não importa o quanto eu estivesse perplexo, eu nunca lançaria dúvidas sobre a mente de um aluno. Eu levaria horas para explicar o assunto e situar o aluno nele. Lançar dúvidas e reflexões é uma forma de prejudicar um aluno. Outra forma é tomar uma posição extrema e injustificada. Você pode fazer isso e passá-la adiante; mas quando aquele aluno sair e entrar em contato com as coisas, ele pode ficar abalado, e talvez abalado para longe. Eu acho que devemos ser transparentes e honestos, e nunca levar adiante uma alegação que não é bem alicerçada simplesmente para parecer que cremos. Vocês terão que ter cuidado ao dar essa instrução, pois muitos dos estudantes ouviram de seus pais coisas que estão erradas, e ouvem de seus pregadores coisas que estão erradas, e então seu alicerce é falso.

Eu devo mencionar novamente a atitude de A. T. Jones. Em seu auge, vocês sabem que ele engolia a coisa toda, e enforcaria um homem por uma palavra. Eu já o vi pegar uma única palavra nos Testemunhos e se apegar a ela, e isso resolvia tudo, — uma única palavra. Eu estava com ele quando ele fez uma descoberta, — ou, se não fez, pareceu ter feito, — a de que havia palavras nos Testemunhos e escritos da irmã White que Deus não lhe ordenou que colocasse lá, que havia palavras que ela não colocou por inspiração divina, o Senhor escolhendo as palavras, mas que alguém tinha ajudado a arrumar o texto. E então ele pegou dois testemunhos e os comparou, e teve grandes problemas. Ele seguiu com o Dr. Kellogg, onde ele poderia simplesmente retalhar tudo.

F. M. Wilcox: Naquela época, nos anos 1860 e 1870, uma assembleia da Associação Geral passou esta resolução, — eles disseram, reconhecemos que os Testemunhos foram preparados sob grande pressão e estresse das circunstâncias, e que a escolha de palavras não é sempre a melhor, e recomendamos sua republicação com tais mudanças de modo a trazê-los a um padrão.

A. G. Daniells: Eu gostaria de ter essa resolução. Agora, irmãos, eu quero perguntar honestamente a vocês se há alguém aqui que teve dúvidas criadas em sua mente a partir de minha atitude e das posições que eu tomei? [Vozes: Não! Não!] Ou há alguém aqui que acha que estou meio bambo com os Testemunhos? — Eu não vou dizer que […] pensa que minha posição não está certa, pois vocês podem não concordar comigo, mas, a partir do que eu disse, há uma tendência a fazer vocês acreditarem que eu estou balançando, e que em algum momento vou afastar vocês dos Testemunhos? [Muitos nãos decididos foram ouvidos.]

C. L. Taylor: Na sua fala há algumas noites eu concordei 100% com tudo o que você disse. Hoje há somente uma questão em minha mente.

A. G. Daniells: Pode falar.

C. L. Taylor: Isso é em relação às manifestações exteriores, as coisas de uma natureza talvez miraculosa. Eu não sei se você busca deixar a impressão de que você as desacredita ou que você simplesmente não as ensinaria. Se a questão é que você não as usaria como prova de que a obra é inspirada, eu concordo de todo o coração. Por outro lado, se você toma a posição de que não se deve depender dessas coisas, que o irmão Loughborough e outros estão errados sobre estas coisas, eu teria que discordar de você.

A. G. Daniells: Não, eu não as desconto ou desacredito; mas elas não são o tipo de evidência que eu usaria com estudantes ou não crentes.

C. L. Taylor: Eu concordo com isso.

A. G. Daniells: Eu não as questiono, mas não acho que elas são o melhor tipo de evidência para produzir. Por exemplo, eu não acho que o melhor tipo de prova para que eu dê uma palestra sobre a questão do sábado, da natureza do homem ou do batismo seja ir e ler os escritos da irmã White para a audiência. Eu acho que a melhor prova que posso dar é a Bíblia. Talvez vocês se lembrem que coube a mim pregar no funeral da irmã White; e se vocês se lembram, eu aproveitei a ocasião para dar evidências de seu chamado do alto. Eu não dei uma lista longa de frutos e evidências miraculosas. Eu sabia que o assunto seria publicado ao mundo em centenas de jornais, e queria dar a eles algo que seria uma autoridade mais elevada, e foi isso o que eu dei:

Primeiro, que ela se manteve com a palavra de Deus, do Gênesis ao Apocalipse, em todos os seus ensinamentos.

Então, ela se manteve com a humanidade em seus mais elevados empreendimentos para ajudar a humanidade, — elaborando nessas questões.

É isso que eu quero dizer, irmão Taylor; mas eu não descarto essas outras coisas.

O que eu quero saber é isso, irmãos: minha posição parece ser de tal caráter que vocês seriam levados a pensar que estou sacudido? [Vozes: Não!] Se vocês pensarem assim, só falem logo! Eu não quero fazer isso, mas preciso ser honesto, — eu não posso me camuflar em uma coisa como essa. Eu me mantive inabalável por quarenta anos, e acho que é uma posição segura; mas se eu fosse levado a tomar a posição de alguns quanto aos Testemunhos, eu seria abalado. [Voz: É verdade!] Eu não saberia onde me posicionar, pois não posso dizer que branco é preto e que preto é branco.

H. C. Lacey: Para nós não há dúvidas de que você crê nos Testemunhos, mas há algum problema se eu acrescentar outra nota pessoal?

A. G. Daniells: Não.

H. C. Lacey: É o seguinte: aqueles que não te ouviram, como fizemos aqui, e estão do outro lado da questão, — alguns estão dizendo deliberadamente que nem você, nem o professor Prescott acreditam nos Testemunhos. Por exemplo, eu fui a Mt. Vernon e encontrei a classe de formandos lá, e, quando os exercícios terminaram, eu tive uma conversa privada com três ou quatro dos jovens, e eles me disseram que certamente entendiam que nossos homens da Associação Geral aqui em baixo — não se referiam a mim ou ao irmão Sorenson — não acreditavam nos Testemunhos.

W. W. Prescott: Você não está nos contando nenhuma novidade.

H. C. Lacey: Nós, como professores, estamos em uma posição terrivelmente difícil. Nós chegamos quase à rocha-mãe nas questões que foram perguntadas aqui; mas os estudantes já chegam até a rocha-mãe em algumas destas coisas, e precisamos ir um pouco mais fundo aqui. Há pessoas aqui nestas reuniões que não ousam fazer certas perguntas que vieram a suas mentes ou em conversas privadas. Mas vocês sabem que o professor está em uma posição muito difícil.

Sobre a questão da captura da Babilônia, eu me senti livre para dizer que pensei que a evidência era que Ciro não a capturou dessa forma, mas mantivemos a questão em suspensão para simplesmente estudá-la. Suponhamos agora que surjam novos tabletes, e outras evidências viessem para provar indisputavelmente que Ciro não capturou Babilônia dessa forma, seria correto dizer que se houver uma revisão daquele livro, — Patriarcas e Profetas, que endossa, em uma sentença casual, essa opinião antiga, — a revisão seria harmonizada com fatos recentemente descobertos?

A. G. Daniells: Eu acho que essa é a posição que a irmã White ocupa. Eu acho que isso foi o que ela fez. Eu nunca achei que ela pôs infalibilidade nas citações históricas.

H. C. Lacey: Mas há alguns que de fato acham isso.

W. W. Prescott: É interessante saber que até alguém da alta crítica como George Adams Smith concorda com Heródoto [?] nisso.

O irmão Daniells estava falando sobre esta questão de evidências físicas externas. Uma dessas evidências foi a de que os olhos estavam abertos, como vocês se lembram, e a passagem no 24º capítulo de Números sempre é mencionada, mostrando que há harmonia entre ambos. Mas você lê a Versão Revisada, e você descobre que lá diz, “E ele ergueu sua parábola, e disse, Balaão o filho de Beor diz, e o homem cujo olho foi fechado diz:” Neste texto a versão coloca da forma oposta. Então eu não gostaria de usar isso como um argumento, que os olhos do profeta estavam abertos.

A. G. Daniells: É isso que quero dizer quando me refiro a questões secundárias.

H. C. Lacey: Em nossa estima do espírito de profecia, seu valor para nós não está mais na luz espiritual que ele lança em nossos próprios corações e vidas que na acurácia intelectual em questões históricas e teológicas? Não devemos tomar esses escritos como a voz do Espírito em nossos corações, ao invés de como a voz do professor em nossas cabeças? E a prova final do espírito de profecia não é seu valor espiritual ao invés de sua acurácia histórica?

A. G. Daniells: Sim, é como eu penso.

J. N. Anderson: Você começaria a explicar como fez esta manhã? Você explicaria que você não acha que os Testemunhos devem ser tomados como autoridade final na questão dos dados históricos, etc., de modo a justificar uma posição?

A. G. Daniells: Quem dá as aulas na escola sobre o espírito de profecia? É o professor de Bíblia? Como vocês recebem essa questão com os alunos?

C. L. Taylor: Professores de Bíblia e de história sempre a ouvem.

W. H. Wakeham: Ela surge em toda aula de Bíblia.

H. C. Lacey: Não seria algo esplêndido se um pequeno panfleto fosse escrito, estabelecendo em um estilo simples, claro e direto os fatos como os temos hoje, — fatos simples, sagrados, — de modo que possamos colocá-los nas mãos dos estudantes curiosos?

Voz: Nossos inimigos o publicariam em todo lugar.

C. L. Benson: Penso que seria algo esplêndido se nossos irmãos fossem um pouco conservadores nestas coisas. Tivemos um homem que foi à nossa União e gastou uma hora e meia com evidências do espírito de profecia através da irmã White. A impressão transmitida foi de que praticamente toda palavra que ela falou, e toda carta que ela escreveu, seja pessoal ou não, foi uma inspiração divina. Essas coisas dificultam muito a vida dos nossos professores e ministros.

W. G. Wirth: Eu quero reforçar o que o Professor Lacey trouxe. Eu gostaria que vocês da AG lançassem algo para nós, porque nós somos os que sofremos com isso.

W. W. Prescott: Até onde sei, um apelo bem sério foi feito para que o escritório dela publicasse tal declaração, e eles se recusaram.

C. P. Bollman: Mas o pedido não foi feito a ela.

W. W. Prescott: Não, mas ele foi feito aos que estavam lidando com seus manuscritos.

A. G. Daniells: Algumas dessas declarações, como a que o irmão Wilcox leu aqui esta manhã, foram publicadas várias vezes, e o irmão White sempre tomou uma posição boa e sensível.

