A primeira proposta exigia que as igrejas verificassem se a transferência de membros está em harmonia com crenças fundamentais adventistas, e a segunda que pastores, primeiros anciãos e membros da comissão da igreja local considerassem mudanças na condição de membros
Por Hayden Kobza | Traduzido e adaptado do original em inglês por André Kanasiro para a revista Zelota. Republicado em colaboração com SPECTRUM: o periódico e website do Adventist Forum desde 1969. www.spectrummagazine.org
No dia 7 de julho, em St. Louis, Missouri, os delegados da Assembleia da Associação Geral (AG) rejeitaram em votação duas revisões propostas para o Manual da Igreja. A primeira mudança proposta exigiria que as igrejas verifiquem se a transferência de membros está em harmonia com crenças fundamentais adventistas, e a segunda exigiria que pastores, primeiros anciãos e membros da comissão da igreja local considerem cuidadosamente mudanças na condição de membros — tais como batismos, transferências e profissões de fé — chegando a um consenso total e buscando orientação da associação local caso o consenso não seja possível.
Originalmente, uma única emenda combinava as duas mudanças propostas, mas Ingrid Wijngaarde, uma delegada da União Holandesa, fez uma moção para dividir as duas páginas da emenda, de modo que pudessem ser votadas separadamente. A moção passou.
Quando a plenária abriu para uma discussão da primeira revisão proposta, Glenda Augustina, da Associação Norte da Inglaterra, falou a favor da emenda, sugerindo que, durante o processo de transferência de membros, as igrejas devem verificar se os membros estão vivendo de acordo com a doutrina adventista. No entanto, ela questionou como a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) executaria esta mudança de forma equitativa.
Gerson Santos, secretário associado da AG, esclareceu que a Associação Ministerial da AG oferece orientação para esse tipo de questão. “Creio que é extremamente importante considerarmos isso,” disse Santos. “No entanto, os critérios e a compreensão dos procedimentos são muito diversos para nossa igreja ao redor do mundo. Não é nosso objetivo aqui ter um critério que possa ser usado em qualquer lugar do mundo para esse tipo de questão; é por isso que temos a associação ministerial.”
Jaanus-Janari Kogerman, um delegado da União Báltica, falou contra a emenda, pois ela não se alinha com os regulamentos estabelecidos pela IASD. “Eu me coloco contra estas moções porque elas criam um nível adicional de disciplina na igreja, o que não está de acordo com o Manual da Igreja como o conhecemos,” disse Kogerman.
Ele então citou a página 71 do Manual da Igreja: “A autoridade para estabelecer provas para alguém ser membro da igreja pertence à Assembleia da Associação Geral. Portanto, qualquer pessoa que busca aplicar provas além das que são estabelecidas aqui, não representa apropriadamente a igreja.”
Além disso, segundo Kogerman, a revisão da segunda emenda, que acrescentaria o pastor, primeiro ancião e membros da comissão da igreja ao processo de consideração de membros — incluindo os primeiros anciãos na avaliação de membros — entra em conflito com o Manual da Igreja “porque o trabalho dos anciãos é dividido de acordo com dons e talentos espirituais”.
Posteriormente, Santos esclareceu que o primeiro ancião estava incluído na segunda emenda para ajudar pastores a lidarem com sua carga de trabalho, e então explicou que as linhas 32-36 não acrescentam novas regras para disciplina, e sim dão às igrejas locais mais voz para decidir quem pode ou não ser transferido.
Depois de outros delegados se colocarem contra a primeira emenda, Seth Woruba, delegado da AG, fez uma moção para encerrar o debate e prosseguir para a votação com cartões de voto. Sua moção passou. A votação, feita com cartões de votação, resultou em uma maioria contra a primeira emenda. Pierre Omeler, presidente da assembleia no dia, disse que só viu cerca de duas pessoas a favor.
“Se você for a favor da emenda, eu te peço que erga seu cartão de votação,” disse Omeler. “Vejo cerca de duas […] a moção não passou com a emenda.”
