Barbara O’Neill, que é proibida de palestrar sobre saúde pelo governo australiano e por instâncias da Igreja Adventista, fala neste fim de semana a adventistas em São Paulo
Por Alexander Carpenter | Traduzido e adaptado do original em inglês por André Kanasiro para a revista Zelota. Republicado em colaboração com SPECTRUM: o periódico e website do Adventist Forum desde 1969. www.spectrummagazine.org
Durante cinco dias — do Dia da Mentira até o sábado — na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) de Fallbrook, Barbara O’Neill, uma mulher que se converteu ao adventismo depois de adulta, apresentou 10 seminários, sendo promovida como uma “renomada educadora em saúde, autora e professora associada em uma faculdade de medicina naturopática”. Australiana de 71 anos, com um dom para contar histórias, assistir à presença serena de O’Neill no palco e seus conselhos em voz suave — como se exercitar ou evitar óleos vegetais — pode parecer uma porta de entrada para um idílio adventista. Ela tem traços de evangelista da vida rural, traços de hippie mais velha tocando pandeiro e rock ‘n’ roll, e uma legião de seguidores fiéis ao redor do mundo.
No dia seguinte (6 de abril), o marido de O’Neill, que se opõe à fluoretação da água, à vacinação, e fundou um pequeno partido político alinhado à coligação Australia First, anunciou que o novo livro da esposa, Sustain Me, não tinha mais autorização para ser vendido pela Amazon em seu país natal.
Fama e fortuna
Algumas semanas antes de O’Neill começar sua residência de cinco dias na igreja do sul da Califórnia, ela falou na IASD Central de Sacramento. Ela também foi entrevistada por Doug Batchelor, presidente da Amazing Facts International, uma organização midiática com 100 milhões de dólares em ativos financeiros e 30 milhões de dólares em renda anual. Uma presença popular nos círculos de ministérios independentes da organização Serviços e Indústrias de Adventistas Leigos (ASI), Batchelor é bem conhecido (656 mil seguidores no Facebook) por muitos adventistas devido à sua onipresença midiática.
No entanto, O’Neill pode ser a adventista mais famosa no mundo entre os que não ocuparam cargos políticos. Ben Carson, ex-candidato à presidência dos EUA e neurocirurgião aposentado, tem uma página no Facebook com cinco milhões de seguidores. O’Neill tem 2,2 milhões de seguidores no Instagram, e muitos outros milhões no Facebook caso o labirinto de centenas de grupos do Facebook dedicados a ela sejam reais.
Embora não esteja claro quem controla todos eles, 738 mil seguem “Dr. Barbara O’Neill Health Tips”, e 32 mil estão no grupo “Dr. Barbara O’Neill Health Tricks”. Inexplicavelmente, 406 mil seguem outra página de nome idêntico no Facebook, e mais outras 156 mil estão no grupo “Barbara O’Neill health tibs”. A lista de grupos do Facebook focados na O’Neill vai longe, com alguns compartilhando informações sobre saúde, suas poderosas palestras ou suas grandes receitas várias vezes por dia.
Muitas páginas sobre O’Neill parecem ser falsas, administradas por contas duvidosas com localizações por todo o Oriente Médio. De fato, como o grande e poderoso Oz, muito do que cerca a renomada australiana O’Neill, sob um olhar mais atento, revela-se uma distorção que a faz parecer muito maior do que é.
A incrível maga da saúde
Há um número impressionante de livros falsos online com as palavras “Barbara O’Neill” na capa, deixando implícito que ela é a autora. Segundo O’Neill, ela só escreveu dois livros (publicados por conta própria) — o supracitado que acaba de ser banido e Self heal by design. Ambos são frequentemente oferecidos num pacote com o livro que seu marido publicou por conta própria, THE ASSASSINATION OF BARBARA O’NEILL, escrito em defesa dela contra o governo australiano e seus muitos críticos na medicina.
