Embora não seja novidade, o projeto insere novas ofensas, incluindo prisão para os que se identificam ou apoiam os direitos LGBTQIAPN+


Por Adventist Today | Notícia traduzida e adaptada do original em inglês por André Kanasiro para a revista Zelota.

Conselho Inter-Religioso Anti-homossexualidade em Uganda (Foto: Adventist Today)

Um projeto de lei recentemente aprovado pelo parlamento ugandense para reprimir atividades homossexuais tornou-se objeto de muitos debates internacionalmente. Embora leis contra atividade homossexual já estejam presentes, o projeto de lei introduz um novo conjunto de ofensas, incluindo prisão por se identificar como gay, apoiar os direitos homossexuais de qualquer forma, distribuir material pró-gay, e chega ao extremo de combinar atos de homossexualidade com tráfico de crianças e pedofilia. Ele também pressiona os membros da comunidade a denunciarem ao governo qualquer um visto em um relacionamento homossexual.

De acordo com a BBC, alguns aspectos do projeto de lei discutido no parlamento incluem:

  • Uma pessoa que for condenada por aliciar ou traficar crianças para envolvê-las em atividades homossexuais recebe prisão perpétua;
  • Indivíduos ou instituições que apoiam ou financiam atividades ou organizações de direitos LGBT, ou publicam, transmitem e distribuem materiais e literatura pró-gays, também enfrentam processo e prisão;
  • Grupos de mídia, jornalistas e editores enfrentam processo e prisão por publicar, transmitir ou distribuir qualquer conteúdo que defenda os direitos dos gays ou “promova a homossexualidade”;
  • Pena de morte para o que é descrito como “homossexualidade agravada”, ou seja, abuso sexual de uma criança, pessoa com deficiência ou pessoas vulneráveis, ou em casos em que uma vítima de agressão homossexual é infectada com uma doença vitalícia;
  • Os proprietários de imóveis também correm o risco de serem presos se seus estabelecimentos forem usados como um “bordel” para atos homossexuais ou quaisquer outras atividades de minorias sexuais.

O parlamentar da oposição Asuman Basalirwa propôs o projeto de lei ao parlamento, “dizendo que tem como objetivo ‘proteger nossa cultura eclesial; os valores legais, religiosos e familiares tradicionais dos ugandenses contra atos que tendem a promover a promiscuidade sexual neste país’”, de acordo com a CNN.

Em fevereiro, o site de notícias Monitor relatou que um grupo chamado Conselho Inter-Religioso de Uganda (IRCU) “havia prometido fazer tudo o que fosse possível para que o projeto de lei anti-homossexualidade fosse devolvido ao parlamento, como uma das medidas para combater a disseminação da homossexualidade, especialmente nas escolas”. Membros-chave do Conselho Inter-Religioso incluem:

  1. Apóstolo presidente da Fé Renascida de Uganda,
  2. Joseph Sserwadda, Mufti do Sheikh de Uganda, Shaban Ramadhan Mubaje,
  3. Arcebispo da Igreja de Uganda, Samuel Kaziimba Mugalu,
  4. Bispo da Diocese Kiyinda/Mityana, Antony Zziwa, e
  5. Presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Uganda, Moses Maka Ndimukika.

Um relatório recente do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas afirma:

“A aprovação deste projeto de lei discriminatório – provavelmente um dos piores do gênero no mundo – é um desenvolvimento profundamente preocupante … Se assinado como lei pelo presidente, o projeto tornará as pessoas lésbicas, gays e bissexuais em Uganda criminosas simplesmente por existirem, por serem quem são. Isso poderia fornecer uma carta branca para a violação sistemática de quase todos os seus direitos humanos e servir para incitar as pessoas umas contra as outras … Não só entra em conflito com as disposições constitucionais de Uganda que estipulam a igualdade e a não discriminação para todos – também vai contra as obrigações legais internacionais do país em relação aos direitos humanos e compromissos políticos com o desenvolvimento sustentável, e coloca ativamente os direitos, a saúde e a segurança das pessoas em grave risco.”