Em mudança dramática, Erton Köhler — antes o presidente mais novo da América do Sul e depois secretário da AG — foi eleito presidente da Igreja mundial, depondo o titular Ted Wilson, que estava no cargo há 15 anos


Por Stanton Witherspoon | Traduzido e adaptado do original em inglês por André Kanasiro para a revista Zelota. Republicado em colaboração com SPECTRUM: o periódico e website do Adventist Forum desde 1969. www.spectrummagazine.org

No dia 4 de julho, durante a primeira reunião da comissão de nomeações da Associação Geral (AG), Erton Carlos Köhler recebeu 170 votos, garantindo sua nomeação como o 21º presidente da AG. O presidente Ted Wilson, que ocupou o cargo pelos últimos 15 anos, recebeu 104 votos, com três abstenções.

Cinco fontes informaram esta reportagem, incluindo três indivíduos que estiveram na reunião e estavam presentes na votação, confirmando os detalhes para a Spectrum. Segundo estas fontes, a reunião — que começou pela manhã e durou até a tarde — foi marcada por uma mudança importante de tom e foco.

“Antes do almoço, toda a conversa foi sobre proteger a instituição — sua identidade, sua mensagem, sua missão,” compartilhou uma fonte. “Havia medo no ar, esta ideia de que precisávamos ficar seguros. Mas após o almoço, que foi servido na sala para manter a integridade hermética do processo, algo mudou. A conversa passou a ser sobre o indivíduo — que tipo de líder realmente é necessário para a igreja neste momento.”

John Wesley Taylor V e Ted Wilson discursam para o comitê de nomeações da 62ª Sessão da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em 4 de julho [Seth Shaffer / AME (CC BY 4.0).]

Esta mudança na atmosfera preparou o cenário para o que seria uma ruptura com a tradição da liderança na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).

Após horas de deliberação, John Wesley Taylor V, presidente da comissão de nomeações, se preparou para abrir a plenária formalmente para as nomeações. Mas, antes que ele conseguisse completar seu discurso, alguém gritou o nome de Wilson — interrompendo o preâmbulo do presidente da comissão. Além de Ted Wilson e Erton Köhler, ex-secretário da AG e agora o presidente da AG, vários outros líderes notáveis foram considerados para a posição, refletindo uma vasta diversidade de experiência administrativa e representação regional:

  • Paul Douglas, o tesoureiro atual da AG, entrou para a história como o primeiro homem negro no cargo. O ex-auditor carrega consigo um foco em missão e estabilidade financeira.
  • Artur A. Stele, vice-presidente geral da AG desde 2010, é conhecido por sua profundidade teológica e sua experiência na presidência de comissões e outras reuniões denominacionais.
  • Robert Folkenberg Jr., presidente da Associação Southern New England, já liderou a União-Missão Chinesa e é filho de Robert S. Folkenberg, ex-presidente da AG, acrescentando certo legado às suas chances.
  • Daniel Duda, presidente da Divisão Transeuropeia. Conhecido por sua liderança ativa e sua habilidade na resolução de problemas, ele oferece grande suporte da comunidade acadêmica.
  • Pardon Mwansa, que atuou como vice-presidente geral da AG de 2005 a 2015, não foi nomeado, mas foi uma pessoa respeitada nas conversas a respeito da liderança. Ele já liderou a Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico, a Divisão Africana Centro-Oriental, e agora serve como vice-chanceler da Universidade Rusangu, na Zâmbia — uma instituição adventista em crescimento, com mais de 2.000 alunos.

Estes nomes representam o amplo alcance global e administrativo da IASD — mas no fim, a comissão orbitou em torno de um líder que, para muitos, pode ser capaz de unir continuidade e mudança: Köhler.

O comitê de nomeações da 62ª Sessão da Conferência Geral [Seth Shaffer / AME (CC BY 4.0).]

Sete nomes. Duas rodadas de votação. Um resultado.

A primeira rodada de votação da comissão de nomeações não teve um vencedor claro. Segundo as fontes, tanto Wilson quanto Köhler receberam menos de 100 votos cada um, com o apoio distribuído entre outros nomeados. A vitória de Köhler com 61% dos votos foi 1% a mais do que Wilson recebeu da comissão de nomeações na Assembleia da AG de 2022.

Assim que a comissão de 2025 chegou a um consenso, o nome de Köhler foi encaminhado — via procedimento parlamentar — para receber a votação final na plenária. Quarenta minutos após a Spectrum dar no website e nas redes sociais a notícia de que seria Köhler, ele foi nomeado para os delegados.

Minutos antes do nome ser levado à plenária, Wilson foi informado do que aconteceria. Duas testemunhas que estavam longe uma da outra — cujo anonimato é preservado para proteger sua liberdade de expressão — reportaram que Wilson desabou chorando em sua sala.

Lá fora, na plenária, 1.909 delegados votaram: 1.721 a favor e 188 contra. Köhler então apareceu na plataforma com sua família, visivelmente emocionado ao aceitar seu novo cargo com 90% de apoio.

Köhler tornou-se o 21º presidente da AG, e somente o terceiro nascido fora dos EUA. Ele também é o primeiro do Sul global, marcando uma mudança histórica na geografia da liderança desta igreja de 23 milhões de membros.

Com 56 anos de idade, ele é o presidente mais jovem da AG em mais de três décadas — desde a eleição de Robert Folkenberg em 1990, com 49 anos. Um brasileiro com ascendência alemã, ele aprimorou sua carreira meteórica no ministério jovem e ascendeu rapidamente para se tornar o presidente da Divisão Sul-Americana (DSA) com 38 anos de idade. Ele atuou como secretário executivo da AG desde 2021.

Embora esta nomeação sinalize alguma continuidade com a administração de Wilson — ambos trabalharam juntos — a eleição de Köhler também sugere um apetite maior por transformação. Sendo um ex-líder de jovens bem sucedido e muito respeitado, ele usou essa experiência como presidente da DSA para criar o maior e mais vibrante programa de desbravadores no mundo. Köhler traz consigo uma abertura para inovação motivada pela missão, navegando problemas complexos para chegar em soluções frequentemente centralizadas.

Os delegados colocam seus celulares em bolsas seguras antes de se sentarem na sala do comitê de nomeações [Seth Shaffer / AME (CC BY 4.0).]

“Eu não estou pulando de alegria, mas não pode ser pior do que os últimos 15 anos,” compartilhou um líder importante.

Talvez evocando a necessidade de intervenção divina por parte de Isaías, dada a gravidade do momento, Köhler disse: “Estou sem palavras.” Ele parou para pensar. Suas próximas palavras foram: “Seguirei em frente, renovando minha confiança no Senhor e em sua igreja.”