Uma dessas críticas públicas era Harriet Hall, que se graduou pela escola de medicina da Universidade de Washington e foi uma pioneira na Força Aérea dos EUA como cirurgiã de voo. Após se aposentar, ela foi uma editora do website “Science-based Medicine” [Medicina baseada em evidências], e foi homenageada por seus esforços para educar o público a respeito de fraudes na área da saúde. Em outubro de 2019, Hall apontou que O’Neill é uma “profissional não registrada”, sem “qualquer graduação ou diploma na área da saúde, e que não é membra de nenhuma organização de saúde credenciada”.
Um mês antes, no dia 24 de setembro de 2019, a Comissão de Reclamações de Saúde do estado australiano de New South Wales completou uma longa investigação de O’Neill. Ela publicou dois documentos, um relatório de 18 páginas e uma Ordem de Proibição Permanente contra O’Neill “oferecer quaisquer serviços de saúde, sejam eles pagos ou voluntários”. A proibição se estende ao país inteiro.
A ordem diz:
Gera uma preocupação particular na Comissão o fato de que a Sra. O’Neill não é capaz de reconhecer e oferecer conselhos de saúde dentro dos limites de seu treinamento e experiência. A Sra. O’Neill se considera qualificada para oferecer conselhos de saúde em áreas altamente complexas e especializadas, tais como tratamento de câncer, uso de antibióticos para estreptococos do tipo B e imunização, em circunstâncias nas quais fica claro que seu conhecimento é limitado.
Acrescentando que ela “não reconhece estar induzindo pessoas vulneráveis ao erro (incluindo mães e pacientes com câncer),” a ordem afirma que sua “desinformação sobre antibióticos, vacinas e tratamentos de câncer” tem um potencial gigantesco para ser nociva. Para além dos detalhes de suas crenças médicas, a investigação descreve sua falta de profissionalismo — ela não mantém registros de suas consultas, desencoraja as pessoas a verem seus médicos, oferece serviços de saúde que não são seguros ou éticos, e alega ser capaz de curar câncer.
Líderes da IASD demonstraram preocupações similares ao tentar proteger o público adventista e evitar possíveis processos judiciais. Isso inclui a União Australiana e o Ministério da Saúde da Associação Geral (AG), que publicou uma carta a respeito de O’Neill em 2021, atualizando-a em 2024. Assinada por Fred Hardinge, pastor ordenado e diretor associado do ministério de saúde da AG, ela detalha várias de suas alegações enganosas e termina afirmando que “não podemos recomendá-la como oradora para igrejas ou reuniões”.
“Então devo tomar muito cuidado”
Enquanto esta reportagem era escrita, as associações da Califórnia nas quais O’Neill apareceu receberam este relatório governamental e a carta da AG como parte de uma solicitação oficial por comentários.
Laurie Trujillo, diretora de comunicação e desenvolvimento para a Associação do Norte da Califórnia, lar de Doug Batchelor, respondeu:
Temos compromisso com o trabalho compartilhado de liderança, discipulado, e transparência, conduzido por meio do diálogo constante com pastores, comissões eclesiásticas, e nossos membros por toda a associação. Reconhecemos a complexidade que é manter a fidelidade a essa estrutura compartilhada, compreendendo que nem todo programa ou atividade vai refletir as opiniões de toda igreja ou grupo. A fidelidade à nossa mensagem assume diferentes formas em diferentes lugares. Esta flexibilidade é intencional e fiel, não uma concessão. Nosso tempo e nossos recursos permanecem dedicados à construção de igrejas saudáveis e ao cumprimento da comissão do evangelho. Preocupações ou problemas são discutidos em privado, através de processos estruturados e transparentes. Não é nossa prática revisar ou avaliar atividades de igrejas locais por meio de plataformas públicas.
Ela concluiu que “respondemos essas perguntas dentro de nossos valores e nossa estrutura. Não responderemos mais nada sobre esses tópicos.”
