A Assembleia Geral de 2025 expôs as fragilidades do adventismo ao tratar superficialmente de temas importantes como diversidade, ativismo, igualdade de gênero, missão e novas gerações


Por Ezrica Bennett | Traduzido e adaptado do original em inglês por André Kanasiro para a revista Zelota. Republicado em colaboração com SPECTRUM: o periódico e website do Adventist Forum desde 1969. www.spectrummagazine.org

Já faz mais de um mês desde que minha equipe e eu atravessamos o aeroporto lotado de St. Louis, Missouri, nos dispersando para nossas respectivas casas em diferentes estados e continentes. A Assembleia da Associação Geral (AG) de 2025 foi, de muitas maneiras, uma experiência inesquecível. Foram duas semanas inteiras de brainstorming, reuniões, redação, edição, gravações e realizações de eventos. Em alguns dias observamos a partir do espaço da imprensa, absorvendo a vista de cima; em outros dias, tivemos longas conversas com estranhos e amigos de longa data.

A Assembleia da AG foi como adentrar um microcosmo — nosso próprio mundo dentro do mundo. Foi empolgante, esclarecedor e exaustivo, tudo ao mesmo tempo.

Para falar a verdade, eu participo de Assembleias da AG desde antes de Ted Wilson ser presidente. Minha primeira assembleia, em 2005, também foi em St. Louis. Eu era criança na época, indo atrás dos meus pais — empresários que vendiam comida jamaicana deliciosa para os delegados e participantes. Agora, duas décadas depois, algumas coisas mudaram, e outras permanecem iguais. Eu não sou mais uma garotinha seguindo os pais. De muitas formas, eu sou agora uma adulta formada e uma participante ativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Eu faço parte de comissões executivas, contribuo com discussões na Divisão Norte-Americana (NAD), crio classes, escrevo material devocional para pastores e leigos, e escrevo profissionalmente para várias instituições da IASD.

Isso me dá uma perspectiva única. Eu sou ao mesmo tempo uma jovem adulta e uma líder. Eu participo no nível local e no nível executivo. Então para mim, participar da Assembleia da AG este ano não dizia respeito somente à escrita de artigos; foi uma chance de observar minha igreja global através de lentes mais maduras e refinadas.


Na noite de quinta-feira, no dia 10 de julho de 2025, pessoas com bandeiras da Divisão Interamericana sobem ao palco durante a Assembleia da AG em St. Louis, MO.

Há tanta coisa que eu aprecio no adventismo, especialmente a reunião de culturas e identidades de todo o mundo em um espaço compartilhado. Mas mesmo com toda essa beleza, uma dor permanece me incomodando. Tão grande oportunidade de celebração e transformação frequentemente acaba em uma série de oportunidades perdidas. Aqui estão cinco tropeços que, acredito, fazem com que a IASD continue a cair e perder sua influência:

Diversidade como estética, não como prática

O adventismo é um triunfo da diversidade, uma demonstração poderosa de conexão global. Como talvez uma das denominações mais globalmente diversas no planeta, a IASD consegue o feito notável de reunir milhares de pessoas de praticamente todos os continentes para a Assembleia da AG. E ainda assim, a despeito de toda a sua presença global, o evento de 10 dias frequentemente parece um santuário para a cultura estadunidense e eurocêntrica. Convidamos o mundo para achatar suas identidades, sacrificando sua singularidade no altar da uniformidade.

Isso ficou desconfortavelmente óbvio em duas áreas: comida e música. Como uma jamaicana que cresceu rodeada de comida maravilhosa, e cujos pais tinham restaurantes, eu sei como é profunda a conexão da culinária com a cultura. Eu também sei, a partir da minha experiência como fornecedora, que criar cardápios para refletir culturas globais não é difícil. Mas a comida oferecida na Assembleia da AG era um insulto. Era sem graça ou inspiração, e completamente desconectada das pessoas que supostamente deveria nutrir.

Perto do fim da assembleia administrativa do domingo, 6 de julho, Sarafina Sikwata, uma delegada da Divisão Africana Centro-Oriental, foi ao microfone da plenária e pediu que a liderança tratasse da qualidade da comida, dizendo em alto e bom tom que a qualidade estava horrível. “Ontem o arroz estava cru…” disse ela sem rodeios. A assembleia administrativa, que tinha ficado em silêncio a manhã toda, irrompeu em aplausos.