W. W. Prescott: O irmão Wilcox tinha uma carta da própria irmã White, e ele a leu.

A. G. Daniells: Quando estas coisas estavam em uma controvérsia bem aguda, W. C. White, por sua mãe, enviou coisas que tínhamos em nossos cofres lá que modificaram muito tudo isso, e ajudaram a alisar estas rugas e conseguir uma base razoável sobre a qual se manter. Eu não sei, mas talvez a Comissão da AG possa designar uma comissão para fazer isso, e ter homens confiáveis e responsáveis, os quais as pessoas não questionem, se encarregar disso e trazer estes fatos. De fato me parece que em nossas escolas deve haver consenso entre os professores. Os professores de história e de Bíblia, e outros que têm a ver com estas coisas, devem se reunir e deixar suas histórias e seu ensino mais parecidos, se possível. A verdade deve ser dada a esses estudantes, e quando você dá a verdade a eles, você os deixa embasados e estabelecidos sem problemas. Mas quando estas visões errôneas são dadas a eles, eles ficam com ideias falsas, e então surge perigo quando um homem honesto toma o lado da verdade e declara sua posição.

W. E. Howell: Parece para mim que a questão é de muita importância. Eu mesmo estou de certa forma perplexo nessa questão. Nós falamos sobre as coisas muito livremente e francamente, aqui e nas outras reuniões, e eu acho que os professores aqui estão todos satisfeitos quanto ao lugar que deve ser dado ao espírito de profecia em sua relação com seu trabalho. Mas estes professores, quando voltarem aos seus locais de trabalho, terão todo tipo de pergunta feito a eles, e eu tenho me perguntado o quão longe um professor deve ir com uma sala de jovens ou com um grupo indiscriminado para lidar e tentar trazer as coisas que ouviu aqui, e recebeu, e acreditou por conta própria. Eu acho que é aí que estará a dificuldade. Nós só temos aqui dois professores de todo um corpo docente. Algum outro membro do corpo docente pode não ter estas coisas esclarecidas. Podem haver professores se empenhando em ensinar ciência a partir do espírito de profecia; ou outro professor, que não teve o benefício desta discussão, pode ter outro ponto de vista. E isso realmente coloca estes professores em uma situação muito difícil. Se há algo que possa ser feito na forma de colocar algo nas mãos dos professores, de modo que eles possam receber a representação real sobre o assunto, eu acho que seria uma grande ajuda.

W. W. Prescott: Vocês podem explicar como é que dois irmãos podem discordar quanto à inspiração da Bíblia, um sustentando inspiração verbal e outro se opondo a ela, e mesmo assim nenhum distúrbio foi criado na denominação? Essa situação é a que está aqui diante de nós. Mas se dois irmãos tomam a mesma atitude quanto ao espírito de profecia, um sustentando inspiração verbal e outro a desacreditando, aquele que não sustenta a inspiração verbal é desacreditado.

F. M. Wilcox: Você acredita que um homem que não crê na inspiração verbal da Bíblia crê na Bíblia?

W. W. Prescott: Eu não tenho nenhum problema com isso. Eu mesmo tenho uma opinião diferente. Se alguém não acredita na inspiração verbal da Bíblia, ele ainda está numa boa posição; mas se ele diz que não acredita na inspiração verbal dos Testemunhos, ele é descartado na mesma hora. Creio que esta é uma situação nada saudável. Ela coloca o espírito de profecia acima da Bíblia.

W. G. Wirth: Realmente, esse é meu maior problema. Eu certamente serei desacreditado se voltar e dar esta perspectiva. Eu gostaria de ver alguma declaração publicada distribuída pelos que lideram esta obra, de modo que, se isso surgir, haja alguma autoridade apoiando esta posição, pois eu estou com muitos problemas por causa desse assunto. Eu gostaria de ver algo sendo feito, pois esse ensino está continuando, e nossos alunos estão sendo enviados com a ideia de que os Testemunhos são verbalmente inspirados, e ai do homem que não se alinhar a isso no lugar em que estou.

Agora, quanto à reforma da saúde: frequentemente um aluno vem a mim e cita o que a irmã White diz sobre manteiga. Mas nós servimos manteiga em nossas mesas. E eles fazem o mesmo com carne, que sob nenhuma circunstância deve ser comida. E eu sei que isso não é razoável, e que há vezes em que é necessário comer carne. O que vamos fazer a respeito disso? Eu gostaria de um pouco de luz em alguns desses detalhes, quanto ao que devemos tomar como literal.

A. G. Daniells: Eu estou disposto a responder parte disso, porque já ouvi a mesma coisa milhares de vezes. Tomem esta questão da reforma de saúde. Já é bem conhecido, a partir dos próprios escritos e de contato pessoal com a irmã White, e do bom senso, depois de viajar e conhecer diferentes partes do mundo, que a instrução estabelecida nos Testemunhos nunca teve a intenção de ser uma regulamentação em massa para o que as pessoas comem e bebem, e ela se aplica a vários indivíduos de acordo com sua condição física e de acordo com a situação na qual eles se encontram. Eu sempre expliquei dessa forma aos nossos ministros nas reuniões de ministros. Nós tivemos uma na Escandinávia, e tivemos um homem lá da “terra do sol da meia-noite”, em Hammerfest, onde você nunca vai plantar uma banana, uma maçã ou um pêssego, e dificilmente qualquer coisa verde. Lá é neve e frio quase o tempo todo, e as pessoas vivem em grande medida de peixe e vários alimentos animais que eles obtêm lá. Nós tínhamos enviado um enfermeiro de Christiania para lá como missionário. Ele tinha a ideia de dieta estrita de acordo com os Testemunhos, e não tocava em peixe ou em um pouco de rena, nem qualquer outro tipo de produto animal, e ele estava ficando fraco; pois missionários que são enviados não têm muito dinheiro, e não podem importar frutas frescas; e foi nos dias em que nem mesmo alimentos enlatados eram muito transportados. O irmão quase morreu de fome. Ele desceu para participar da reunião, e estava quase tão branco quanto seu vestido [falando da irmã Williams]. Ele mal tinha sangue em seu corpo. Eu falei com ele, e disse, “Irmão Olson, o que há de errado com você? Nós teremos que te tirar de lá se você não melhorar. Você não tem corpúsculos vermelhos no seu sangue.” Eu falei com ele por um tempo, e finalmente perguntei, “Do que você vive?”

“Bem,” ele disse, “eu vivo em boa parte do vento norte.”

Eu disse, “Dá pra ver muito bem.”

Nós continuamos conversando, e descobri que o homem não estava comendo muito além de batatas e alimentos com amido, — uma dieta muito limitada. Eu o repreendi com todo o terror que eu podia inspirar por tamanha tolice.

Voz: Você deixou uma impressão?

A. G. Daniells: Sim. E outros irmãos se juntaram a mim. Nós dissemos ao homem que ele seria enterrado se tentasse viver daquela forma. Falamos com ele de modo direto.

Quando voltei a este país, eu falei com a irmã White sobre isso, e ela disse, “Por que as pessoas não usam o bom senso? Por que elas não sabem que somos regidos pelos locais em que estamos?” Vocês vão encontrar em um pequeno testemunho um alerta emitido, modificando as declarações extremas que foram feitas.

F. M. Wilcox: A irmã White diz, em uma cópia do Instructor, que há algumas salas de aula em que ela não diria para não comer carne.

A. G. Daniells: Há pessoas e ministros muito dedicados, que têm muito medo de comer algo que não devem. Sobre essa mesma questão, Paulo diz que o reino de Deus não é carne ou bebida, mas retidão e paz; trabalhar e tentar chegar ao reino com base em comer ou não comer é tentar chegar lá pelas obras, como qualquer outra coisa neste mundo. Vocês nunca podem colocar o vegetarianismo como o caminho ao céu. Eu estive na Índia, onde eles são extremamente estritos quanto a sua alimentação, mas eles não obtêm retidão dessa forma.

C. L. Taylor: Isso se aplica a todas as obras, não?

A. G. Daniells: Certamente. Vocês pegam homens que nunca permitiram que um pedaço de alimento de origem animal passasse por seus lábios, e alguns deles são os homens mais brutais e tirânicos; e quando tentamos alcançá-los com o evangelho, temos que dizer a eles que esse não é o caminho para Deus, que eles têm que vir e crer no Senhor Jesus Cristo e ter Sua justiça imputada a eles para confissão, perdão, e tudo o mais. Nós temos pessoas entre nós que estão igualmente em perigo de tentar estabelecer esta justiça pelas obras na questão da dieta, assim como o mundo viu ser feito com outras coisas. Vocês sabem, a partir do que a irmã White disse quanto à questão da justiça, que não era seu propósito colocar comida e bebida como o caminho ao céu. Isso tem seu lugar. É importante, e eu não gostaria de ver esta denominação oscilar para a posição de outras denominações; mas eu não gosto de ouvir a respeito de ensinamentos que fariam este povo recair na justiça pela comida e pela bebida, pois Paulo disse que esse não é o caminho. Eu acho que não houve cautela para dizer algumas destas coisas, e eu disse isso à irmã White.

Sra. Williams: Você quer dizer publicá-las?

A. G. Daniells: Sim, quando elas foram escritas. Eu disse à irmã White que me parece que, caso as condições nas regiões árticas e no coração da China e em outros lugares tivesse sido levado em consideração, algumas dessas coisas teriam sido modificadas. “Ora,” ela disse, “sim, se as pessoas não vão usar seu juízo, então é claro que teremos que consertar isso para elas.” Pareceu tão sensato para mim. A irmã White nunca foi uma fanática, nunca foi uma extremista. Ela foi uma mulher equilibrada. Eu descobri isso durante um período de 40 anos associado a ela. Quando estávamos no Texas, e o velho irmão White estava se deteriorando, essa mulher conseguia a mais bela carne de veado para comermos todos os dias, e minha esposa a cozinhava; e ele se sentava, comia um pouco e dizia, “Ó, Ellen, está no ponto!” Ela não o prendeu fazendo-o viver de uma dieta de amido! Eu sempre a achei equilibrada. Há algumas pessoas que são extremistas, que são fanáticas; mas eu não acho que devemos permitir que essas pessoas montem sua plataforma e guiem esta denominação. Eu mesmo não me proponho a fazer isso. E, contudo, eu creio que devemos usar toda a cautela e todo o cuidado que é estabelecido para a manutenção da saúde. E irmãos, eu tentei, mas eu não vivi toda a minha vida sob a dieta mais estrita do mundo. Eu tive que viajar por todo este mundo, e, como vocês sabem, eu tive que me expor a todos os germes de doenças. Eu tive que viver em uma dieta muito alternativa em locais de minhas viagens, e vivi sobre rodas, e sob grande pressão, e foi profetizado quando entrei nessa em 1901 que uma década acabaria comigo, e que eu seria um velho acabado, na prateleira ou na sepultura. Era assim que meus amigos falavam, e eles simpatizavam comigo, e sentiam muito por eu ter tomado esta posição; mas eu disse a mim mesmo, “Pela graça de Deus, eu viverei de toda forma possível tão corretamente quanto eu conseguir, de modo a conservar minhas forças.” Este é meu 19º ano, e eu não estou acabado, e não estou nem na prateleira, nem na sepultura. Estou forte e bem. Estou cansado, mas posso descansar. Eu tenho tentado ser honesto e verdadeiro com meu senso do que era a coisa certa a se fazer, e isso me manteve bem e forte. É essa a base na qual eu proponho trabalhar. Eu não me proponho a ter algum extremista colocar regras para mim sobre o que eu posso comer no coração da China. Eu me proponho a usar meu senso quanto ao que devo comer nesses lugares onde você mal consegue algo verde.

