Revista Zelota
Adventismo

Relatos originais sobre as noites de Ellen G. White em Atkinson

Ellen G. White e as noites de Atkinson (Parte 1)

Por Piscataquis Farmer | Julgamento de Israel Dammon no Piscataquis Farmer, editado por Frederick Hoyt,1 publicado pela Spectrum Magazine em agosto de 1987.2 Traduzido e adaptado ao português por André Kanasiro para a revista Zelota.

Edição sobre imagem publicada na Revista Adventist Currents, 1988 (Por Jayder Roger)

Nota dos editores da revista Zelota: a versão original não contém o relato de Ellen G. White (na época Ellen Harmon), já conhecido, que consta em seu livro Spiritual Gifts (v. 2, p. 40-42). Como este trecho nunca foi traduzido para o português, segue abaixo seu breve relato a respeito do episódio. A seguir, o julgamento editado por Frederick Hoyt.

“De Exeter nós fomos a Atkinson. Certa noite me foi mostrado algo que não entendia. Foi com este fim, que deveríamos ter nossa fé testada. No dia seguinte, enquanto eu falava, dois homens olharam pela janela. Nós não nos importamos. Eles entraram e correram por mim até o Sr. Dammon. O Espírito do Senhor repousou sobre ele, e sua força foi retirada, e ele caiu desamparado no chão. O policial exclamou, ‘Em nome do Estado do Maine, segurem este homem.’ Dois [homens] seguraram seus braços, e dois seus pés, e tentaram arrastá-lo para fora. Eles só o moviam alguns centímetros, e então corriam para fora da casa. O poder de Deus estava naquela casa, e os servos de Deus, com seus semblantes iluminados por sua glória, não ofereceram resistência. Os esforços para levar o Sr. D. [Dammon] se repetiram, com o mesmo resultado. Os homens não conseguiam resistir ao poder de Deus, e para eles era um alívio correr para fora da casa. Seu número aumentou para doze, mas o Sr. D. [Dammon] foi mantido pelo poder de Deus por cerca de quarenta minutos, e nem toda a força daqueles homens podia movê-lo do chão, onde ele jazia desamparado. Naquele mesmo momento, todos sentimos que o Sr. D. [Dammon] deveria ir; que Deus tinha manifestado seu poder por sua glória, e que o nome do Senhor seria ainda mais glorificado se ele fosse levado de nosso meio. E estes homens o levantaram tão facilmente quanto fariam com uma criança, e o levaram para fora.

“Após ser tirado de nosso meio, o Sr. D. [Dammon] foi mantido em um hotel, sob a guarda de um homem que não gostou de sua tarefa. Ele disse que o Sr. D. [Dammon] esteve cantando, e orando, e louvando a Deus a noite toda, de modo que ele não pôde dormir, e não vigiaria mais tal homem. Ninguém queria a responsabilidade de vigiá-lo, e ele foi deixado para circular pela vila o quanto quisesse depois de prometer que compareceria ao seu julgamento. Bondosos amigos o convidaram para compartilhar suas hospitalidades. Na hora do julgamento, o Sr. D. [Dammon] estava presente. Um advogado ofereceu seus serviços. A acusação contra o Sr. D. [Dammon] era a de que ele era um perturbador da paz. Muitas testemunhas foram levadas para sustentar a acusação, mas foram desmanteladas de uma vez pelos testemunhos dos conhecidos do Sr. D. [Dammon] que estavam presentes, e a ele foi solicitado uma sinopse de sua fé. Ele então lhes disse claramente sua crença a partir das Escrituras. Também foi sugerido que eles cantavam hinos curiosos, e pediram-lhe que cantasse um. Houve muitos irmãos fortes que ficaram do seu lado no julgamento, e se uniram a ele no canto.

“Enquanto estava na terra do Egito,

Ouvi que meu Salvador estava vindo” etc.

“Perguntaram ao Sr. D. [Dammon] se ele tinha uma esposa espiritual. Ele lhes disse que tinha uma esposa legítima, e dava graças a Deus por ela ser uma mulher muito espiritual desde que a conhecera. Acho que os custos do julgamento foram cobrados dele, e ele foi solto. Distrações separaram o Sr. D. [Dammon] de seus amigos que creem na terceira mensagem; mas temos a esperança de que não está longe o tempo em que ele e muitos outros em Maine receberão alegremente a mensagem.”