Sarafina Sikwata pede à liderança da AG que trate da qualidade da comida oferecida aos delegados.

Mais tarde, na cafeteria, eu olhava para um prato e não sabia dizer se ele era purê de maçã ou mingau de aveia. Não foi somente ruim, foi esclarecedor. Mesmo quando os chamados “pratos culturais” estavam disponíveis, eles tinham sido extirpados de sua identidade, americanizados ao ponto de ficarem irreconhecíveis.

Esta falta de cuidado não se deve a impossibilidades logísticas. Nós sabemos que a Assembleia da AG se reúne a cada cinco anos. Com um planejamento intencional, uma equipe poderia facilmente garantir que a comida reflita e celebre a variedade de culturas representadas. Mas esse tipo de consideração simplesmente não é uma prioridade.

A mesma decepção se estende à música: a música das assembleias da AG sempre são impecáveis em forma e talento. Instrumentistas e vocalistas de todo o mundo se reúnem e produzem momentos de beleza transcendental. Às vezes, as vozes se misturam tão natural e poderosamente que parece até que há anjos participando. E ainda assim, mesmo quando corais da Ásia ou África se apresentavam, eles cantavam hinos ocidentais, frequentemente em inglês e raramente em sua língua nativa. O resultado? Brilhantismo cultural reempacotado para servir a normas eurocêntricas.


Quarteto brasileiro Arautos Do Rei canta no dia 5 de julho de 2025, durante a Assembleia da AG em St. Louis.

Não era uma celebração — era performance.

Não era unidade — era apagamento.

Nós minimizamos, padronizamos, higienizamos.

A IASD destaca a diversidade quando apresenta batismos e ministérios ao redor do mundo, mas quando surge a chance de incorporar esta diversidade na alimentação, na música e nos idiomas, fica tudo para depois. Sim, há a Festa das Nações no último sábado — na qual as pessoas vestem seus trajes tradicionais e caminham orgulhosamente pelo palco — mas um espetáculo de duas horas não compensa duas semanas de assimilação cultural. A verdadeira diversidade não diz respeito a quem você exibe, e sim a quem você prioritiza — e como.

Na conjuntura atual, quando nos reunimos para a Assembleia da AG, ainda dizemos ao mundo: apareçam, mas andem na linha.

Raízes ativistas abandonadas

Um dos momentos mais comoventes na Assembleia da AG foi um evento da Spectrum com o Dr. Kevin Burton, diretor do Centro de Pesquisa Adventista na Universidade Andrews. Diante de um público distinto no salão da Spectrum, ele falou sobre seu livro que está no prelo, Apocalyptic Abolitionism: How Immediate Millennialists Helped Abolish Slavery and Reform America [“Abolicionismo apocalíptico: como milenaristas ajudaram a abolir a escravidão e reformar os EUA”]. O livro explora como os adventistas primitivos — especificamente os milenaristas — lutaram pela abolição da escravidão. Eles eram crentes socialmente engajados e que buscavam a justiça com uma convicção feroz — sem medo de tomarem posições corajosas. Pelos padrões atuais, eles seriam chamados de “woke” ou “progressistas”.

O ativismo não é um acessório do adventismo; ele faz parte de seus alicerces. A igreja primitiva foi formada por pessoas que acreditavam na igualdade de direitos e estavam dispostas a assumir posições políticas e sociais muito claras. Esse espírito de envolvimento é central para quem somos como uma denominação. Contudo, o adventismo moderno frequentemente se inclina para a neutralidade, oferecendo respostas cautelosas e politicamente corretas em momentos que exigem clareza moral.


Alexander Carpenter, editor-chefe da Spectrum, entrevista Kevin Burton durante um evento a respeito do novo livro de Burton [Foto: Sandra Muñoz / Spectrum].

Burton falou com o tipo de convicção e profundidade que só vem após anos de pesquisa, e me impressionou o fato de que esta faceta da história adventista nunca tenha recebido este tipo de exploração acadêmica minuciosa. Sua pesquisa é urgente e restauradora, dando aos adventistas a chance de se reconectar com os valores que um dia ajudaram a IASD a crescer.