Sra. Williams: No interior da África, nós tínhamos que cozinhar tudo o que comíamos, de modo a matar os germes.

A. G. Daniells: Ora, sim, na China você precisa esterilizar suas mãos e sua faca, e se você come uma maçã, ela precisa ser esterilizada depois de descascada, e mesmo assim não é sempre seguro. Eu não acho que temos que tomar uma posição extrema na questão da dieta para todas as salas de aula. Nós não somos todos iguais. O que é bom para uma pessoa não é boa para outra. Eu vi o irmão Irwin se sentar e comer duas ou três maçãs cruas de noite, logo antes de ir para a cama; mas uma maçã de noite me faria tão mal que minha língua ficaria coberta de pelos e minha cabeça ficaria inchada. Eu não comeria uma mesmo que vocês me dessem cinco dólares. Eu chamo isso de reforma da saúde, rejeitar o que eu sei que me faz mal e pegar o que eu sei que me fortalece, e me mantém na forma física mais forte para o serviço e o trabalho duro. Essa é minha reforma da saúde. Maçãs cruas são boas para pessoas que têm a digestão certa para elas; mas se uma pessoa não tem esse tipo de digestão, ela precisa estabelecer a lei. Nenhuma maçã crua para ela.

Foi assim que muitas coisas entraram nos Testemunhos. Muitas delas foram escritas para indivíduos em variados estados de saúde, e então elas foram colocadas de modo apressado nos Testemunhos sem a modificação apropriada. Isso não quer dizer que elas sejam falsas, mas sim que não se aplicam igualmente a todo indivíduo no mundo. E vocês não podem colocar um regime de reforma da saúde ou regra igual para todo o mundo, por causa das diferentes condições físicas de cada um. É isso que eu digo nas reuniões de ministros, e eu não acho que destruo a força da mensagem de modo algum, só para o extremista.

Irmão Waldorf: Eu não tive problemas pelos últimos vinte anos com o espírito de profecia ou com a Bíblia. Quanto mais eu estudo ambos, mais firmemente eu me convenci desta plataforma. Eu li toda a alta crítica de cabo a rabo. Há 50 mil leituras diferentes na Bíblia. Há muitos erros que foram cometidos na transcrição. Agora, em questão de complicações históricas, eu tomo a Bíblia e o espírito de profecia exatamente da mesma forma.

A. G. Daniells: Aqui está uma ilustração de um erro na Bíblia: em Samuel se diz que um homem ergueu sua mão contra 800 homens, os quais ele matou; então em Crônicas se diz a mesma coisa, mas desta vez ele ergueu sua mão contra 300 homens, os quais ele matou.

Waldorf: Eu nunca considerei o espírito de profecia infalível. Mas vêm a mim alunos de diferentes professores, com diferentes opiniões. Um vem e diz o Prof. Lacey me ensinou desta forma, e outro vem do Prof. Johnson que o ensinou de outra forma. Há muitos deles vindo ao colégio médico dessa forma, de diferentes professores. Eles não sabem se toda palavra do espírito de profecia é inspirada ou não. Eu os ensino desta forma: Quando esta mensagem começou, Deus trouxe este dom da profecia para a igreja, e através deste dom Deus aprovou as principais doutrinas que mantemos desde 1844. Eu, por exemplo, sustento que o dom do espírito de profecia nos foi dado de modo a termos o molde, para que não confiemos na razão humana e na pesquisa moderna, pois eu creio que a pesquisa moderna faliu no que tange grego e hebraico.

Quanto a comer carne, eu não toquei em carne pelos últimos vinte-e-um anos; mas eu compro carne para minha esposa. Eu frequentemente vou ao açougue e compro o que ele tem de melhor, de modo a mantê-la bem. Eu nunca usarei os Testemunhos como uma marreta contra meu irmão.

A. G. Daniells: Eu vou dizer uma coisa a vocês, uma grande vitória será conquistada se conseguirmos um espírito liberal a ponto de tratar irmãos que divergem de nós na interpretação dos Testemunhos da mesma forma cristã que os tratamos quando divergem na interpretação da Bíblia. Esse será um bom trato, e que vale à pena ganhar, quero lhes dizer, pois tenho sido criticado desde que começou a controvérsia em Battle Creek. Não é estranho que, enquanto eu e alguns de meus associados combatemos aquela heresia ano após ano, e recebemos mensagem após mensagem do espírito de profecia — algumas muito confortantes e animadoras —, todo esse tempo estávamos contados como hereges no espírito de profecia? Como você lida com isso? Por que o espírito de profecia não foi atrás de nós? Eu afirmo que sei tão bem quanto qualquer homem se acredito ou não no espírito de profecia. Eu não peço que as pessoas aceitem minhas opiniões, mas gostaria da confiança dos irmãos quando divergimos na interpretação. Se pudermos gerar esse espírito, será uma grande ajuda; e creio que temos que ensiná-lo bem em nossas escolas.

Suponhamos que alunos venham a vocês com questões sobre a Bíblia que vocês nem sempre sabem como responder, — ou vocês sempre sabem? Eu gostaria de ter aulas por um ano com um professor capaz de me responder tudo que me intriga! O que vocês fazem quando alunos vêm a vocês com tais questões?

W. H. Wakeham: Eu lhes digo que não sei, e não perco a confiança deles.

A. G. Daniells: Bem, quando eles vêm a vocês com algo no espírito de profecia que os intriga, por que não dizer, como Pedro, que há algumas coisas difíceis de entender? Eu não acho que isso destrói a confiança das pessoas. Mas nós temos essa ideia de que devemos simplesmente assumir um conhecimento total e completo de tudo sobre o espírito de profecia, e tomamos uma posição extrema de modo a sermos leais e verdadeiros a ele.

W. E. Howell: Eu só quero fazer duas observações. Uma é sobre a questão que o Prof. Prescott levantou em nosso encontro anterior, quanto a por que pessoas têm estas atitudes diferentes quanto à Bíblia e aos Testemunhos. Eu não sou filósofo o bastante para explicar atitudes desse tipo, mas eu acho sim que a causa jaz primariamente na criação de posições extremas e radicais. Eu acho que jaz aí a raiz da dificuldade, especialmente em referência ao espírito de profecia.

O irmão Daniells e o irmão Prescott e outros vieram aqui conosco e falaram muito francamente conosco, e tenho certeza de que qualquer um aqui vai dizer que eles não encobriram nada. Eles não retiveram nada ao responder as perguntas de vocês. Eu não duvido que esta também seja a experiência de vocês: quando eu saio de Washington, ouço dizerem que o irmão Daniells ou o irmão Prescott não creem no espírito de profecia.

A. G. Daniells: O irmão Spicer também.

W. E. Howell: Sim, e o irmão Spicer. Eu tenho confiança de que, conforme vocês saírem deste concílio, vocês podem ser uma grande ajuda para corrigir as pessoas nestas coisas, e creio que seja nosso privilégio fazê-lo, irmãos, para ajudar as pessoas nestes pontos. Muitos deles são sinceros e honestos nessa posição, a partir do que ouviram. Penso que é nosso dever ajudar tais pessoas tanto quanto possível quando as encontrarmos.

C. L. Benson: Este assunto vai ser tocado aqui? A partir do que o irmão Daniells disse, eu sei o que vai significar para algumas das nossas escolas e para os nossos homens da AG. Eu sinto que seria injusto para nós como professores voltar e fazer qualquer declaração. Já chegaram cartas perguntando sobre os homens da AG em relação à interpretação do espírito de profecia. Eu não penso ser justo que nós saiamos e tentemos declarar a posição de nossos irmãos da AG. Por outro lado, eu conheço o sentimento e a doutrina ensinados em nossas Associações, e eles são os professores de Bíblia do povo; e se nossos professores de Bíblia e história tomarem estas posições liberais quanto ao espírito de profecia, nossas escolas vão divergir completamente do território. Nosso povo está começando a questionar a condição de nossas escolas. Eles dizem que leram na Review deste espírito de paganismo, e dizem que esses artigos certamente não teriam sido publicados na Review se estas condições não existissem em nossas próprias escolas. Ora, para que eles estariam colocando isso na Review se não fosse esse o caso? Isso é um fato, muitos dos nossos membros tomam a posição de que esses artigos foram escritos devido a condições existentes em nossas próprias escolas. Eu acho que devemos organizar uma solução para isto se pudermos, e começar algum tipo de campanha de educação. Lá no território nós enfatizamos a importância do espírito de profecia mais do que da Bíblia, e muitos dos nossos homens estão fazendo exatamente isso. Eles falam dos fenômenos maravilhosos, e muitas vezes tiram seu sermão inteiro do espírito de profecia ao invés da Bíblia. Se surgir uma ruptura entre nossas escolas e o território, estaremos com sérios problemas.

T. M. French: Creio que ajudaria muito se alguma declaração geral fosse publicada, e se parte deste assunto que foi discutido pudesse ser compartilhado, mostrando que não estamos mudando nossa posição, que estamos vendo o espírito de profecia como ele era visto desde o começo. Creio que ajudaria a resolver a situação em nossas Associações, e ajudaria muito as Associações e as escolas. Tenho certeza, pelo que foi lido aqui de cartas e resoluções do passado, que não mudamos nossa posição, mas a questão surgiu novamente; e se pudermos publicar declarações quanto a nossa atitude desde o começo, e restabelecer a questão, creio que faria muito bem.

W. E. Howell: O próximo tópico que nós temos é uma consideração de como ensinar o espírito de profecia em nossas escolas. Em nossa convenção educacional geral mais recente, fornecemos a grade curricular de um semestre para este assunto. Acho que devemos fazer um intervalo de dez minutos, e então tomar este tópico, o que dará oportunidade para mais questões nesta linha.