Frederick Hoyt descobriu essa reportagem de jornal enquanto fazia sua pesquisa sobre os primórdios do adventismo em Maine. Nós [Spectrum Magazine] republicamos aqui a reportagem do julgamento, repleta de termos, estilo e dicção pitorescos e antiquados. Um comentário sobre o julgamento e sua importância para os primórdios do adventismo será publicado após esta reportagem.

Ao oferecer a reportagem abaixo ao público, sinto que devo a ele e a mim mesmo fazer alguns comentários. Quando me voluntariei para fazê-lo, eu não tinha dúvidas de que o interpelatório estaria terminado em questão de horas. Julgue, então, qual deve ter sido minha surpresa ao encontrar o tribunal transbordando de gente, e ver este caso ocupar tanto tempo. Às testemunhas eu digo que sintetizei seu testemunho tanto quanto possível, e omiti muito das partes pouco importantes, de modo a encurtar o trabalho, mas me empenhei para que em nenhum caso eu os deturpasse, e se vocês encontrarem um erro, eu peço que o imputem à minha cabeça, não ao meu coração. — Ao leitor eu noto que muito dos testemunhos foi feito a partir de perguntas, e eu omiti as perguntas em todos os casos em que isso era possível, para encurtar o trabalho. A todos eu ofereço este texto como uma reportagem imperfeita e imparcial. Como consequência de minha total inexperiência, sendo nada mais que um homem trabalhador, eu deveria recuar de publicá-la, mas cedi aos pedidos urgentes de outros. Agradeço ao tribunal pelo favor de me concederem um assento, e à defesa e à promotoria pelo uso de suas atas; assino desta vez como o repórter.

P.S. Eu preservei a linguagem das testemunhas tanto quanto possível.

Estado do Maine vs. Israel Dammon 

Segunda-feira, 17 de fevereiro de 1845.

Prisioneiro acusado diante de Moses Swett, advogado de Foxcroft, associado por Seth Lee, advogado de Atkinson, sob a seguinte acusação, a saber.

Para o Dr. Charles P. Chandler, um dos juízes de paz dentro e para o Condado de Piscataquis: “Hartford J. Rowe, de Dover, no Co. de Piscataquis Yeoman, sob juramento acusa Israel Dammon, domiciliado em Atkinson, no Condado supracitado, Vadio, é, e tem sido por muitos dias no passado recente, um vagabundo e um vadio, vagando pela vila de Atkinson, supracitada, no condado supracitado, de lugar em lugar, pedindo esmolas: — ele, o citado I. Dammon, é um brigão comum, negligenciando seu chamado, ou emprego, desperdiçando seus ganhos, e não sustenta sua própria família, e contra a paz do Estado do Maine, e contrário à forma do Estatuto feito e providenciado em tais casos.”

Ele portanto solicita que o citado I. Dammon seja apreendido e responda à acusação, sendo tratado da forma que a lei e a justiça exigirem.”

O réu se declara inocente.

Julgamento adiado para 1h da tarde.

Aberto após o adiamento.

C.P. Chandler. H. G. O. Morrison, representam o Estado. J. S. Holmes representa o Réu.

Aberto por Chandler. Citou o cap. 178, seção 9, Estatutos Revisados. Adiado para o Tribunal.

Ebenezer Blethen, juramentado. Estive na casa três vezes, não vi nada estranho no Sr. Dammon. Vi em outros. Objeção de Holmes. Restrinja suas observações ao prisioneiro, ele não pode de forma alguma ser responsabilizado pela conduta de outros, e eu faço objeção a qualquer testemunho exceto o que sirva para mostrar o que o réu disse ou fez como completamente irrelevante.

Pergunta de Chandler. Quem conduzia a reunião?

Resp. O Sr. Dammon conduzia e liderava as reuniões das quais participei.

