A recepção da Teologia Negra no Brasil busca mimetizar a experiência negra dos Estados Unidos para o contexto brasileiro, sem levar em consideração a comunidade que a gerou, tratando-a como um conteúdo emancipatório em si


Por André Castro e Jayder Roger | André Castro é baiano, estudou teologia na Faculdade Latino Americana e é batista. Pesquisa Teologia da Libertação e Marxismo e faz parte do conselho editorial da revista Zelota. Jayder Roger é designer gráfico e faz parte do conselho editorial da revista Zelota.

Na imagem, Henrique Vieira, James Cone e Ronilso Pacheco (Edição: Jayder Roger)

Poder Negro

Os anos de 1960 marcaram a história do mundo ocidental. Por todos os lados surgiam lutas e movimentos de libertação. Na América Latina explodiram guerrilhas e revoluções dos mais variados tipos. Nos Estados Unidos, ocorriam várias lutas protagonizadas por diversas organizações revolucionárias e reformistas que buscavam reafirmar a plena humanidade do povo negro. Desde os tempos da colonização, essa população havia sido a base da exploração e da própria formação da nação. Essas lutas deixaram marcas nos títulos dos jornais e nas fichas policiais, enquanto o Estado empregava todos os seus esforços para desmobilizar o movimento de libertação. 

Nomes como Malcolm X, Kwame Ture, Martin Luther King e Huey Newton tornaram-se conhecidos por liderarem a Nation of Islam (Nação do Islã),1 o Black Power (Poder Negro), o Movimento dos Direitos Civis e os Panteras Negras, respectivamente. Todas essas organizações contaram com uma importante participação das Igrejas Negras na luta do povo negro estadunidense.

Igreja Negra

O que chamamos hoje de Black Churches (Igrejas Negras) foi formado no início da colonização dos Estados Unidos, na particularidade do regime escravista da região e na ebulição entre as tradições dos escravizados e a religião dos seus captores brancos, como demonstrou Du Bois:

as primeiras igrejas não eram de modo algum cristãs ou organizadas; em vez disso, tratava-se de uma adaptação e uma fusão dos rituais pagãos conduzidas entre os membros de cada ‘plantation’ e designadas de forma genérica como voduísmo. A convivência com os senhores de escravos, os esforços dos missionários e as questões de conveniência deram a esses ritos um primeiro verniz de cristianismo, e depois de várias gerações a igreja negra se tornou cristã.2

Somente a partir do século 18, com o movimento conhecido como Grande Despertamento (Great Awakening), a expansão do protestantismo anglo-americano passou a se interessar pela conversão dos escravizados. Esse interesse pela conversão abriu uma oportunidade3 para que os negros pudessem expressar sua espiritualidade publicamente e, algum tempo depois, assumir posições de liderança como pastores e ministros do evangelho. Além disso, desenvolveram suas próprias interpretações das Escrituras e encontraram inspiração em histórias de libertação, como a do Êxodo.

É desse solo que surge então o Black Social Gospel (Evangelho Social Negro), uma alternativa ao evangelho social dos missionários europeus, que “afirmava a dignidade, a pessoalidade sagrada, a criatividade, e agência moral dos afro-americanos em resposta à opressão racial”, além de gerar “intelectuais e ativistas” que atuavam dentro de suas comunidades religiosas, “ajudando a criar uma esfera pública alternativa de vozes excluídas”, o que mais tarde influenciou também “o desenvolvimento da teologia negra”.4 O Black Social Gospel esteve por trás de grandes nomes como Reverdy Ransom, Alexander Walters, Adam Clayton Powell Sr., Richard R. Wright Jr., Mordecai Wyatt Johnson, Howard Thurman, Benjamin E. Mays, Pauli Murray, Martin Luther King Jr., entre outros.