Sua apresentação reverberou comigo de uma forma profundamente pessoal, especialmente porque ele começou esta pesquisa em 2020, durante a pandemia — a mesma época em que minha relação com a IASD começou a mudar. Eu via pessoas como eu serem assassinadas sem motivo pela brutalidade policial, esperando por apoio e ação de líderes adventistas. Mas o silêncio foi ensurdecedor. Eu comecei a me perguntar por que eu estava dando tanto para uma igreja que não parecia me enxergar. Algo em mim se quebrou, e tive medo de que nunca fosse consertado. Mas ouvir Burton falar reacendeu minha esperança.

Suas palavras têm um poder curativo, não só para mim, mas para muitos que se sentem silenciados ou ignorados pelo adventismo. Sua apresentação oferece algo significativo para os jovens adultos que estão deixando o adventismo em números cada vez maiores, não porque perderam sua fé em Deus, e sim porque estão desiludidos com a IASD e sua falta de envolvimento com questões de justiça. Seu novo livro tem o potencial de transformar o cenário do adventismo, ajudando-nos a criar uma denominação que seja mais segura, mais honesta e mais inclusiva para os que estão às margens.

Contudo, há um detalhe impossível de ignorar. O livro de Burton não está sendo publicado por uma editora adventista. Ele está sendo publicado pela New York University Press. Eu não sei todos os motivos por trás disso, mas na minha opinião isso diz muita coisa. Parece que, uma vez mais, estamos perdendo a oportunidade de contar uma história poderosa — uma história que poderia nos ajudar a seguir em frente.

Kevin Burton está fazendo um trabalho que pode nos ajudar a lembrar de quem um dia fomos. Minha esperança é que sua pesquisa nos inspire a reivindicar o espírito que nos criou, pois uma igreja que esquece suas raízes na luta pela justiça é uma igreja que abandona seu futuro.

Apoio à igualdade das mulheres “pra inglês ver”

Na noite em que Erton Köhler foi eleito presidente da AG, eu estive na coletiva de imprensa, ouvindo enquanto ele respondia perguntas de jornalistas e veículos de mídia de todo o mundo. Uma de suas respostas em particular chamou minha atenção. Foi a forma dele falar sobre mulheres. Suas palavras me pareceram algo novo, e até me deram esperança. Ele reconheceu que as mulheres deveriam ter mais acesso e oportunidades de se envolverem na liderança da IASD, enfatizando que elas têm contribuições não só valiosas, mas insubstituíveis.

Para deixar claro, ele também observou que não estava tomando uma posição na questão da ordenação feminina; mas, como alguém que esteve em salas cheias de mulheres no ministério — pastoras, capelãs e líderes — eu conheço a paixão que elas têm. Eu escutei suas histórias, suas frustrações e suas esperanças, sabendo que suas contribuições podem permanecer não reconhecidas simplesmente por causa de um sistema construído para excluí-las. Então as palavras de Köhler pareceram um convite, uma possível abertura para o tipo de mudança pelo qual mulheres adventistas têm lutado há décadas.

No entanto, uma suspeita silenciosa permanece. Eu quero acreditar nele. Estou cheia de curiosidade, mas também de cautela. É muito comum que palavras assim sejam “só para inglês ver”.

Houve sinais significativos de progresso na Assembleia da AG este ano, já que 17 mulheres foram eleitas para posições de muita influência. Eu tive o privilégio de me encontrar rapidamente com Audrey Andersson, a única vice-presidenta da AG, enquanto atravessava a rua. Eu perguntei a ela como era estar nesse cargo, e ela respondeu calorosamente, compartilhando sua esperança de que mais mulheres tenham o acesso e a oportunidade que ela tem e enfatizando como as contribuições das mulheres são essenciais para a IASD.

Contudo, em todos os meus anos como mulher adventista no ministério, eu observei o futuro se iluminar lentamente, sentindo mais um otimismo cauteloso que um caminho claro adiante.

É por isso que dois eventos na Assembleia da AG foram profundamente importantes para mim. O primeiro foi uma reunião organizada pela Associação de Mulheres Adventistas (AAW) para honrar pioneiras — pastoras, médicas, engenheiras — que foram as primeiras em suas áreas ou deram grandes contribuições para suas comunidades e o mundo. Escutar suas histórias me encheu de admiração. Eu não podia deixar de questionar por que essas histórias não estão sendo compartilhadas no palco principal, e por que ainda estamos tendo as mesmas conversas antiquadas sobre mulheres serem ou não ordenadas.


Associação de Mulheres Adventistas concede a Anathasie Nda, uma pastora de Camarões, o prêmio de Mulher do Ano de 2025 [Sandra Muñoz / Spectrum].