Chandler e Morrison. as reuniões parecem ser reuniões do Sr. Dammon – ele as conduzia e guiava, e é responsável por qualquer má conduta, e deve checá-la: nós propomos mostrar o caráter de suas reuniões, para mostrar o caráter do homem.

Pela corte. Você pode relatar qualquer coisa que tenha ocorrido nas reuniões conduzidas pelo réu.

Testemunha. A primeira reunião à qual compareci foi há duas semanas, contando de ontem – vi pessoas sentadas no chão, e deitadas no chão; Dammon sentado no chão; eles estavam se apoiando uns nos outros. Não tinha a aparência de um encontro religioso.

Contrainterrogatório. Não vi nada parecido com libertinagem – havia exortação e oração todas as noites. Estive lá pela última vez após parte de minha família.

J. W. E. Harvey, juramentado. Participei das reuniões dois dias e quatro noites. A primeira reunião durou oito dias – conheço Dammon há seis semanas – Dammon, White e Hall eram os líderes. Dammon disse que os pecadores iriam ao inferno em dois dias. Eles estavam abraçando e beijando uns aos outros – Dammon deitava no chão, então se levantava com um pulo – eles frequentemente iam para outro cômodo. Dammon, até onde sei, não tem meios para se sustentar. A reunião parecia muito irreligiosa – eu o vi sentado no chão com uma mulher entre suas pernas e seus braços em torno dela. 

Contrainterrogatório. O cômodo para o qual eles iam era uma sala dos fundos; não sei o que havia lá – eu estive em dois cômodos onde havia uma lareira. Eles diziam que as pessoas do mundo não podiam ir à sala dos fundos. Dammon disse que a reunião devia ser privada, e que não queria que ninguém fosse a menos que acreditasse como ele na doutrina do advento. Eu de fato fui consideravelmente – se as reuniões eram religiosas eu achei que tinha o direito de participar delas – eu fui para me satisfazer com o que era feito. Eu não tinha sentimentos hostis contra eles. Eu acho que eles mantiveram a primeira reunião por uma quinzena. Dammon disse que não queria que ninguém participasse das reuniões a menos que acreditasse na doutrina do advento.

Dr.3 William C. Crosby, juramentado. Eu estive na reunião no sábado à noite passado, de mais ou menos 7 horas até as 9. Havia uma mulher no chão que deitava de costas com um travesseiro sob a cabeça; ela ocasionalmente se levantava e contava uma visão que ela dizia ter sido revelada a ela. Eles, às vezes, falavam todos de uma vez, gritando por cima uns dos outros; alguns deles diziam que havia muito pecado ali. Depois que o barulho cessava, Dammon se levantava e era mais coerente – ele reclamava dos presentes que não acreditavam na doutrina do advento. Certa vez, Dammon disse que havia ali porcos que não pertenciam ao grupo, e apontou para mim, e disse, estou falando de você, senhor. Mais tarde ele se dirigiu a mim outra vez – disse, você não pode nos expulsar da cidade; ele me encarou e disse, eu sou um homem honesto, se não eu não conseguiria te olhar nos olhos, e em você o inferno está solto, se não você não conseguiria me olhar nos olhos. Dammon disse que, se ele fosse o dono da casa, obrigaria todos os incrédulos a sair – eles estavam sentando e deitando no chão promiscuamente, e eram muito barulhentos. 

Contrainterrogatório. Ele não disse que se alguém ali não tivesse ido para instrução, ele não as queria ali? 

Resp. Não foi o que ele disse – ele apontou para mim e disse que se referia a mim – nunca na minha vida alguém se dirigiu tão diretamente a mim – nós estávamos a 1 metro e meio de distância um do outro, a maioria dos homens estava no chão – a maioria das mulheres em cadeiras – não sei quanto tempo Dammon passou na cidade.

Thomas Proctor, juramentado. Vi o prisioneiro sábado passado – estava presente quando ele foi levado; não sei nada das reuniões propriamente ditas.

Moses Gerrish, juramentado. Eu nunca participei de nenhuma das reuniões em que o prisioneiro estava presente.