Após ser notificada sobre a aparição de O’Neill em sua IASD Fallbrook, a Associação do Sudeste da Califórnia preferiu não comentar, mas exigiu que a seguinte declaração fosse lida antes de cada palestra, exceto no sermão de sábado:
Este seminário de Barbara O’Neill é apresentado como um seminário educativo na área da saúde. A informação compartilhada é somente para propósitos educativos. Ela tem o objetivo de te ajudar a tomar decisões bem informadas a respeito da sua saúde, mas não substitui a opinião de médicos profissionais. Insistimos que você sempre consulte seu provedor de saúde para determinar se qualquer informação oferecida aqui é apropriada à sua situação. Especificamente, Barbara O’Neill e a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Fallbrook não se responsabilizam por danos, perdas, riscos, consequências adversas, pessoais ou não, em decorrência direta ou indireta do uso de quaisquer sugestões, preparações ou procedimentos compartilhados neste seminário.
Ovelhas e bodes
No sábado, antes que O’Neill ocupasse o púlpito da IASD Fallbrook para pregar no “culto divino” lotado às 11:00, ela foi apresentada por Karen Houghton. Uma enfermeira registrada, Houghton, que tinha um programa de culinária na Hope TV [a Novo Tempo dos EUA], descreveu O’Neill como uma “professora associada na faculdade de medicina naturopática”. Ela também a promoveu, expressando sua apreciação pessoal pelas ideias de O’Neill sobre saúde.
Mas o que a igreja de Fallbrook comunicou sobre O’Neill enganou o enorme público que ocupou seus bancos no sábado, assistiu pela internet, ou leu o mesmo título acadêmico, “professora associada na faculdade de medicina naturopática”, aplicado a O’Neill no material promocional.
O’Neill não está no corpo docente de nenhuma escola no mundo inteiro. Ela nunca preparou um plano de aula para uma disciplina nem participou de uma reunião de departamento. O’Neill nunca foi professora assistente ou instrutora. Ela nunca foi aluna de pós-graduação nem monitora em uma disciplina. Ela sequer tem uma graduação.
O que O’Neill de fato tem é um pedaço de papel — um título honorário dado a ela em janeiro pelo mesmo homem que lhe deu um diploma honorário (que não equivale a uma graduação) no ano passado.
Credenciais não separam as ovelhas dos bodes, tampouco definem inteligência. Todos os grupos precisam ser vigilantes contra o tribalismo, elitismo e egocentrismo. Mas com poder — seja ele denominacional ou de ministérios independentes — vem responsabilidade. Detalhes importam porque nos ajudam a verificar nossos pressupostos. Ajudam os pastores a protegerem suas ovelhas nos bancos contra os lobos.
Cientologia vs. Ciência
De fato, quem concedeu o título usado pela IASD Fallbrook para conferir credibilidade é Hermann Keppler, um homeopata e naturopata alemão. Diferente da habilidade de O’Neill como contadora de histórias, Keppler é muito mais silencioso. Um perfil meio adormecido no LinkedIn lhe dá o título de presidente na Escola Americana de Saúde Natural, em Clearwater, Flórida. De acordo com seus textos promocionais mais recentes, Keppler opera organizações naturopáticas “no Reino Unido, na Irlanda e nos Emirados Árabes Unidos — e agora está se expandindo para mais países no Oriente Médio!” Ele e O’Neill estiveram juntos na região recentemente, oferecendo uma série de palestras dadas por O’Neill em uma nova organização montada por Keppler que vende certificados para coaches de saúde. O anúncio diz: “Também estamos honrados em receber a especialista em saúde natural renomada internacionalmente, a professora associada Barbara O’Neill, como nossa patrona!” Um pacote de sete palestras de O’Neill ao seu público nos Emirados pode ser adquirido online por cerca de 358 dólares.

Keppler, que inclui um estudo estendido de “iridologia, diagnóstico chinês, nutrição, sais e remédios florais” em sua biografia profissional, parece ter uma devoção para além da vida natural.