Teologia Negra

James H. Cone surge publicamente neste contexto. Seu primeiro livro, Black theology and black power (1969), marcava uma novidade no pensamento teológico que, desde o seu começo, deixou claro que não se tratava de uma mera formulação teórica, mas da expressão de uma experiência comunitária que começava na escravidão e chegava até a luta do poder negro:

A ideia de uma teologia negra da libertação não foi criada em um seminário ou universidade. Ela emergiu das igrejas negras que estiveram envolvidas com a luta negra de libertação desde sua origem até hoje.5

Os textos de Cone, sua sistematização e sua formulação teológica sempre tiveram o interesse de ser uma articulação daquelas esperanças e crenças que se produziam na experiência comunitária da luta do povo negro. Os seus livros ganham relevância histórica porque não são meras demonstrações das suas capacidades de imaginar novas sínteses teóricas, mas expressões de vivências e esperanças reais que levavam à luta. Cone não estava propondo uma nova teologia em abstrato; pelo contrário, estava formalizando uma experiência concreta. Essa experiência de indignação em face ao racismo, que organizava aquelas comunidades de fé e luta, é então o parâmetro que mobiliza a sua escrita, a ponto de reorganizar a teologia cristã para dar razão à luta. O exemplo mais claro disso está no segundo capítulo do seu livro Teologia negra (1970),6 onde Cone apresenta uma nova interpretação sobre as fontes de revelação.

É claro, a modulação teológica que Cone faz se estende por toda a teologia, mas acreditamos que o núcleo que dá razão para a interpretação de todas as outras novidades que produz está na sua noção de revelação. É no segundo capítulo que Cone coloca as sete fontes da Teologia Negra (TN): a experiência negra

é uma fonte para a Teologia Negra porque procura relacionar a revelação bíblica com a situação das pessoas negras nos Estados Unidos. Isso significa que a Teologia Negra não pode falar da ação de Deus nos Estados Unidos hoje sem o identificar na libertação da comunidade negra.7

A história negra: “A Teologia Negra foca na história negra como uma fonte de interpretação teológica da ação de Deus no mundo porque a ação divina é inseparável da história do povo negro.”8 A cultura negra é então uma expressão da experiência de sofrimento do povo negro na sua história, na qual surgem formulações culturais que revelam seu desejo por liberdade;9 a revelação se torna a identificação da ação libertadora de Deus na comunidade negra, sendo essa comunidade e sua práxis as mediadoras dessa revelação;10 a escritura é entendida como inspirada no momento em que, na sua leitura, a comunidade negra encontra o Cristo ressurreto, e, nesse espaço de liberdade que o Cristo criou, forma forças para lutar pela liberdade concreta;11 a tradição é avaliada a partir da luta do povo negro, e ganha relevância ou não a partir desse critério; Cone chega a dizer:

A Teologia Negra está preocupada apenas com aquela tradição do Cristianismo que pode ser utilizada na luta pela libertação negra. Ao olhar o passado, pergunta: ‘Como aquela tradição cristã se relaciona com a opressão dos negros nos Estados Unidos da América hoje?’12

Aí está a dialética radical de James H. Cone: as experiências das comunidades negras em luta mostraram que a fonte da revelação divina estava tanto no cristianismo quanto na história do povo em luta, e dessas duas tradições o povo negro estadunidense criava forças para lutar pela sua própria vida. O cristianismo ganha sua nova face agora na experiência negra, que lê seus próprios ritos e formulações teológicas a partir de sua própria luta. 

Um dos desdobramentos dessa formulação é a afirmação de que Jesus é negro. É em Deus dos oprimidos (1975) que essa estrutura dialética se torna mais latente. A argumentação é clara: se Jesus era judeu no seu período, ele é negro hoje. As condições de vida dos judeus no contexto de Jesus é vista como similar à situação vivenciada pelo povo negro estadunidense, e dentro da dialética do conflito social Jesus está dentro da própria experiência negra. Ele é, portanto: Negro.

O desembarque da Teologia Negra no Brasil

É na década de 1980 que temos o primeiro desembarque de peso da TN no Brasil, com uma conferência da EATWOT – Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo – em fevereiro de 1980 na cidade de São Paulo, com a presença de James Cone e Cornel West. Alguns anos depois, surgem as primeiras edições de livros traduzidos para o português13 pela Editora Paulinas. Com algumas publicações esporádicas e sem grande influência, foi somente em 2019 que a TN ressurgiu no Brasil; Ronilso Pacheco é um dos responsáveis por isso. O teólogo, que havia ganhado relevância nas redes sociais com seus textos de Facebook que chegaram a compor seu primeiro livro – Ocupar, resistir, subverter (2016) –, marca essa segunda chegada da TN no Brasil com seu livro Teologia negra, o sopro antirracista do espírito (2019). 