Loton Lambert, juramentado. Eles estavam cantando quando eu cheguei – depois de cantar eles se sentaram no chão – Dammon disse que uma irmã tinha uma visão para relatar – uma mulher no chão então relatou sua visão. Dammon disse que todas as outras denominações eram perversas – elas eram mentirosas, cafetinas, assassinas etc. – ele também se voltou contra todos que não eram crentes do lado dele. Ele nos mandou sair – nós não fomos embora. A mulher que estava no chão relatando visões era chamada pelo Sr. Dammon e por outros de Imitação de Cristo. Dammon nos chamou de porcos e diabos, e disse que se fosse o dono da casa nos expulsaria – aquela que eles chamavam de Imitação de Cristo disse à Sra. Woodbury e outros que precisavam abandonar todos os seus amigos ou iriam para o inferno. A Imitação de Cristo, como a chamavam, ficava deitada no chão um tempo, então se levantava, chamava alguém e contava que tinha uma visão para relatar a essa pessoa, e a relatava; havia uma garota que eles disseram que precisava ser batizada naquela noite, ou então iria para o inferno; ela chorava muito e queria ver sua mãe antes; eles lhe disseram que ela precisava deixar sua mãe ou iria para o inferno – uma voz disse, deixe-a ir para o inferno. Ela finalmente decidiu ser batizada. A Imitação de Cristo contou sua visão para uma prima minha, de que ela precisava ser batizada aquela noite ou iria para o inferno – ela fez objeção, pois já tinha sido batizada antes. Alguém disse que a Imitação de Cristo era uma mulher de Portland. Uma mulher, que eles chamavam de Srta. Baker, disse que o diabo estava ali, e que ela queria vê-lo – ela me escolheu e disse, você é o diabo, e vai para o inferno. Eu lhe disse que ela não era minha juíza. O Sr. Ayer então me apertou e tentou me colocar para fora. Eu disse a ele que nós não tínhamos ido para perturbar a reunião. A mulher da visão chamou Joel Doore, disse que ele tinha duvidado, e não seria batizado novamente – ela disse, irmão Doore, não vá para o inferno. Doore se ajoelhou aos pés dela e orou. A Srta. Baker e um homem foram para o quarto – logo depois ouvi uma voz no quarto gritar “Ó!”, a porta se abriu – eu olhei lá dentro – ela estava na cama e ele a estava segurando; eles saíram da cama se abraçando, ela pulava e colocava suas pernas entre as pernas dele. A Srta. Baker foi ao Sr. Doore e disse, você me rejeitou antes, ele disse que o tinha feito – eles então beijaram um ao outro – ela disse “isso é bom” – logo antes de irem para a água se batizar, a Srta. Baker foi para o quarto com um homem que eles chamavam de Ancião White – eu o vi ajudá-la a se deitar na cama – a luz foi apagada e a porta fechada. Eu não vi nenhum dos dois depois disso. Uma vez eu estava no outro cômodo falando com o meu irmão. Dammon e os outros entraram na sala e interromperam nossa conversa, e chamaram minha irmã e eu de diabo. A Imitação de Cristo ficou deitada no chão enquanto eles desciam ao rio para se batizar, e ela continuou no chão até eu ir embora, o que foi entre meia noite e 1h da manhã.

Contrainterrogatório. A visionária se deitou no chão acho que umas 7h da noite – ela ficou lá desde aquela hora até eu ir embora. Dammon e os outros a chamavam de Imitação de Cristo. Durante parte do tempo Dammon ficou deitado de costas no chão – não sei dizer exatamente quem disse primeiro que ela era Imitação de Cristo, mas posso dizer que Dammon disse isso várias vezes – Dammon disse que Cristo revelava a ela, e ela a outros. Eu não conheço o Sr. White. Eles o chamavam de Ancião White. Eles disseram que se o Todo-Poderoso tivesse algo a dizer, ele o revelava a ela, e ela atuava como mediadora.

William Ricker, juramentado. Conheço o Sr. Dammon – fui uma vez participar de sua reunião: eles me disseram que não haveria – eu perguntei onde ela seria realizada no próximo sábado, eles me disseram que não sabiam onde; mas não admitiam ninguém que não fosse do grupo do advento. Eu perguntei a Dammon se aquela era a religião de Cristo, ele disse “é a nossa”.