Inspiração do espírito de profecia em relação à inspiração da Bíblia

1 de agosto de 1919

W. E. Howell, presidindo a reunião: O tópico do momento, conforme organizado na quarta-feira, é uma continuação, de certa forma, de nossa consideração do espírito de profecia, e o assunto da inspiração conectado a ele, conforme sua relação com a inspiração da Bíblia. Este momento não foi pensado como um discurso formal, ocupando todo o período, mas o irmão Daniells conduzirá o tópico, e antes ele expressou o desejo de que pudesse ser uma espécie de mesa redonda na qual estudaremos as coisas juntos.

A. G. Daniells: Irmão, eu acho que houve um mal-entendido entre nós. Eu protestei contra tomar um tópico tão pesado no outro dia, sob as circunstâncias, e o descartei da minha mente, e estive pensando em outra linha, a do treinamento pastoral, e uma discussão da questão que tivemos diante de nós. Eu não me sentiria livre, sob as circunstâncias, para dar uma palestra sobre o assunto que, pelo que entendo, era desejado.

Como vocês sabem, há duas opiniões sustentadas por homens eminentes em relação à inspiração verbal da Bíblia. Vocês leram suas opiniões nos livros que eles lançaram. Um homem, — acadêmico, devoto, sincero, que crê plenamente na Bíblia em todos os sentidos, — crê que ela foi uma revelação da verdade aos escritores, e que eles puderam afirmar essa verdade da melhor forma possível. Outro homem — igualmente acadêmico, piedoso e sincero em sua fé — crê que ela foi uma inspiração ou revelação palavra por palavra, que as próprias palavras foram concedidas, — que cada palavra no original, conforme foi escrito pelos profetas de Moisés a Malaquias, foi dada a eles pelo Senhor. Estes homens divergem, e divergem honesta e sinceramente; e eles têm seus seguidores entre nós, aqui mesmo na conferência, ambos os lados; e eu não vejo nenhum ganho para um homem em minha posição, com meu conhecimento destas coisas, tentando provar algo. Eu não quero fazê-lo. Todos nós ficaríamos com a mesma opinião, penso eu, que temos agora; então quero pedir que vocês me permitam dispensar essa parte, e ou ir diretamente para a outra questão do treinamento pastoral, ou abrir caminho para questões e discussões adicionais da questão que temos diante de nós. Eu me sinto mais confortável assim, pois em todos estes anos desde que começou a controvérsia de Battle Creek eu estive cara a cara com esta questão dos Testemunhos. Eu encontrei todos os questionadores, os principais, e lidei com isso em institutos ministeriais, e falei sobre isso várias e várias vezes, a ponto de eu estar completamente familiar com o assunto, esteja eu certo ou não. Eu não acho que haja um único detalhe que já não ouvi da boca destes homens que se afastaram de nós. Eu estaria disposto a ouvir mais questões e mais discussões, se for este o desejo da convenção.

W. E. Howell: Eu certamente não quero que o irmão Daniells sinta que está nos desapontando de forma alguma esta manhã; e se compreendi os desejos dos professores, não é tanto que ele discuta a questão bastante técnica da inspiração verbal ou verdade revelada da Bíblia, mas sim que ele nos dê mais instrução na linha da inspiração do espírito de profecia e sua relação com a da Bíblia. Eu não tenho mais nada para empurrar nessa linha, mas, como os professores se expressaram para mim, eu senti que pode ser bom considerar alguns aspectos dessa questão ou pouco mais, particularmente o uso de escritos, cartas e falas não publicadas, etc., à luz do que foi mencionado aqui no outro dia. A própria irmã White disse que, se quiséssemos saber o que o espírito de profecia dizia sobre algo, deveríamos ler seus escritos publicados. Essa é uma questão que penso que os professores têm em mente, irmão Daniells.

F. M. Wilcox: Eu gostei muito destas discussões. Eu gostei da noite da semana passada, quando foi considerada a questão do espírito de profecia. Eu gostei muito da fala do Sr. Daniells sobre a questão, e penso que sua visão da questão está bem plenamente de acordo com minha própria opinião. Eu já sei há muitos anos como as obras da irmã White foram organizadas e seus livros compilados. Eu nunca acreditei na inspiração verbal dos Testemunhos. Eu devo dizer, no entanto, que na última quarta-feira à noite, e também desde então, algumas observações foram feitas sem a segurança apropriada, e devo questionar o efeito dessas declarações e posições no trabalho de campo. Eu sei que em Takoma Park se fala bastante das posições assumidas aqui, e a mesma situação vai se repetir nos territórios. Conforme sugeriu o irmão Wakeham outro dia, penso que devemos lidar com uma questão muito delicada, e eu detestaria ver a história de que os Testemunhos foram descartados varrer nossos territórios e nossas escolas. Há grande perigo de uma reação, e eu me preocupo.

Eu ouvi questões feitas aqui que me deixaram com a impressão de que, se as mesmas questões forem feitas em nossas salas de aula quando voltarmos às nossas escolas, teremos dificuldades sérias. Eu creio que há muitas questões das quais devemos recuar, e não discuti-las. Eu não sou um professor em uma escola, embora eu tenha sim ensinado a Bíblia por 13 anos em uma escola de formação de enfermeiros, onde eu tive muitos jovens; mas não consigo conceber que seja necessário a nós responder toda questão que nos é colocada por estudantes ou outros, ou sermos empurrados a uma posição em que tomaremos uma posição que diminuirá a fé. Eu acho que os Testemunhos do Espírito de Deus são um grande bem desta denominação, e penso que, se destruirmos a fé neles, destruiremos a fé nos próprios alicerces de nossa obra. Devo dizer que vejo sim com muita preocupação a influência que sairá desta reunião, e das questões que vi sendo levantadas aqui. E a menos que estas questões possam ser resolvidas da forma mais diplomática, penso que teremos sérios problemas. Eu certamente espero que o Senhor nos dê sabedoria para que saibamos o que dizer e fazer ao encontrar estas coisas no futuro.

C. L. Benson: Eu me senti muito preocupado nesta mesma linha; e a questão que surgiu em minha própria mente vai um pouco mais longe do que o que foi trazido aqui; mas parece a mim quase uma consequência lógica. É o seguinte: se há tais incertezas com referência a nossa posição histórica, e se não podemos confiar nos Testemunhos para lançar muita luz sobre nossas posições históricas, e se o mesmo se aplica à nossa interpretação teológica dos textos, então como podemos colocar confiança implícita com consistência na direção que é dada com referência aos nossos problemas educacionais, e nossa escola médica, e até nossa organização denominacional? Se há uma liderança espiritual definida nestas coisas, então como podemos consistentemente colocar de lado os Testemunhos, ou colocá-los parcialmente de lado, quando o assunto é o lado profético e histórico da mensagem? E colocar estas coisas na base do trabalho de pesquisa? Essa questão está em minha mente, e estou certo de que está nas mentes de outros.

Waldorf: Isso está em minha mente. É por isso que eu trouxe aquela ilustração da lousa esta manhã, — os três rios, história, espírito de profecia, e a Bíblia.

J. N. Anderson: Eu achei que, quando dispensamos o assunto no outro dia, a questão principal era como nós professores devemos lidar com esta questão quando estivermos diante de nossos alunos. Eu penso que chegamos a uma opinião bastante unânime quanto ao assunto entre nós aqui, e estamos bastante unidos, devo dizer, quanto à posição ocupada pelos Testemunhos, — sua autoridade e sua relação com a Bíblia, e assim por diante, — mas a questão em minha mente, e na mente de outros, também, creio, é o que faremos como professores quando estivermos em nossas salas de aula e surgir alguma questão histórica, tais como as que discutimos aqui, quando tivermos decidido que os escritos da irmã White não são autoridade final? Dizemos que há muitos fatos históricos sobre os quais cremos que a pesquisa acadêmica deve decidir, que a irmã White nunca afirmou ser a última autoridade sobre as questões históricas que aparecem em seus escritos. Estaremos seguros ao falar isso aos nossos alunos? Ou devemos mantê-lo em suspensão? E podemos manter algo em nossas cabeças sobre as quais temos certeza absoluta, e na qual a maior parte dos irmãos concorda? — podemos manter essas coisas guardadas sendo verdadeiros conosco? E, além disso, estaremos seguros ao fazer isso? Será que é bom deixar que nosso povo em geral siga apegado à inspiração verbal dos Testemunhos? Se fizermos isso, não estaremos nos preparando para uma crise que algum dia será muito séria? Parece a mim que a melhor coisa a fazermos é cautelosa e cuidadosamente educar nosso povo para ver exatamente onde devemos estar para sermos protestantes consistentes, para sermos consistentes com os próprios Testemunhos, e consistentes com o que sabemos que devemos fazer, como homens inteligentes, conforme decidimos nestas reuniões.

É claro que estas questões não são tão grandes, pois eu não ensino nesta linha. Mesmo assim, elas ainda surgem às vezes em minhas salas de aula. Mas eu não estou pessoalmente preocupado com isso. Eu estou preocupado com a fé dos jovens que entram em nossas escolas. Eles serão nossos líderes, e penso que estes são os dias em que eles devem receber o melhor alicerce que podemos lhes dar. Devemos dar a eles as crenças mais sinceras e honestas que temos em nossos corações. 

Eu falo com um pouco de emoção, pois isso de fato se aproxima de minhas convicções de que algo deve ser feito aqui, neste lugar, — é aqui que algo pode ser feito — para proteger nosso povo, educá-los e trazê-los de volta, fazendo com que se mantenham sobre o único alicerce seguro conforme avançamos e progredimos.

C. L. Taylor: Em relação à inspiração verbal dos Testemunhos, eu diria que já ouvi mais sobre isso aqui em um dia que em toda a minha vida. Eu penso que criamos uma gigantesca montanha de dificuldades para sair e combater. Eu não creio que nosso povo no geral creia na inspiração verbal dos Testemunhos. Eu acho que a ideia geral do nosso povo é que os Testemunhos são os escritos de uma irmã que recebeu luz de Deus. Quanto à inspiração verbal, penso que eles têm uma ideia muito mal definida. Penso que eles crêem que Deus de alguma forma deu-lhe luz, e ela a escreveu, e eles não sabem o que significa inspiração verbal.

Mas eu de fato vejo muita importância na questão levantada pelo Prof. Benson, que é: se precisamos colocar de lado o que a irmã White disse interpretando a história, ou o que podemos chamar de filosofia da história, como não confiável, e também colocar de lado como não confiáveis suas exposições das escrituras, a única conclusão natural para mim, e provavelmente para muitos outros, seria que essa autoria tampouco é confiável em relação a organização, panteísmo, e qualquer outro assunto do qual ela tratou; — que ela pode ter dito a verdade, mas é melhor que tenhamos o máximo de dados históricos que podemos para ver se ela disse a verdade ou não. Isso é algo que eu gostaria de ouvir ser discutido. Eu não acredito que chegaremos aos fundamentos da questão a menos que respondamos a questão do Prof. Benson.