Nesta segunda chegada, via Pacheco, acontece uma mudança que se torna visível no segundo capítulo do seu livro. Nesse capítulo, que se propõe explicar o que chama de “sopro antirracista do espírito”, há um subcapítulo intitulado “suas principais características”.14 Há de se esperar que nela se exponha sistematicamente como se organizam as principais afirmações de fé que mobilizaram a produção da TN. O autor diz que essa classificação é “fruto da percepção de características comuns, na medida em que eu mesmo fui tendo contato com a TN e sua experiência ao redor do mundo”.15

Ronilso coloca, portanto, cinco características principais: Territorialidade, Afrocentricidade, Ancestralidade e tradição, Corporalidade, Cosmovisão dialogal e inclusiva. Só pelos próprios títulos já se percebe que as características listadas por Pacheco dizem mais sobre seu próprio horizonte teórico do que sobre a TN de James H. Cone, o que é razoável. O problema surge na descrição quase genérica da TN; no livro, não é possível identificar se ele está se referindo ao que James H. Cone está falando ou se é sua formulação. A indefinição é tamanha que este capítulo, no qual Pacheco pretende expor o núcleo da TN, reflete um horizonte teórico muito mais próximo de certa ideologia pós-colonial16 do que dos referentes teóricos da luta negra de libertação estadunidense.

É claro, não podemos esquecer que a importação de Cone via Pacheco vem como uma proposta de reagir à situação conflituosa que o bolsonarismo estava produzindo, como deixa muito claro Silvio Almeida no seu prefácio. Em face ao monstro bolsonarista, Pacheco quer reler a TN para produzir o que chama de Teologia Negra Brasileira. O mesmo não se aventura a detalhar o que seria isso, reduzindo-se a apontamentos de como fazer esse caminho. Para tal empreitada seria necessário ler os teóricos sociais que pensaram a raça no Brasil, e as próprias lutas que foram produzidas aqui. 

A TN banhada na aura pós-colonial ganha força dentro de certo setor evangélico que não gostava do que via no bolsonarismo. O identitarismo bolsonarista é então rivalizado por outro. Na força dessa aura, o próprio James H. Cone é republicado. Interessante que o título, de Teologia Negra da Libertação (1970),17 torna-se Teologia Negra (2021). Essa mudança denota um interesse em propor certa novidade, que condiz mais com interesses teóricos de alinhamento à aura pós-colonial do que com a relação histórica entre a Teologia Negra estadunidense e a Teologia da Libertação latino-americana.18 No prefácio para a edição da Teologia Negra, Pacheco argumenta que foi uma decisão acertada retirar “da Libertação” ao título do livro em português, porque a “maioria das pessoas com alguma familiaridade” com a teologia latino-americana “costumam colocar diversos protagonismos teológicos” sob um grande “guarda-chuva” da Teologia da Libertação. Mesmo reconhecendo a relação entre Teologia Negra e Teologia da Libertação, Pacheco admite como positiva a decisão editorial. 

O que ambos perdem de vista, com essa suposta familiaridade das pessoas para com a teologia latino-americana, é a relação histórica de Cone e das Igrejas Negras norte-americanas com o tema latino-americano da Libertação. Como bem exemplificado pelo próprio Cone (1993),19 teólogos negros e do Terceiro Mundo usaram o termo “libertação” como foco de sua preocupação teológica. As primeiras referências à ‘libertação’, como cerne do evangelho e como definição de suas teologias, foram feitas por teólogos negros e latinos, quase simultaneamente, mas independentemente um do outro. 

O Jesus fora de lugar de Henrique Vieira

É em 2023 que Henrique Vieira coloca sua contribuição a essa nova rodada da TN no Brasil. O livro O Jesus Negro, o grito antirracista da Bíblia (2023), que frequentemente menciona o nome de Pacheco, é mais próximo da teologia de James H. Cone do que da interpretação de Pacheco. O percurso teológico de Vieira é completamente ligado à dialética revelacional Cristo-sujeito oprimido de Cone em Deus dos oprimidos (1975), de modo que os pequenos capítulos são apenas breves resumos das conclusões de Cone com menções ao contexto nacional. O problema surge quando Vieira argumenta que precisamos mimetizar a experiência estadunidense relatada por Cone, afirmando que “é essa a experiência que precisamos afirmar, construir e potencializar no Brasil”.20