O segundo evento foi um lançamento de livro com sessão de autógrafos realizado pela Spectrum e apresentando a história de Merikay Silver McLeod. Quando tinha vinte e poucos anos, Merikay trabalhou na editora adventista Pacific Press. Quando descobriu que estava recebendo menos que seus equivalentes masculinos, ela levou a organização aos tribunais. Sua coragem e obstinação em face de sistemas construídos para reforçar desigualdade levaram a um efeito dominó que se estendeu para além do adventismo. O caso dela influenciou mais de 500 outros casos, e é citado em pesquisas mundiais sobre discriminação no trabalho.


Merikay Silver McLeod fala com o público no lançamento de seu livro pela Spectrum em St. Louis [Sandra Muñoz / Spectrum].

Nosso tratamento das mulheres é, para ser franca, estranho. Nós somos uma denominação que reverencia os escritos de uma mulher. Elevamos as palavras de Ellen G. White — às vezes a ponto de constranger pessoas que não centralizam suas vidas em torno dos conselhos dela — e, no entanto, construímos sistemas que silenciam as mulheres ao nosso redor. Nós erguemos a voz de uma mulher enquanto garantimos que muitas outras jamais sejam ouvidas.

Eu frequentemente me pergunto: se White vivesse hoje — mesmo que ela fosse inspirada e chamada por Deus — será que daríamos ouvidos a ela? Será que lhe daríamos espaço para falar? Ou será que sua voz seria ignorada, seu chamado desprezado?

Nós poderíamos ser uma denominação que está na vanguarda da igualdade de gênero, e isso nos daria mais destaque do que qualquer campanha de literatura ou conferência evangelística que organizamos. Isso demonstraria ao mundo que somos um povo que de fato valoriza a igualdade como Cristo fazia. Mas, ao invés disso, continuamos apegados a sistemas datados, mantendo uma misoginia disfarçada de tradição.

Visão estreita de missão

Durante a mesma coletiva de imprensa na qual Köhler falou sobre a função das mulheres no ministério, ele também enfatizou repetidas vezes a importância da “missão”. Ele falou de honrar a missão, priorizar a missão, focar na missão — mas nunca esclareceu o que de fato é a missão. Ele não articulou como devemos priorizá-la ou como ela é na prática. Então o que exatamente é a missão?

Já faz muito tempo que o adventismo enfatiza evangelismo e trabalho missionário. Como muitas denominações cristãs, alcançar pessoas faz parte da nossa identidade. Mas uma das oportunidades perdidas na Assembleia da AG foi a chance de mobilizar pela missão de uma forma significativa e tangível — ali mesmo, na cidade de St. Louis.

Embora tenha havido alguma comoção sobre a IASD oferecer apoio financeiro à cidade — algo louvável — durante o tempo que passei em St. Louis, andando em meio a milhares de pessoas que, como Köhler, creem na missão do adventismo, eu me perguntei: o que aconteceria se um desses 10 dias — só um — fosse dedicado a impactar a cidade de modo visível e duradouro?

Por impacto eu não me refiro à distribuição de panfletos ou de cópia d’O grande conflito. Eu não me refiro a repetir os mesmos velhos padrões de proselitismo que ignoram o contexto das pessoas que estamos tentando ajudar. O planejamento da Assembleia da AG começa cinco anos antes. E se esse período de tempo incluísse esforços intencionais de estudar a demografia local? E se os organizadores fizessem parcerias com abrigos, escolas, clínicas e organizações comunitárias que oferecem comida, abrigo, apoio jurídico ou auxílio financeiro? E se levássemos nossos corais para cantar em hospitais, organizássemos grupos de jovens para servir em refeitórios sociais, ou enviássemos delegados para mentorear estudantes locais?


Panfletos religiosos descartados no chão perto do Complexo do Centro de Convenções America’s Center em St. Louis durante a Assembleia da AG.

E se, ao invés de deixar um caos logístico no aeroporto após nossa partida, deixássemos para trás um legado de compaixão? E se os residentes de St. Louis não se lembrassem da Assembleia da AG por causa dos mais de 50 mil adventistas enchendo hotéis e entupindo os terminais do aeroporto, e sim porque essa multidão os alimentou, ajudou e enxergou?