Documentos vazados por ativistas do Anonymous mostram que Keppler é há muito tempo um membro, talvez proeminente, da Igreja da Cientologia, fundada por L. Ron Hubbard em 1953. Ex-cientologistas e pesquisadores de religião alegam que a Igreja da Cientologia se define existencialmente contra abordagens científicas à saúde física e mental. Eles afirmam que a Igreja estabelece organizações de fachada e financia muitos esforços para desacreditar a psiquiatria, psicologia, o uso de medicações e a medicina baseada em evidências.
Além de reportar a lealdade eclesiástica de Keppler em um artigo chamado “Cientologista controla faculdade para naturopatas”, o jornal inglês The Sunday Times afirma que, para Keppler, “cada único mineral no sal do Himalaia é um cristal com sua própria frequência e campo eletromagnético”. Segundo o artigo, Keppler recomenda que as pessoas evitem vacinas e “consumam pó de espirulina, vitamina C e niacina em seu lugar”. Muitas celebridades cientologistas são opositoras proeminentes dos esforços de imunização da saúde pública.
Outro artigo no The Sunday Times sugere que “outros alunos na Faculdade de Medicina Naturopática (CNM) foram influenciados pelo envolvimento de Keppler com a cientologia”. Ele cita um ex-aluno em outra de suas organizações, a Faculdade de Medicina Naturopática na Irlanda:
Eu tive que sair quando, no final do meu primeiro ano, eu descobri que o fundador da faculdade é um cientologista. Seu nome é Hermann e ele deu aos professores um vídeo feito pela igreja para ser exibido a todos os alunos […] um vídeo antipsiquiatria cheio de propaganda, mentiras e manipulação de estatísticas.

Cinco anos atrás, o presidente do Conselho e Registro Geral Britânico de Naturopatas publicou uma declaração ainda pública sobre O’Neill. Ele observa que ela “não tem treinamento formal em naturopatia ou qualquer outra disciplina da saúde, enganou clientes vulneráveis com ‘alegações duvidosas e perigosas sobre saúde’, incluindo que o câncer era um fungo e pode ser curado com bicarbonato de soda.” Referindo-se a uma investigação governamental de O’Neill, o presidente acrescentou: “Fiquei horrorizado ao descobrir mais sobre este caso, e me entristece saber que as ações de uma pessoa, uma naturopata não registrada, têm manchado a reputação da nossa profissão.”
Antes do redemoinho
O’Neill não é médica, a despeito de como ela permite que apareça seu nome. Ela não é uma enfermeira registrada, embora fale de ter trabalhado como enfermeira psiquiátrica quando tinha 20 anos. Segundo suas próprias palavras, ela engravidou e abandonou alguma espécie de treinamento em enfermagem. De acordo com seu próprio relato, ela se tornou uma hippie nas montanhas, e passou os 14 anos seguintes grávida ou amamentando seus seis filhos. Ela então adotou mais dois filhos de um companheiro. Com pouco dinheiro, ela se voltou para a natureza para conseguir ajuda, e, quando foi convidada para compartilhar com outras mães o que aprendeu, ela disse, “Eu não tenho formação”, ao que alguém respondeu: “Sim, você tem. Você tem seis bebês.”
Quando O’Neill conta esta história pessoal bem-humorada e autodepreciativa, ela dá risada. Fica claro que a audiência está sintonizada com ela. Muitos riem também. É uma história encantadora, que baixa nossas defesas, mas essa sintonia não poderia existir sem a tensão. Independentemente das motivações das pessoas que a cercam, ela claramente acredita em sua mensagem. Mas ela carrega a insegurança do autodidata em relação a autoridade — a sua própria, assim como a de uma classe profissional que a mantém fora da categoria com credenciais que ela nunca vai obter. Uma adventista com um apelo internacional significativo fora das fronteiras denominacionais, ela conquistou muita coisa considerando-se suas circunstâncias. As pessoas confiam nela com suas mentes e seus corpos. Como é comum a tantos gurus acidentais, o imprimatur do povo é tudo de que ela precisa. A ironia jaz na verdade.