A. G. Daniells: Vamos considerar alguns tópicos como resolvidos, e seguir em frente? Tomem a questão da inspiração verbal. Penso que é bem como diz o irmão Taylor, que entre a maior parte dos nossos membros não há esta questão. Ela não é agitada entre eles. Eles não a entendem, e não entendem as questões técnicas a respeito da inspiração da Bíblia. O poder e a atração que a Bíblia exerce sobre a raça humana não depende de um detalhe técnico para sua crença nela, seja que ela é inspirada verbalmente ou em sua verdade. Os homens que sustentam posições diretamente opostas têm a mesma fé na Bíblia. Eu não vou permitir que um homem que crê na inspiração verbal da Bíblia deprecie minha fé na Bíblia porque eu não a sustento com ele, — eu não vou consentir com isso em momento algum. Eu conheço minha própria fé nela, eu sei que tenho fé nela o bastante para ser perdoado pelos meus pecados, ter o companheirismo do meu Senhor e a esperança do céu. Eu sei disso, e um homem que sustenta uma opinião diferente não precisa tentar depreciar minha fé porque eu não sustento a mesma opinião que ele. Eu não deprecio a fé de outro homem ou seu relacionamento com Deus só porque ele tem uma opinião diferente. Penso que podemos discutir a inspiração da Bíblia — eu ia dizer até o fim do mundo — até o fim, e ainda não chegar à mesma opinião, mas todos têm a mesma confiança nela, e temos a mesma experiência, e todos chegamos finalmente ao mesmo lugar.

Mas agora, quanto aos Testemunhos: penso que mais maldades podem ser feitas com o Testemunhos, caso seja afirmada sua inspiração verbal, que com a Bíblia. Se vocês perguntarem qual é a minha lógica nisso, pode levar algum tempo para expô-la, e eu posso não ser capaz de satisfazer todas as mentes; mas se vocês pedirem experiências práticas, posso dar várias a vocês.

F. M. Wilcox: Pois nós sabemos como os Testemunhos foram reunidos, e não sabemos nada a respeito da Bíblia.

A. G. Daniells: Sim, esse é um ponto. Nós sabemos sim, e não adianta ninguém se levantar e falar da inspiração verbal dos Testemunhos, pois todos que já viram o trabalho sendo feito sabem a verdade, e podemos simplesmente dispensar essa ideia.

M. E. Kern: Eu não tenho tanta certeza de que os irmãos estão certos em dizer que todos nós aqui concordamos nesta questão. Eu vim aqui no outro dia para participar da Conferência pela primeira vez, e ouvi o mesmo homem, na mesma fala, dizer que não podemos depender dos dados históricos que foram colocados no espírito de profecia, e então afirmar sua confiança absoluta no espírito de profecia e nos Testemunhos. E então, mais adiante, ele não concordava com alguma outra coisa. Por exemplo, o testemunho contra a manteiga foi mencionado, e ele explicou que há exceções para isso. Logo depois ele dizia, “Eu tenho confiança absoluta na inspiração do espírito de profecia.” A questão é, qual é a natureza da inspiração? Como podemos sentir, e crer e saber que há uma inconsistência ali, — algo que não está certo, — e ainda assim acreditar que o espírito de profecia é inspirado? Vocês entenderam a pergunta?

A. G. Daniells: Sim, eu entendi sua pergunta muito bem!

M. E. Kern: Essa é a dificuldade que nós temos ao explicar isso aos jovens. Podemos ter confiança nós mesmos, mas é difícil fazer outras pessoas acreditarem se expressamos esta visão mais liberal. Eu consigo ver alguns tomando vantagem desta visão liberal para sair e comer carne em todas as refeições, e dizer que essa parte dos Testemunhos não é confiável.

Pergunta: Ele não pode fazer a mesma coisa se acreditar na inspiração verbal?

M. E. Kern: Não tão consistentemente. Se ele acredita que toda palavra é inspirada, ele não pode se sentar e comer carne consistentemente.

A. G. Daniells: Mas eu os vi fazendo isso.

M. E. Kern: Mas não conscienciosamente. Mas agora tomem um homem que se aprofunda nas Escrituras, e lê o hebraico e o grego, e sai e diz às pessoas, se vocês entendessem grego, não tirariam esse significado da Bíblia, ou se a irmã White entendesse grego, não teria dito isso. Tal homem pode tirar muitas licenças desta visão liberal. Agora, a questão em minha mente é: na própria natureza do caso, não há um elemento humano na inspiração, já que Deus teve que falar através de instrumentos humanos? E será que nós podemos, seja na Bíblia ou nos Testemunhos, brincar com um uma palavra e estabelecer a lei e amarrar a consciência de um homem a uma palavra ao invés da visão geral de todo o escopo da interpretação? Eu não creio que um homem possa acreditar na inspiração geral do espírito de profecia e ainda não acreditar que o vegetarianismo é o caminho para a humanidade. Eu posso entender como esse testemunho foi escrito para indivíduos, e que há exceções para ele, e como a irmã White em sua fraqueza humana poderia cometer um erro ao afirmar uma verdade, e ainda não destruir a inspiração do espírito de profecia; mas a questão é como apresentar essas questões para o povo. O irmão Taylor pode não ver dificuldades, mas eu vejo muitas, não só lidando com nossos estudantes, mas com as pessoas em geral.

A. G. Daniells: Na questão de inspiração verbal?

M. E. Kern: A questão do irmão Benson foi ao cerne. Nós tivemos um concílio aqui há algumas semanas, e estabelecemos bem diretamente alguns princípios de educação, e baseamos nossas conclusões na autoridade do espírito de profecia, conforme estava escrito. Agora chegamos a essas questões históricas, e dizemos, “Bem, a irmã White estava errada a respeito disso, e isso precisa ser revisado.” O indivíduo que não viu as colocações que fizemos no concílio educacional pode dizer, “Bem, possivelmente a irmã White também está errada a respeito da influência das universidades,” e é difícil convencê-lo de que ela estava certa, talvez. Eu quero, de alguma forma, chegar eu mesmo a uma base consistente.

Há muitos anos eu estive em uma reunião onde o Dr. Kellogg e outros estavam considerando uma questão administrativa. O Dr. Kellogg tomou uma posição exatamente contrária a algo que a irmã White tinha dito. Quando lhe perguntaram como ele explicava o que ela tinha dito, ele respondeu que ela foi influenciada a dizê-lo. Ele estava criticando os Testemunhos ali. Pouco tempo depois disso eu li um de seus artigos no jornal, no qual ele estava demonstrando a lei com base nos Testemunhos. Isso me fez perder minha confiança no Dr. Kellogg. Em um tópico com o qual ele não concordava, ele dizia que ela foi influenciada. Então ele pegou esta outra coisa que o agradava, e disse que era do Senhor. Talvez ele pensasse que uma era do Senhor, e a outra não era. Mas nós certamente temos sim dificuldades para mostrar ao povo o que é humano e o que é divinamente inspirado.

G. B. Thompson: Isso também não se aplica à Bíblia?

M. E. Kern: É por isso que eu proponho que discutamos a natureza da inspiração. Eu tenho uma certa sensação de que a irmã White era uma profetisa da mesma forma que Jeremias foi, e que com o tempo sua obra vai se demonstrar como a de Jeremias. Eu imagino se Jeremias, em seus dias, não disse e escreveu muita coisa que estava, como disse Paulo, sob sua própria autoridade. Eu imagino se, nesses dias, as pessoas não tiveram dificuldade em diferenciar entre o que era do Senhor e o que não era. Mas as pessoas tornam isso mais difícil agora, pois todos os artigos e livros da irmã White estão conosco, e suas cartas também, e muitos pensam que toda palavra que ela disse ou escreveu é do Senhor. Nós tivemos sanatórios construídos com base nas cartas que ela escreveu de alguma estação em algum lugar. E empreendimentos envolvendo grandes investimentos financeiros foram iniciados por causa de uma carta dela. Não há dúvida de que muitos jovens, e também ministros, têm essa ideia, e é um problema real para mim. Eu gostaria que pudéssemos chegar ao fundo. Eu não acho que estamos lá ainda.

W. W. Prescott: Eu gostaria de te perguntar se você acha que Jeremias, após seus escritos terem sido publicados por vários anos, teria mudado alguma coisa neles porque se convenceu de que havia erros históricos neles?

M. E. Kern: Eu não posso responder isso.

W. H. Wakeham: Há uma dificuldade real, e nós teremos que enfrentá-la. Podemos dizer que as pessoas não acreditam na inspiração verbal dos Testemunhos. Talvez tecnicamente elas não saibam o que significa. Mas essa não é a questão. Elas aceitaram os Testemunhos por todo o país, e creem que toda palavra idêntica que a irmã White escreveu deve ser recebida como verdade infalível. Nós vamos encontrar isso quando retornarmos, e será levado às salas de aula tão certamente quanto o temos aqui, porque já me trouxeram isso de novo e de novo em toda aula que eu dei. Essa questão não só surge nas aulas, mas nas igrejas. Eu sei que temos uma tarefa muito delicada diante de nós se queremos lidar com essa situação da forma que o Senhor quer. Eu estou orando muito sinceramente por ajuda quando eu retornar para encontrar algumas das coisas que eu sei que vou encontrar.

W. E. Howell: Nós certamente estamos colocando nossas dificuldades para fora bem esta manhã, e isso é perfeitamente apropriado; mas nós temos só dez minutos restantes do período para dar atenção à solução dessas dificuldades. Nós convidamos homens de muito mais experiência que nós para vir e nos ajudar e nos aconselhar. Parece-me que devemos dar algum tempo a eles.

G. B. Thompson: Parece-me que se vamos pregar os Testemunhos e estabelecer confiança neles, isso não depende de eles serem ou não verbalmente inspirados. Penso que estamos nesta encrenca devido a uma educação errada que nosso povo tem recebido. [Voz: Isso é verdade.] Se nós tivéssemos sempre ensinado a verdade nesta questão, nós não teríamos qualquer problema ou choque na denominação agora. Mas o choque é porque não ensinamos a verdade, e pusemos os Testemunhos em um plano no qual ela diz que eles não estão. Nós reivindicamos a eles mais do que ela. Meu pensamento é este, que a evidência da inspiração dos Testemunhos não está em sua inspiração verbal, mas em sua influência e poder na denominação. Agora para ilustrar: o irmão Daniells e eu estávamos em Battle Creek em uma crise especial, e chegou a nós o recado de que alguns testemunhos especiais da irmã White para nós estavam a caminho, e que esperássemos por eles. Quando eles chegaram, descobrimos que eles deveriam ser lidos para o povo. Eles tinham um caráter muito sério. Eles tinham sido escritos um ano antes e arquivados. O irmão Daniells e eu oramos a respeito, e enviamos às pessoas o recado de que uma reunião seria realizada em um certo momento. Quando chegou a hora, cerca de 3.000 pessoas entraram no Tabernáculo, e elas o encheram, mesmo lá atrás, nos assentos do fundo. Havia não crentes e céticos lá, e todas as classes. O irmão Daniells se levantou lá e leu para eles, e digo a vocês que um poder saiu com a mensagem e tomou conta de toda a congregação. E depois que a reunião acabou, pessoas vieram a nós e nos disseram que o Testemunho descreveu uma reunião que eles tinham realizado na noite anterior. Eu fui convencido de que havia mais que um poder ordinário naquele documento. Não era se ele era verbalmente inspirado ou não, mas ele carregava o poder do Espírito de Deus com ele.