Ao invés disso, muito do nosso movimento parecia uma migração instintiva — do hotel para o centro de convenções e vice-versa. Nossa energia estava completamente voltada para dentro. Embora eu tenha ouvido falar de grupos como os jovens da NAD prestando serviços à comunidade, e este trabalho seja muito louvável, eu não posso deixar de imaginar o poder que seria aumentar a escala dessa visão.

O que aconteceria se o serviço à comunidade fizesse no coração da cultura da AG? E se cada participante fosse sabendo que parte do seu propósito ali era ajudar a cidade a florescer de formas tangíveis?

Negligenciando os jovens adultos

Um dos meus companheiros de equipe perguntou a Köhler sobre a tendência atual de jovens adultos saindo da IASD num ritmo assustador. É uma preocupação que pesa nas mentes dos líderes, desde os níveis mais altos da administração até a igreja local, e contudo, na minha perspectiva, permanece uma conversa que reconhecemos na teoria, mas não buscamos resolver na prática. O adventismo adora falar de jovens adultos, mas faz tão pouco para se envolver com eles de modo significativo. A Assembleia da AG poderia ter sido uma oportunidade poderosa de mudar isso, de realmente atrair jovens adultos e mostrar a eles que suas vozes importam.

Embora eu tenha conhecido jovens adultos de todo o mundo atuando como delegados, sua presença parecia mais incidental que intencional. Um delegado da Austrália me disse que o regimento interno exige um representante que seja jovem adulto. Imagine se isso acontecesse em todos os lugares.

Em uma conversa com Alexander Carpenter, editor-chefe da Spectrum, ele fez uma sugestão significativa. “E se, ao invés de ter tantos delegados num lugar só e transportar delegados do mundo todo para permanecer em silêncio durante as reuniões, nós usarmos esses dez dias para investir em líderes emergentes?” Minha mente se agitou com as possibilidades. E se criássemos redes globais de jovens adultos empoderados para reimaginar o futuro do adventismo? Poderíamos selecionar jovens adultos de todas as divisões, assim como delegados são selecionados, e darmos a eles tempo com o presidente, vice-presidentes da AG, e líderes de divisões. E se eles fossem convidados para almoçar com administradores, recebessem espaço para dar ideias, fazer perguntas difíceis, e compartilhar suas esperanças e preocupações? Mesmo que nenhuma de suas sugestões possa ser implementada imediatamente, o simples ato de escutar seria revolucionário, espelhando a chama do empoderamento por toda a denominação.

A Assembleia da AG é uma das poucas ocasiões em que todos os líderes notáveis da IASD se reúnem no mesmo lugar. Não se envolver com a próxima geração diretamente — face a face — é mais uma oportunidade perdida. A sensação é a de que estamos assistindo a uma cerimônia de lágrimas e transições entre homens que estiveram no poder por tempo demais; como poder sendo passado de uma figura para outra — desconectados da cultura e das preocupações da igreja de hoje.

Adventistas adoram dizer que “os jovens são o futuro”, mas a IASD raramente dá a eles poder no presente. Ao invés disso, sua participação continua sendo limitada, e os jovens adultos vão embora — não porque perderam sua fé em Cristo, mas porque perderam sua fé na igreja.

Os próximos cinco anos 

Os adventistas se posicionam como uma denominação de influência e autoridade espiritual, frequentemente se identificando como o remanescente — o povo escolhido. Mas é esta mesma certeza, esta confiança inabalável na “identidade” adventista, que frequentemente nos faz perder algumas de nossas mais poderosas oportunidades de impacto. Ficamos tão ancorados na ideia de estarmos “certos” que paramos de evoluir. Tanto do nosso ministério quanto da nossa cosmovisão têm um foco estreito na distribuição dos escritos de White ou na ênfase à segunda vinda. No processo, perdemos contato com o presente.

St. Louis é conhecido por seu icônico Arco, uma estrutura gigantesca construída para simbolizar a expansão para o oeste e novas oportunidades. Espero que no adventismo possamos construir nosso próprio arco metafórico — um símbolo de abertura, crescimento e movimento adiante. A missão não mudou, e a mensagem também não. Mas o método precisa.

Talvez os próximos cinco anos sob esta nova liderança possam sinalizar uma mudança. Talvez a AG possa ser mais do que uma grande reunião de milhares ao redor do mundo; possa tornar-se um reflexo de nossa disposição para evoluir, abraçar a intencionalidade e adentrar corajosamente novas formas de agir e transformar o mundo.