A plenária então passou para a segunda revisão proposta, que exigiria total concordância entre pastor, primeiro ancião e membros da comissão local nas mudanças de membros, sendo necessária a orientação da associação local em caso de discordância.
Norbert Zens, um delegado da Divisão Intereuropeia, disse que entende a intenção, mas se preocupa com uma incompreensão em relação a quem controla a condição dos membros. Ele argumentou que igrejas locais devem decidir a condição de membros, não a associação. “Creio que esta não é uma boa forma de prosseguir, pois a questão de membresia e transferência de batismo é decisão da igreja local e deve permanecer lá,” disse Zens.
Ele também alertou que a associação local pode ser sobrecarregada se problemas de membresia começarem a escalar rotineiramente. “Penso que a igreja local deve lidar com isso, e acho que ela sempre pode buscar aconselhamento — isso já está claro,” disse Zens. “Mas agora a associação ficaria encarregada de orientá-la nesse assunto, e acho que isso não é uma boa prática.”
Ele fez uma moção para deletar as linhas 23-26, e a moção foi aprovada.
A moção de Zens foi apoiada por Sherrie Wendt, delegada da AG. Ela argumentou que as igrejas locais devem ter autoridade para decidir mudanças na membresia ao invés da associação. Outros delegados também se colocaram contra estas mudanças, e a mesa esclareceu que só as linhas em questão seriam deletadas.
Clinton Wahlen, delegado da AG, disse que a razão para opiniões divergentes a respeito da emenda se devia a uma confusão em relação à segunda sentença: “Caso o consenso total não seja alcançado, o pastor, o primeiro ancião ou a comissão devem buscar a orientação da associação.” Ele então fez uma moção para separar as duas sentenças, deletando a segunda. Após Omeler confirmar que as sentenças poderiam ser separadas, a moção foi colocada na tela e os delegados debateram se esse era o caminho correto a seguir.
Mandla Se-Bantwini Lupondwana, um delegado da União Sul-Africana, falou a favor de deletar a sentença, pois acredita que a igreja local deve ter autoridade e responsabilidade final para a condição de membros. Ele tentou esclarecer a confusão causada pela sentença. Ele disse que a emenda original introduz o conceito de consenso, o que vai contra a política eclesiástica de voto da maioria. Ele não pensava que os criadores da emenda queriam mudar a exigência de consenso, disse, mas votar para tirar a palavra “consenso” faria parecer que qualquer um dos três — pastor, primeiro ancião, ou comissão — poderia buscar orientação da associação por conta própria.
“Do jeito que está agora […] qualquer um dos três pode acabar agindo independentemente do outro,” disse Lupondwana.
Após novas deliberações da plenária, Omeler pediu que os delegados não repetissem argumentos já feitos. Steven Sep, um delegado da União Austríaca, fez uma moção para encerrar a discussão. “Pastor, presidente, quero te ajudar,” disse Sep. “Faço moção para encerrar a questão.”
A plenária aplaudiu quando Omeler disse “Amém.” Os delegados votaram para encerrar a discussão, e Omeler então apelou para que a ação fosse rápida. Ele pediu uma votação por cartões quanto a remover ou não as linhas a respeito e consenso total e orientação da associação. A moção falhou, e a plenária voltou à emenda original. Lupondwana fez outra moção para que o debate fosse encerrado e a votação fosse feita; a moção passou.
Devido à confusão quanto a que parte da emenda estava sendo votada, Wijngaarde pediu por esclarecimento. Omeler explicou que estavam votando quanto a remover todas as linhas afirmando que o pastor, o primeiro ancião e a comissão da igreja devem considerar cuidadosamente mudanças da membresia, e que, caso não seja possível chegar a um consenso, deve-se buscar orientação da associação.
A votação final foi de 753 votos (62,4%) a favor e 454 (33,6%) contra — as linhas foram deletadas. A plenária parou para o almoço, e as duas emendas propostas foram rejeitadas em votação.