Penso que, se pudermos partir dessa linha, vamos seguir melhor. Eles não são verbalmente inspirados, — nós sabemos disso, — e de que serve ensinar que são?

M. E. Kern: Eu gostaria de sugerir que esta questão de inspiração verbal não resolve a dificuldade.

C. M. Sorenson: A irmã White usa a palavra “inspiração” em relação aos seus próprios escritos, ou essa é meramente uma teoria que montamos por conta própria? Estou pedindo informação, pois nunca vi isso em seus escritos.

A. G. Daniells: Eu mal sei por onde começar ou o que dizer. Penso que devo repetir isso, nossa dificuldade jaz especialmente em dois tópicos. Um é infalibilidade e o outro é inspiração verbal. Penso que o irmão Tiago White previu dificuldades nesta linha desde o início. Ele sabia que pegava os testemunhos da irmã White e ajudava a escrevê-los e torná-los claros, e gramaticalmente corretos. Ele sabia que fez isso o tempo todo. E ele sabia que os secretários que eles empregavam pegavam os escritos e os melhoravam gramaticalmente, transpunham sentenças, completavam sentenças, e usavam palavras que a própria irmã White não escreveu em sua cópia original. Ele via isso, e mesmo assim via alguns irmãos que não sabiam disso, e que tinham grande confiança nos Testemunhos, só crendo e ensinando que estas palavras foram dadas à irmã White, assim como o pensamento. E ele tentou corrigir essa ideia. Vocês vão encontrar essas declarações na Review and Herald, assim como a que o irmão Wilcox leu no outro dia. Se essa explicação tivesse sido aceita e passada adiante, nós estaríamos livres de muitas das perplexidades que temos agora.

F. M. Wilcox: Artigos foram publicados nessas primeiras Review negando isso.

A. G. Daniells: Sim, mas vocês sabem que há alguns irmãos que entram de cabeça. Nós poderíamos mencionar alguns jovens e velhos que pensam não poder crer nos Testemunhos sem colocá-los com o absolutamente infalíveis e inspirados palavra a palavra, tomando a coisa toda como dada verbalmente pelo Senhor. Eles não enxergam como acreditar neles e como tirar coisas boas deles exceto desta forma; e suponho que algumas pessoas sentiriam que se não acreditassem na inspiração verbal da Bíblia, não poderiam confiar nela, e tomá-la como o grande Livro que agora enxergam que ele é. Alguns homens são técnicos, e mal podem entender de alguma outra forma. Outros não são tão técnicos em lógica, mas têm muita fé e confiança, e por isso podem ir por outra linha de raciocínio. Estou certo de que foi promovida uma ideia de infalibilidade na irmã White e de inspiração verbal nos Testemunhos que levou as pessoas a esperar demais e fazer alegações muito grandiosas, e então nos colocamos em dificuldades.

Agora, conforme estudei o assunto nestes anos desde que fui lançado na controvérsia em Battle Creek, me empenhei para me certificar da verdade e ser verdadeiro com a verdade. Eu não sei como agir exceto dessa forma. Nunca vai ajudar a mim, ou ajudar o povo, fazer uma falsa afirmação para evitar algum problema. Eu sei que temos dificuldades aqui, mas nos livremos de algumas das coisas principais primeiro. Irmãos, nós vamos evitar as dificuldades ou ajudar com elas tomando uma posição falsa? [Vozes: Não!] Bem, então tomemos uma posição honesta e verdadeira, e atingiremos nosso objetivo de alguma forma, pois eu nunca vou sustentar uma falsa afirmação para evitar algo que vai surgir um pouco mais à frente. Isso não é honesto e não é cristão, e por isso tomo aqui minha posição.

Na Austrália, eu vi O Desejado de Todas as Nações sendo montado, e vi capítulos serem reescritos, alguns deles de novo e de novo e de novo. Eu vi isso, e quando falei com a irmã Davis a respeito, eu digo a vocês que tive que encarar este assunto de frente, e começar a resolver as coisas sobre o espírito de profecia. Se estas posições falsas nunca tivessem sido tomadas, a coisa seria muito mais clara do que é hoje. As acusações de plágio seriam todas simplificadas, e creio que pessoas teriam sido salvas para a causa se desde o início tivéssemos entendido esta coisa como deveríamos. Com essas opiniões falsas sustentadas, nós enfrentamos dificuldades em acertá-las. Nós não enfrentaremos essas dificuldades recorrendo a uma falsa afirmação. Nós poderíamos resolvê-las por hoje dizendo, “Irmãos, eu creio na inspiração verbal dos Testemunhos; eu creio na infalibilidade daquela por meio da quel eles vieram, e tudo que está escrito neles eu vou tomar e defender contra tudo e todos.”

Se fizermos isso, eu simplesmente pegaria tudo de A a Z, exatamente como foi escrito, sem fazer qualquer explicação pra ninguém; e eu não comeria manteiga, ou sal, ou ovos, se eu acreditasse que o Senhor deu as palavras nesses Testemunhos à irmã White para todas as pessoas deste mundo. Mas eu não acredito nisso.

M. E. Kern: Você não poderia fazer isso e manter sua consciência limpa. 

A. G. Daniells: Não, eu não poderia; mas eu não acredito nisso; e posso entrar em uma explicação de reforma da saúde que creio ser consciente, e que ela se empenhou em trazer nos últimos anos, quando viu pessoas fazendo mau uso. Eu mesmo comi quilos de manteiga à mesa dela, e dúzias de ovos. Eu não poderia explicar isso em sua própria família se eu acreditasse que ela acreditava que essas eram as palavras do próprio Senhor ao mundo. Mas há pessoas que acreditam nisso, e não comem ovos ou manteiga. Eu não sei se elas usam sal. Eu sei que muitas pessoas nos primeiros dias não usavam sal, e era na nossa igreja. Estou certo de que muitas crianças sofreram com isso.

Não adianta alegar mais nada para a inspiração verbal dos Testemunhos, porque ela nunca alegou isso, e Tiago White nunca alegou isso, e W. C. White nunca alegou isso; e todas as pessoas que ajudaram a preparar esses Testemunhos sabiam que eles não eram verbalmente inspirados. Eu não vou dizer mais nada sobre isso.

D. A. Parsons: Ela não só não alegava isso, como o negava.

A. G. Daniells: Sim, ela tentou corrigir as pessoas.

Agora sobre infalibilidade. Eu suponho que a irmã White usou o texto de Paulo, “Temos este tesouro em vasos de barro,” tanto quanto qualquer outra passagem. Ela costumava repetir com frequência, “Nós temos este tesouro em vasos de barro,” com a ideia de que ela era uma mulher fraca e doente, uma mensageira do Senhor tentando cumprir seu dever e ir de encontro à mente de Deus em sua obra. Quando vocês tomam a posição de que ela não era infalível, e de que seus escritos não foram verbalmente inspirados, não há uma chance de manifestação do humano? Se não há, então o que é infalibilidade? E será que devemos nos surpreender quando sabemos que o instrumento era falível, e que as verdades gerais, como ela diz, foram reveladas, então não estamos preparados para ver alguns erros?

M. E. Kern: Ela era uma autora, e não meramente uma caneta.

 A. G. Daniells: Sim; e agora, vocês peguem aquele Sketches From the Life of Paul, — suponho que todos vocês sabem dele e sabem das alegações que foram feitas contra ela, acusações de plágio, mesmo pelos autores do livro, Conybeare e Howson, e estiveram dispostos a criar problemas para a denominação, pois havia tanto de seu livro colocado em Sketches From the Life of Paul sem qualquer crédito ou aspas. Algumas pessoas de lógica estrita iriam longe com base nisso, mas eu não sou assim. Eu descobri, e li tudo com irmão Palmer quando ele descobriu, e pegamos Conybeare e Howson, e pegamos o História da Reforma de Wylie, e lemos palavra por palavra, página por página, e sem aspas, sem créditos, e eu realmente não sabia a diferença até começar a compará-los. Eu supunha que a obra era da própria irmã White. A pobre irmã disse, “Ora, eu não sabia sobre citações e créditos. Minha secretária deveria ter ido atrás disso, e a casa publicadora devia ter ido atrás disso.”

Ela não alegava que tudo foi revelado a ela e escrito palavra por palavra sob a inspiração do Senhor. Eu vi a manifestação do humano nestes escritos. É claro que eu poderia ter dito, e eu de fato disse, que gostaria que a compilação dos livros tivesse tomado outro rumo. Se tivessem tomado o cuidado apropriado, muita gente não teria se desviado do caminho.

Sra. Williams: A secretária saberia que não devia citar algo sem usar aspas.

A. G. Daniells: É o que você pensaria. Eu não sei quem era a secretária. O livro foi posto de lado, e eu nunca descobri quem ajudou a arrumá-lo. Pode ser que alguém saiba.

B. L. House: Posso perguntar uma coisa sobre esse livro? A irmã White escreveu alguma parte dele?

A. G. Daniells: Ah, sim!

E. L. House: Mas há algumas coisas que não estão em Conybeare e Howson e também não estão no novo livro. Por que essas afirmações notáveis não estão inclusas no livro novo?

A. G. Daniells: Eu não posso dizer. Mas se seus escritos fossem verbalmente inspirados, por que ela os revisaria?

B. L. House: Minha dificuldade não é com a inspiração verbal. Minha dificuldade é esta: você pega os nove volumes dos Testemunhos, e, até onde entendo, a irmã White escreveu o conteúdo original do qual eles foram montados, exceto que eles foram corrigidos em termos de gramática, letras maiúsculas e pontuação. Mas tais livros como Sketches From the Life of Paul, O Desejado de Todas as Nações, e O Grande Conflito, foram compostos de outra forma, me parece, mesmo por seus secretários, diferente dos nove volumes dos Testemunhos. Não há uma diferença? Eu tinha a sensação de que os Testemunhos não foram produzidos como esses outros livros.