Não foi sempre assim.
Uma jornada em um redemoinho
Antes de tudo isso, o sobrenome de Barbara era Russ. Seu sermão de sábado no início de abril, na IASD Fallbrook, fez alusão à sua posição precoce contra a vacinação. Quando seu primeiro filho, que nasceu antes da hora, ficou com muita tosse — algo cuja existência ela não conhecia até então — ela vacinou seu segundo filho. Mas essa experiência foi muito dolorosa, diz ela, porque “ele gritava e gritava e o local ficou inchado e vermelho”. Isso, assim como suas circunstâncias econômicas e sociais, parece ter contribuído para sua filosofia de saúde. Há uma convicção missionária na forma como ela enfatiza seu comprometimento em ajudar a todos, mas “especialmente as mães” que “não querem conduzir seus filhos nos caminhos dos médicos”.
E qual é o caminho dela? Ela diz que “era só parte da nossa vida” — ela repete para enfatizar. Ela se refere ao uso de comida e água para curar o corpo. Isso é porque ela praticamente só tinha isso.
Ela educava seis filhos em casa enquanto vivia numa floresta tropical sem eletricidade. Segundo O’Neill, seu marido na época era um alcoólatra viciado em drogas que plantava maconha para vender. Eles não tinham muito dinheiro, e seus filhos guardavam seus pertences em caixas de papelão. A família vivia em um grande barraco de metal com um único cômodo, que inicialmente seria um lar temporário; mas, como ela relembra, eles nunca construíram uma casa, pois seu marido “ficava sentado na varanda fumando baseado o dia todo”. Em algum momento, ela pegou seus filhos e foi embora em busca de uma vida melhor.
Em Fallbrook ela afirmou que mais ou menos em 1992, quando seu filho mais novo tinha quatro anos, Deus lhe deu uma forte impressão de que ela deveria “fazer reuniões para mostrar às pessoas como fazer remédios naturais”.
É difícil encontrar documentação sobre o início de sua vida, mas uma edição de 1991 da revista RECORD, a publicação adventista oficial da Divisão Sul-Pacífico, tem o seguinte tópico nas notícias breves. Os detalhes se encaixam no que ela conta. “Um encontro de seis partes sobre saúde conduzido semanalmente na IASD Dorrigo (New South Wales) terminou na tarde de sábado, 22 de junho, com um almoço e uma palestra ilustrada sobre nutrição.” O documento afirma que “a apresentadora Barbara Russ deu demonstrações práticas sempre que possível, usando três de seus filhos como ‘pacientes’”.
Isso é muito similar à participação dela na IASD Fallbrook 34 anos depois, sem seus assistentes familiares e com um novo sobrenome. Talvez esta homeostase ofereça uma reflexão sobre a condição intelectual do próprio adventismo.
Os ouvintes de O’Neill desconfiam de especialistas em saúde e são atraídos à confiança reconfortante que ela tem na capacidade do corpo de curar a si mesmo. Sua falta de credenciais, para alguns, aponta para uma verdade mais pura na esfera do bom senso. E sua crença de que os humanos “podem passar algumas semanas sem água”, com base em sua leitura de The Long Walk, um relato de 1956 de uma jornada de sobrevivência transcontinental, parece refletir a hermenêutica adventista praticada popularmente: o uso de textos-prova. Todos os textos são iguais e igualmente intercambiáveis. Oradores, púlpitos — todos são sábios aos seus próprios olhos; ou, como afirmado pela Associação do Norte da Califórnia, “Esta flexibilidade é intencional e fiel, não uma concessão.”
Por trás do mundo cor de rosa
No final do ano passado, Reinder Bruinsma, um respeitado administrador aposentado da IASD, foi proibido de falar sobre a compreensão católica do catolicismo romano — o tópico de sua tese de doutorado. Recentemente, profissionais locais foram proibidos pelo presidente da Universidade Andrews de realizar reuniões do Adventist Forum no campus. A universidade é comandada pela AG.