Nisso, a experiência negra aqui seria igual à experiência negra de lá. Afirmar isso é ignorar tanto a história de luta dos racializados brasileiros quanto os processos históricos particulares de cada país, que marcam formas próprias de racialização. A formulação teológica da TN, que está estruturalmente ligada à luta do povo negro estadunidense, é vista como fonte para alguma atuação dentro do Brasil, onde a luta do povo negro, historicamente, sempre teve uma relação extremamente íntima com as religiões afro-brasileiras, e não com o protestantismo. Diferentemente do Brasil, o protestantismo estadunidense teve uma adesão da população negra no contexto escravista. Já aqui, a particularidade do nosso regime escravista foi a supressão das manifestações religiosas afro-brasileiras, que já há muito tempo deixaram de ser apenas uma expressão de espiritualidade para ser uma “forma de organização, articulação” e “combate à opressão e discriminação étnico-racial”,21 que inclusive resistiram à “aceitação da religião da classe senhorial”22 que serviu de aparelho de dominação ideológica para que “via sincretismo as religiões afro-brasileiras” fossem “incorporadas ao bojo do catolicismo e permaneçam assimiladas no nível de catolicismo popular”.23 E mesmo que Pacheco (2019) tente apontar nas leituras dos teóricos negros brasileiros — e em um possível esclarecimento dialogal entre as tradições de matriz africana e cristãs24 — a resolução dessa contradição, ele ainda acredita que essa formulação mítico-teológica da TN tenha relação com a experiência brasileira a partir de uma identidade diaspórica compartilhada. 

A questão que nos nutre nesse breve texto mora aqui. Pacheco quer atualizar a TN com a aura pós-colonial, e Vieira quer repetir Cone na expectativa de que aquele conteúdo seja emancipatório em si. Em ambos os casos, esquecem-se que a força da própria TN residia no fato de que ela era resultado de uma comunidade concreta, que produziu seu sentido e sua luta na sua experiência de fé, sobre a qual a teologia era um momento segundo. A relevância da TN era organizar aquela nova experiência de fé e luta que surgia nos EUA, e não fundamentar alguma teologia em abstrato que poderia ser aplicada em outros lugares, como faziam os fundamentalistas. Sob o signo de uma teologia contextual, importa-se uma teologia que já vem carregada de conteúdos que devem ser postos para gerar “consciência” naqueles que estão sob o jugo de seus líderes brancos, para então enchê-los de potencial emancipatório. O que se coloca, em outras palavras, é o trabalho de base – ocorre que um trabalho de base que já vem com conteúdos próprios ou pressupostos teológicos acerca do que já está posto não é um trabalho de base, mas um trabalho na base que visa, do alto da sabedoria, explicar o erro ou debilidade para uns e outros e demonstrar como os oprimidos, apesar de sua pretensa inteligência, na verdade não sabem o que fazem e precisam ser instruídos.

A afirmação da negritude de Cristo por si só é uma constatação teológica significativa que evidencia o compromisso do filho de Deus com a causa dos oprimidos, como destacado pelo pastor Ras André Guimarães no prefácio do livro de Vieira. Essa afirmação tem até mesmo ressonâncias internacionais, uma vez que a diáspora resultante da ferida colonial é uma experiência compartilhada por todos os não-brancos ao redor do mundo. No entanto, ao adotar a Teologia Negra estadunidense de forma meramente discursiva, sem levar em consideração os laços sociais e a comunidade por trás dela, a abordagem se torna apenas uma construção discursiva, explorando recursos estéticos que são mais valorizados na era atual, onde a representação imagética nas redes sociais muitas vezes supera a importância da realidade concreta.

Mesmo que o tempo da TN tenha se encerrado nos EUA, e a Teologia da Libertação tenha morrido na América Latina, os condenados da terra, hoje sujeitos monetários sem valor,25 continuam vivenciando as contradições do moderno patriarcado produtor de mercadorias em sua crise constitutiva a partir de experiências religiosas. Enquanto as igrejas mais negras do país (pentecostais) seguem produzindo suas comunidades, seus ritos que dão razão à vida danificada pelo capitalismo em crise estrutural, Henrique quer devolver ao “cristianismo sua origem popular” e “fé engajada”.26 A TN tratada como conteúdo emancipatório em si torna-se conteúdo de educação bancária. Parece, ao fundo, que segue-se crendo que o mundo é criado na cabeça dos filósofos – no caso, dos teólogos.