A. G. Daniells: Eu não sei quanta revisão ela pode ter feito nesses Testemunhos pessoais antes de lançá-los.

B. L. House: Alguma outra pessoa escreveu alguma coisa do conteúdo nos nove volumes dos Testemunhos?

A. G. Daniells: Não, que eu saiba não há citações nos Testemunhos.

B. L. House: Não há uma diferença, então, entre os nove volumes dos Testemunhos e os outros livros para os quais seus secretários foram autorizados a coletar citações valiosas de outros livros?

A. G. Daniells: Você admite que ela tinha o direito de revisar sua obra?

B. L. House: Ah, sim.

A. G. Daniells: Então sua questão é, por que ela tirou na revisão algumas coisas notáveis que ela escreveu e que parece que deviam ser mantidas?

B. L. House: Sim.

M. E. Kern: No primeiro volume do espírito de profecia há alguns detalhes, se não me engano, a respeito da altura de Adão. Parece-me que, quando ela foi preparar Patriarcas e Profetas para o público, mesmo que isso tivesse sido mostrado a ela, não pareceu prudente apresentar isso ao público.

A. G. Daniells: E ela também deixou fora de nossos livros para o público aquela cena de Satanás jogando o jogo da vida.

B. L. House: Naquela edição antiga de Sketches From the Life of Paul, ela é muito clara sobre a lei cerimonial. Isso não está no livro novo, e imagino por que isso foi deixado de fora. 

D. A. Parsons: Eu tenho uma resposta para isso. Eu estava na Califórnia quando o livro foi compilado, e eu peguei a edição antiga e falei com o irmão Will White a respeito desta questão exata. Ele disse que o livro todo, com exceção desse capítulo, tinha sido compilado por algum tempo, e que eles o tinham segurado até que pudessem organizar o capítulo de modo a impedir o surgimento de controvérsias. Eles não queriam que o livro fosse usado para resolver qualquer controvérsia, e portanto eliminaram a maior parte destas declarações sobre a lei cerimonial, só para evitar uma renovação da grande controvérsia sobre a lei cerimonial em Gálatas.

B. L. House: Isso não é um repúdio ao que foi escrito por ela no primeiro volume, é?

D. A. Parsons: Não, de modo algum; mas eles só colocaram o suficiente para satisfazer a mente curiosa, mas eliminaram as declarações mais impressionantes para evitar uma renovação da controvérsia.

F. M. Wilcox: Eu gostaria de perguntar, irmão Daniells, se poderia ser aceito como uma espécie de regra que a irmã White pode estar errada nos detalhes, mas na política e instrução geral ela foi uma autoridade. Por exemplo, eu ouço alguém dizer, Eu não posso aceitar a irmã White nisso, quando talvez ela dedicou páginas a discutir isso. Certo homem disse que não podia aceitar o que a irmã White disse sobre royalties nos livros, e contudo ela dedica páginas a esse assunto, e o enfatiza de novo e de novo; e é a mesma coisa com políticas para nossas escolas, casas publicadoras e sanatórios. Parece-me que eu teria que aceitar o que ela diz em algumas dessas políticas gerais, ou então eu teria que varrer a coisa toda. Ou o Senhor falou através dela ou Ele não falou através dela; e se é uma questão de decidir em meu próprio juízo se Ele falou ou não, então eu vou considerar os livros dela iguais a qualquer outro livro publicado. Penso que é uma coisa que um homem sufoque sua consciência, e outra coisa que sufoque seu julgamento. É uma coisa para mim deixar de lado minha consciência, e é outra coisa para mim mudar meu julgamento quanto a algumas opiniões que eu tenho.

A. G. Daniells: Penso que a questão do irmão Benson sobre assuntos históricos e teológicos ainda não foi discutida, e não sei se sou capaz de lhe dar alguma luz. Talvez alguns de vocês possam saber até que ponto a irmã White revisou algumas de suas declarações e referências ou citações de escritos históricos. Vocês já passaram e fizeram uma lista delas?

W. W. Prescott: Eu gastei quase uma hora com isso outro dia, pegando a edição antiga de “O Grande Conflito” e lendo-o e então lendo a edição revisada. Mas isso não cobriu tudo.

A. G. Daniells: Nós não criamos essa dificuldade, criamos? Nós da Associação Geral não a criamos, pois não fizemos a revisão. Nós não tivemos nenhuma participação nela. Nós não tivemos nada a ver com ela. Foi tudo feito sob a supervisão dela. Se há alguma dificuldade ali, foi ela que a criou, não foi?

F. M. Wilcox: Ela assumiu toda a responsabilidade por ele.

M. F. Kern: Mas nós temos que enfrentá-lo.

A. G. Daniells: Bem, agora, qual declaração vamos pegar, a original ou a revisada?

B. L. House: Minha verdadeira dificuldade está bem aqui: a irmã White não escreveu nem a edição antiga, nem a revisada, até onde entendo.

A. G. Daniells: O que você quer dizer com ela não escreveu nenhuma edição?

B. L. House: Até onde entendi, o Sr. J. N. Anderson preparou essas citações históricas para edição antiga, e o irmão Robinson e o irmão Crisler, Prof. Prescott e outros forneceram as citações para a nova edição. Ela escreveu as citações históricas ali?

A. G. Daniells: Não.

B. L. House: Então há uma diferença entre os Testemunhos e esses livros.

W. W. Prescott: Mudanças foram feitas em partes que não eram citações históricas.

A. G. Daniells: Podemos não nos restringir a esta questão do irmão Benson e seguir à dificuldade real, e então lidar com ela? Vocês têm uma concepção clara de como a dificuldade surgiu? — que, ao fazer a primeira edição de Grande Conflito, os que a ajudaram a preparar a cópia também puderam trazer citações históricas que pareciam se encaixar no argumento. Ela pode ter perguntado, “Agora, qual história boa vocês têm para isso?” Eu não sei exatamente quanto ela trouxe, mas ela nunca nos permitia reivindicar nada para ela como historiadora. Ela não se colocou como alguém que corrige a história, — não só ela não fez isso, mas protestava contra isso. Quanto exatamente eles fizeram para montar a história, eu não poderia dizer, mas suspeito que ela mencionou isso conforme seguia, e permitiu que eles reunissem as melhores afirmações históricas que pudessem e as entregassem a ela, para que ela as aprovasse.

C. L. Benson: Esta é minha questão, e subjaz todos os seus escritos. Como ela determinava a filosofia da história? Se ela endossava nossa interpretação da história, sem quaisquer detalhes, será que ousamos deixar isso de lado? Eu entendo que ela nunca estudou ciência médica; mas ela estabeleceu certos princípios fundamentais; e ela fez o mesmo com educação e organização.

A. G. Daniells: A irmã White nunca escreveu nada sobre a filosofia da história.

C. L. Benson: Não, mas ela endossou nossa proposição dos 2300 dias, de 538 a 1798.

A. G. Daniells: Você entende que ela fez isso por colocá-la em seus escritos?

C. L. Benson: Sim.

A. G. Daniells: Sim, eu suponho que ela endossou.

C. A. Shull: Penso que o livro Educação contém algo na linha da filosofia da história.

W. E. Howell: Sim, ela esboça princípios gerais.

C. M. Sorenson: Ninguém jamais questionou a filosofia da história da irmã White, até onde sei, — e presumo que ouvi a maioria das questões feitas a respeito, — na linha da mão de Deus em assuntos humanos e a forma pela qual a mão de Deus se manifestou. A única questão que alguém já fez foi sobre detalhes menores. Peguem esta questão sobre se 533 tem alguma importância em conexão com 538. Ela nunca estabeleceu 533, mas se há uma importância nele em assuntos humanos, certamente não nos impediria de usá-lo, e isso não afetaria os 1260 anos. Algumas pessoas dizem que o anticristo ainda está por vir, e que vai durar por literais três anos e meio. Se você mudar essas posições, você vai mudar a filosofia. 

W. W. Prescott: Eu entendi que a opinião do irmão Benson é que tal declaração como a do O Grande Conflito, de que os 1260 anos começaram em 538 e terminaram em 1798, resolve o assunto infalivelmente?

C. L. Benson: Não, só na pregação de doutrinas em geral. Se ela endossa a parte profética de nossa interpretação, independente dos detalhes, então ela a endossa.

W. W. Prescott: Então isso resolve se é parte da filosofia.

C. L. Benson: Sim, desta forma: eu não vejo como podemos fazer qualquer outra coisa além de colocar nosso julgamento individual se dissermos que vamos descartar isso, pois temos alguma outra coisa que cremos ser uma evidência melhor. É o mesmo com educação e com ciência médica.

W. W. Prescott: Você está tocando exatamente na experiência pela qual eu passei, pessoalmente, pois todos vocês sabem que eu contribuí com a revisão de O Grande Conflito. Eu forneci material considerável sobre essa questão.

A. G. Daniells: A pedido.

W. W. Prescott: Sim, eu recebi o pedido de fazê-lo, e primeiro eu disse, “Não, eu não vou fazê-lo. Eu sei o que isso significa.” Mas eu fui pressionado a fazê-lo. Quando eu conversei com W. C. White, eu disse, “Aqui está minha dificuldade. Eu passei e sugeri mudanças que devem ser feitas de modo a corrigir afirmações. Estas mudanças foram aceitas. Minha dificuldade pessoal será reter a fé nessas coisas com as quais eu não posso lidar com base nisso.” Mas eu não joguei fora o espírito de profecia até hoje; mas tive que ajustar minha visão das coisas. Eu vou dizer a vocês, para falar a verdade, a relação desses escritos com este movimento e nossa obra está mais clara e mais consistente em minha mente que estava antes. Mas vocês sabem do que sou acusado. Eu passei eu mesmo pela experiência pessoal desta exata questão da qual você fala. Se corrigimos aqui e corrigimos ali, como vamos defendê-lo nas outras partes?

F. M. Wilcox: Essas coisas não envolvem a filosofia geral do livro.

W. W. Prescott: Não, mas envolviam sim detalhes bem grandes. Por exemplo, antes de O Grande Conflito ser revisado, eu era heterodoxo em um certo tópico, mas depois da revisão eu estava perfeitamente ortodoxo.

C. M. Sorenson: Em que tópico?

W. W. Prescott: Minha interpretação era (e eu a ensinei por anos na The Protestant Magazine) que a Babilônia representava a grande apostasia contra Deus, que tinha sua cabeça no papado, mas que incluía todas as formas menores, e que antes de chegarmos ao fim, todas elas se tornariam uma. Esse não era o ensinamento d’O Grande Conflito. O Grande Conflito dizia que a Babilônia não podia significar a igreja romana, e eu tinha considerado esse seu significado principal e primário. Depois que o livro foi revisado, embora o argumento como um todo permanecesse o mesmo, ele dizia que não podia significar somente a Igreja Romana, só essa palavra acrescentada.