Tudo isso enquanto líderes de associações na União Pacífico permitem que Walter Veith e Barbara O’Neill preguem nos púlpitos de suas igrejas.
Se não basta a motivação das evidências e convicções científicas, talvez a memória de Miracle Meadows, cujos processos judiciais já somam 100 milhões de dólares e podem responsabilizar a IASD, possa inspirar coragem. Esses processos aconteceram porque administradores denominacionais não souberam dizer não a outra entidade independente bem intencionada.
Em última instância, os responsáveis pela presença de O’Neill nessas igrejas adventistas são Doug Batchelor e Dan Houghton. Eles também estão entre o número minúsculo de membros leigos da comissão executiva da AG. Ambos são influentes dentro da ASI, que representa muitos ministérios autônomos — muitos dos quais também receberam O’Neill. Entre eles estão Eden Valley e Hartland, onde Mark Finley é professor adjunto de religião. Tudo isso parece ser uma violação das políticas da IASD (ver adendo abaixo).
Houghton, primeiro ancião de Fallbrook, é vice-presidente geral da ASI Missions, Inc. O filho de Houghton é o vice-presidente de comunicação da ASI.
Ambos estão envolvidos com o Hart Research Center, uma organização sem fins lucrativos que — ao menos nos últimos 15 anos — tem reportado uma renda anual de 200 a 900 mil dólares, e mantém consistentemente entre 4 e 5 milhões de dólares em ativos financeiros. Em suas observações antes de levar O’Neill à frente para sua última palestra, Houghton afirmou que o ministério de saúde da igreja trabalhou por pelo menos um ano e meio para levar O’Neill até Fallbrook. “É por você que fizemos isso”, acrescentou.
Durante o tempo que passou em Fallbrook, o santuário esteve lotado, e a audiência que não conseguiu entrar também assistiu às apresentações transmitidas no salão de eventos. Segundo uma fonte afiliada a Fallbrook, eles venderam cerca de 50 mil dólares em ingressos.
Em uma série de reuniões agendadas para os dias 17-21 de abril, O’Neill está falando para adventistas no Brasil, juntamente com Batchelor.
Adendo
Isso tudo não é uma violação do Manual da Igreja? A maior parte das citações abaixo vêm da subseção “Oradores autorizados”, no capítulo “Cultos e outras reuniões” do Manual da Igreja.
- Será que a associação ou entidade acredita que as opiniões de Barbara O’Neill são “dignas de confiança”, como exigido para os oradores?
- Será que a associação ou entidade revisou a carta “Review of Barbara O’Neill” publicada pelo ministério da saúde da Associação Geral? Será que ela discorda de sua lista de nove “grandes preocupações” e sua conclusão de que “não podemos recomendá-la como oradora para igrejas ou reuniões”?
- O processo de convidá-la esteve “em harmonia com as diretrizes da Associação”?
- Será que a associação ou entidade considera a “proibição contra apresentações sobre saúde” imposta a O’Neill pela União Australiana aplicável à proibição contra oradores “sob disciplina” segundo o Manual da Igreja?
- Neste caso, a seguinte afirmação do Manual da Igreja — “Indivíduos […] que estão sob disciplina, não devem ter acesso ao púlpito” — se aplica a O’Neill? Caso não se aplique, por quê?
- A associação ou entidade revisou a investigação da Comissão de Reclamações de Saúde do estado australiano de New South Wales e suas razões para “proibi-la permanentemente de oferecer quaisquer serviços de saúde, conforme definidos em s4 da Emenda de Reclamações de Saúde de 1993 (a Emenda), sejam estes serviços pagos ou voluntários”?
- Neste caso, eles discordam substancialmente dos fatos e das conclusões da investigação?
- Seria razoável deduzir que, ao permitir que O’Neill fale publicamente sobre saúde em sua igreja, a associação ou entidade tem critérios, preocupações e responsabilidade por sua “marca” e pela membresia mais rebaixados que os do governo australiano, a União Australiana e a AG?