Notas:

1. Malcolm X atuou mais como porta-voz da NOI no período em que integrou a mesma.

2. Du Bois, W. E. B. (1868-1963) As almas do povo negro (São Paulo: Veneta, 2021), p. 214.

3. GATES JUNIOR, Henry Louis. The Black Church: this is our story, this is our song. New York: Penguin Press, 2021.

4. DORRIEN, Gary. The New Abolition: W.E.B. Du Bois and the Black Social Gospel (New Haven & London: Yale University, 2015), p. 23.

5. CONE, James H. Speaking the truth: ecumenism, liberation, and Black theology (Michigan: Grand Rapids, 1986), p. 81.

6. O debate vai ser reaberto em Deus dos oprimidos (1975), mas as linhas gerais seguem as mesmas.

7. CONE, James H. A Black theology of liberation (Philadelphia: Lippincott, 1970), p. 57.

8. CONE, James H. A Black theology of liberation, p. 59.

9. CONE, James H. A Black theology of liberation, p. 60.

10. CONE, James H. A Black theology of liberation, p. 65.

11. CONE, James H. A Black theology of liberation, p. 69.

12. CONE, James H. A Black theology of liberation, p. 74.

13. A primeira edição de Deus dos Oprimidos foi traduzida pela editora Paulinas em 1985, além de uma coletânea de textos intitulada Teologia Negra, organizada por Gayraud S. Wilmore e James H. Cone, em 1986, traduzida também pela editora Paulinas.

14. PACHECO, Ronilson. Teologia negra, o sopro antirracista do espirito (Brasília: Novos Diálogos. 2019), p. 61.

15. PACHECO, Ronilson. Teologia negra, o sopro antirracista do espirito, p. 63.

16. Arif Dirlik introduziu o termo para descrever uma corrente teórico-metodológica emergente no final do século 20, em que o pós-colonialismo é considerado como a inteligência subjacente ao capitalismo global. Dirlik delineou uma contribuição à uma agenda de pesquisas focada na compreensão das transformações da consciência necessárias ao capital em diferentes momentos históricos, sobre o qual esse ensaio é mais uma das tentativas. Para melhor compreensão ver o artigo “A aura pós-colonial: a crítica terceiro-mundista na era do capitalismo global”. Novos Estudos Cebrap, 49, nov. 1997.

17. No original: A Black theology of liberation (1970).

18. Sobre a relação entre a Teologia Negra e Teologia da Libertação latino-americana, ver os documentos Black Theology: A Documentary History; volume 1 (1966-1979) e volume 2 (1980-1992).

19. WILMORE, G. S., & CONE, J. H. Black theology: 1980-1992 v. 2: A documentary history. Pindamonhangaba: Orbis Books, 1993.

20. VIEIRA, Henrique. O Jesus negro: o grito antirracista do Evangelho (São Paulo: Planeta do Brasil, 2023), p. 129.

21. Lopes Góes, W., & Correia, R. P. Clóvis Moura: delineamentos gerais para a superação do racismo à brasileira. Lutas Sociais, 19(34), 2015. p. 74–185.

22. MOURA, Clóvis. Rebeliões da senzala: quilombos, insurreições, guerrilhas (São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2014), p. 180.

23. MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro (São Paulo: Editora Ática, 1988), p. 55.

24. PACHECO, Ronilson. Teologia negra, o sopro antirracista do espirito (Brasília: Novos Diálogos. 2019), p. 147-148

25. O termo se refere à obra de Robert Kurz, uma tentativa de mapear a nova condição em que os antigos operários se encontram em uma sociedade colapsada e que não carece mais daquele tipo de trabalho antes necessário. Os trabalhadores, então, tornam-se massa descartável e desnecessária na reprodução fictícia do capital, ao mesmo tempo que precisamos de dinheiro para sobreviver; precisam de dinheiro, mas não têm valor. Para aprofundamentos vale conferir o livro: KURZ, Robert. Dinheiro sem valor, linhas gerais para uma transformação da crítica da economia política. Lisboa: Antígona, 2014.

26. VIEIRA, Henrique. O Jesus negro: o grito antirracista do Evangelho (São Paulo: Planeta do Brasil, 2023), p. 129.