F. M. Wilcox: Essa te ajudou.

W. W. Prescott: Sim, mas eu disse a W. C. White que eu não achava que ninguém tinha o direito de fazer isso. E eu não acreditava que ninguém tinha o direito de usá-lo contra mim, antes ou depois. Eu simplesmente prossegui com meu ensinamento.

J. W. Anderson: Você não reivindicaria outras porções do livro na mesma base?

W. W. Prescott: Não, eu me recusaria a fazer isso. Eu tive que lidar com A. R. Henry sobre essa questão. Ele estava determinado a esmagar os homens que pegassem um rumo errado em relação a ele. Eu passei horas com esse homem tentando ajudá-lo. Nós éramos íntimos em nosso trabalho, e eu costumava ir à sua casa e passar horas com ele. Ele trouxe esta questão sobre a autoridade do espírito de profecia e quis que eu traçasse a linha entre o que tinha autoridade e o que não tinha. Eu disse, “Irmão Henry, eu não vou tentar fazer isso, e te aconselho a não fazê-lo. Há uma autoridade no dom aqui, e precisamos reconhecê-lo.”

Eu tento manter a confiança pessoal neste dom na igreja, e usá-lo e usá-lo. Eu recebi muita ajuda desses livros, mas vou dizer a vocês francamente que eu mantive minha posição na questão da Babilônia por anos, mesmo sabendo que era exatamente contrária ao O Grande Conflito, mas eu segui, e no devido tempo me tornei ortodoxo. Eu não gostei nem um pouco dessa experiência, e espero que vocês não tenham que passar por ela. Ela significa algo.

C. L. Benson: Esse é o ponto pivotal. Você tinha algo que o habilitava a tomar essa posição. O que era?

W. W. Prescott: Eu não posso baixar uma regra para ninguém. O que me resolveu a tomar aquela posição foi a Bíblia, não uma autoridade secular.

J. N. Anderson: Suas próprias descobertas devem ser sua autoridade para crer e não crer.

W. W. Prescott: Você pode bagunçar tudo aplicando isso como princípio geral.

C. P. Bollman: Você pode dizer, em poucas palavras, como a Bíblia te ajudou?

W. W. Prescott: Isso envolveria toda a questão da besta.

Voz: Até onde você sabe, a irmã White alguma vez fez diferença entre seus nove volumes e seus outros livros?

W. W. Prescott: Eu nunca falei com ela sobre isso. Em minha mente, há uma diferença entre as obras que ela mesma preparou em grande parte e o que foi preparado por outros para vender ao público.

A. G. Daniells: Você pode já dar mais detalhes, a diferença na forma como foram produzidos.

W. W. Prescott: Se eu tiver que ser franco, eu diria que há anos sinto que grandes erros foram cometidos no manuseio dos escritos dela para propósitos comerciais.

C. M. Sorenson: Por quem?

W. W. Prescott: Eu não quero acusar ninguém. Mas eu acho sim que grandes erros foram cometidos dessa forma. É por isso que eu fiz uma distinção. Quando falei com W. C. White sobre isso (e eu não o considero uma autoridade infalível), ele me disse francamente que, quando eles lançaram O Grande Conflito, se eles não achavam nada em seus escritos sobre certos capítulos para fazer as conexões históricas, eles pegavam outros livros, como Daniel e o Apocalipse, e usavam porções deles; e às vezes os secretários dela, e às vezes ela mesma, preparavam um capítulo que preencheria a lacuna.

C. A. Shull: Eu gostaria de perguntar se o irmão Prescott deseja que compreendamos que sua atitude, sempre que seu julgamento entrar em conflito com qualquer declaração no espírito de profecia, será seguir seu julgamento ao invés do espírito de profecia?

W. W. Prescott: Não, eu não quero que ninguém entenda isso. É exatamente isso que não quero que ninguém entenda.

C. A. Shull: Então esse foi um caso excepcional?

W. W. Prescott: Sim, eu fui forçado a isso a partir do meu estudo da Bíblia. Quando eu me decidi, eu não saí alardeando e dizendo “Aqui está um erro no ‘Grande Conflito’, e se vocês estudarem a Bíblia vão ver que é isso” às pessoas. Eu não ataquei o espírito de profecia. Minha atitude tem sido evitar qualquer coisa como oposição ao dom nesta igreja, mas evito usá-lo da forma errada, colocando a Bíblia de lado. Eu não quero que ninguém pense por um momento que eu coloquei meu julgamento contra o espírito de profecia.

A. G. Daniells: Vamos nos lembrar disso, irmãos, e não dizer uma palavra que vá distorcer o irmão Prescott.

B. L. House: Foi a própria irmã White que escreveu a declaração de que o termo Babilônia não poderia se aplicar à Igreja Católica, ou isso foi copiado de algum outro autor?

W. W. Prescott: Isso estava na declaração escrita.

B. L. House: Ela já mudou alguma coisa nos nove volumes dos Testemunhos?

W. W. Prescott: O Grande Conflito é único livro que eu sei que foi revisado.

C. M. Sorenson: O Primeiros Escritos não foi revisado? Sei que algumas omissões foram feitas nas últimas edições.

W. W. Prescott: Talvez algumas coisas tenham sido deixadas de fora, mas não acho que a escrita em si tenha sido revisada.

A. G. Daniells: Vocês sabem que há uma declaração de que o Papa mudou o sábado, e outra de que o papado foi abolido. O que vocês fazem com elas?

B. L. House: Não há nenhum problema nisso.

A. G. Daniells: Por que não? O Papa não mudou o sábado?

H. L. House: Mas o Papa representa o papado.

A. G. Daniells: Há pessoas que só creem que houve um certo Papa que mudou o sábado, devido a como elas seguem as palavras. Ela nunca quis dizer que um certo Papa mudou o sábado, mas sabem, eu tive isso trazido a mim centenas de vezes em reuniões de ministros.

B. L. House: Eu nunca tive nenhum problema com isso.

A. G. Daniells: Mas você é só um. Há cerca de 2 mil outros. Eu tive que trabalhar com homens só gradual e cuidadosamente, e o tempo todo vigiando para não dar a impressão de que eu duvidava dos Testemunhos.

Eu sei que dizem por aí que alguns de nós em Washington, encarregados da obra administrativa geral, são incrédulos e instáveis, mas quero dizer a vocês que eu sei mais. Eu sei que meus associados têm confiança firme na plataforma sólida de toda esta questão; e sei que se muitos de vocês tivessem passado por isso e experimentado o mesmo que nós, vocês teriam passado por uma experiência que lhes daria base sólida. Vocês teriam se abalado um pouco, e estão começando a se abalar agora, e alguns de vocês não sabem onde vão aterrissar. Estas perguntas mostram isso. Mas isso não quer dizer que não há um alicerce. Isso quer dizer que vocês não passaram pelas labutas ainda para ter seus pés em um chão sólido.

Eu quero fazer esta sugestão, pois com todas estas questões nós não podemos seguir uma linha de pensamento logicamente: nós precisamos usar o bom senso ao lidar com toda esta questão, irmãos. Não sejam descuidados com suas palavras. Não sejam descuidados ao reportar ou representar as opiniões dos outros. Eu tive que lidar com isso por anos e anos, como vocês sabem, em toda reunião de ministros; e fui chamado para aulas em colégios de novo e de novo, e tive que dizer coisas que esses ministros e alunos nunca ouviram antes sobre isso; e tenho orado por sabedoria e para que o Espírito do Senhor os dirija, e lhes dê fé, e encubra as coisas que deixariam dúvida. E nunca chegou a mim que uma afirmação cuidadosa, cautelosa, feita no temor de Deus, perturbou uma única pessoa. Pode ter acontecido, mas não chegou até mim. Vocês peguem nossos ministros: este irmão [o irmão Waldorf] sabe o quanto isso foi discutido em nossas reuniões de ministros na Austrália, e lidamos com tudo claramente. Nós não tentamos colocar um véu sobre os olhos do povo, e creio que vocês encontrarão na Austrália pregadores e igrejas que creem firmemente no espírito de profecia e no chamado da irmã White pelo Senhor, assim como vão encontrar em qualquer lugar na face da terra. Tomem a Nova Zelândia: eu os levei lá, e acho que é bem conhecido que não há lugar no mundo onde as pessoas são mais fiéis a este dom do que lá.

Eu não creio que seja necessário dissimular um pouco, mas creio sim, irmãos, que temos que usar a sabedoria que somente Deus pode nos dar ao lidar com isso até que as coisas gradualmente se resolvam. Nós fizemos mudanças maravilhosas em dezenove anos, irmão Prescott. Há quinze anos nós não poderíamos ter falado como estamos falando aqui hoje. Não teria sido seguro. Este assunto foi vindo gradualmente, e mesmo assim as pessoas não estão perdendo sua confiança no dom. Ano passado nós vendemos 5 mil conjuntos dos Testemunhos, e eles custam oito ou nove dólares o conjunto. Em um ano, nossos irmãos e irmãs, sob a influência de homens e pregadores da Associação Geral, e das Uniões-Associações, e Associações locais, — sob sua influência, sem nenhuma compulsão, nossos irmãos vieram e gastaram quarenta ou cinquenta mil dólares pelos Testemunhos. O que vocês acham que isso indica?

Voz: Confiança.

A. G. Daniells: Sim, confiança, e uma atitude amigável. Eles não os compraram como críticos para fazê-los em pedaços. Precisamos ser julgados por nossos frutos. Eu quero dizer a vocês que quanto mais clara for nossa visão sobre os fatos exatos do caso, mais forte será a posição de todo o nosso povo neste assunto.

Agora, irmão Benson, eu vejo toda a linha à qual você se referiu. Nós não podemos corrigir isso em um dia. Precisamos usar grande julgamento e cautela. Espero que vocês, professores de Bíblia, sejam excessivamente cuidadosos. Eu fui chamado aqui duas vezes para falar do espírito de profecia, nas aulas de Bíblia e de treinamento pastoral. Eles trouxeram esta questão de história. Eu simplesmente disse, “Agora, garotos, a irmã White nunca alegou ser uma historiadora ou alguém que corrige a história. Ela usou o melhor que ela conhecia para o assunto sobre o qual ela estava escrevendo.” Eu nunca ouvi de um professor que esses garotos zumbiram ao redor dele dizendo, “O irmão Daniells não crê que os escritos da irmã White são confiáveis.” Eu creio que o Senhor vai nos ajudar a cuidar disso se formos cuidadosos e usarmos o bom senso. Penso que isso é tudo que eu posso dizer neste tipo de discussão.

Nota:

1.  Em Spectrum 10, no. 1 (Maio de 1979), 23-57.