Leonard Downes, juramentado. — Fui à reunião com Loten Lambert, e fiquei com ele; eu ouvi seu testemunho, e sei que o que ele relatou é verdade. Ele omitiu uma coisa. Eu vi Dammon beijar as esposas de outras pessoas. 

Testemunha passou por um contrainterrogatório severo, no qual seu testemunho foi tão próximo de uma repetição do feito pelo Sr. Lambert que considerei inútil copiá-lo.

William C. Crosby reinterrogado. Eu não vi beijos, mas ouvi falarem a respeito. Eu não fiquei até tarde, fui lá pelas 7, saí mais ou menos às 9h da noite. Depois de chamá-los, a visionária disse a eles que eles duvidavam. Seu objetivo parecia ser convencê-los de que não podiam duvidar. Dammon chamou as igrejas de cafetinas, mentirosas, ladras, canalhas, lobos em pele de cordeiro, assassinas etc. Ele disse, leia a Estrela. Por Deus, foi a assembleia mais barulhenta de que já participei – não havia ordem ou regularidade alguma, nem nada que lembrasse qualquer reunião de que já participei – Dammon parecia ter a liderança e ser o mais hábil. Eu não diria que Dammon era quem gritava mais alto; acho que alguns outros tinham pulmões mais fortes que ele.

Diácono James Rowe, juramentado. Eu estive na casa de Ayer por pouco tempo no último sábado à noite – o Sr. Dammon nos culpou por irmos a sua reunião – ele falava de outras denominações conforme o que o Dr. Crosby acabou de testemunhar – disse que os membros da igreja eram as piores pessoas do mundo. Eu já fui jovem, agora sou velho, e, de todos os lugares em que estive, eu nunca vi tamanha confusão, nem em farras de bêbados. Dammon se levantou do chão e disse, eu vou ficar parado aqui – e enquanto estiver aqui, eles não podem te machucar, nem homens nem diabos podem te machucar.

Contrainterrogatório. Ele disse todas as igrejas, não fez distinção. Eu não estou colocando significado no que ele disse, só descrevendo o que ele disse. Eu conheço o prisioneiro há 20 ou 30 anos; seu caráter era bom até recentemente.

Jeremiah B. Green, juramentado. Eu participei de uma reunião à tarde há uma quinzena contando de ontem – eles tiveram uma exortação e oração à noite – vi homens lavarem os pés de outros homens, e mulheres lavarem os pés de outras mulheres – eles tinham bacias de água – o Sr. Dammon conduzia a reunião – eu vi Dammon beijar a Sra. Osborn.

Ebenezer Trundy, juramentado. Eu estive na reunião na semana retrasada. – Eu ouvi Dammon dizer “Deus está por vir! Deus está por vir!!” O Sr. Boobar estava falando de ir à floresta trabalhar – Dammon disse que ele não deveria ir. Boobar disse que tinha uma família para sustentar e era pobre. Dammon disse a ele que deveria viver às custas deles que tinham propriedades, e se Deus não viesse então precisamos ir todos trabalhar juntos.

Joseph Moulton, juramentado. Quando eu fui prender o prisioneiro, eles fecharam a porta na minha cara. Vendo que eu não poderia chegar a ele de outra maneira, eu arrombei a porta. Eu fui ao prisioneiro, o segurei pela mão e lhe disse por que estava ali. Várias mulheres saltaram até ele – ele se segurava nelas, e elas, nele. Tamanha foi a resistência que eu, mesmo com três assistentes, não fui capaz de tirá-lo dali. Eu permaneci na casa e mandei buscar mais ajuda; mais tarde eles chegaram e fizemos uma segunda tentativa, com o mesmo resultado – mais uma vez mandei buscar mais ajuda – depois que chegaram nós os sobrepujamos e conseguimos levá-lo sob custódia. Nós encontramos resistência tanto por homens quanto por mulheres. Não consigo descrever o lugar – era uma gritaria contínua.

Dr. William C. Crosby, chamado novamente. Reporta-se que o prisioneiro esteve lá por uma quinzena sem qualquer meio visível de se sustentar.

J. W. E. Harvey, reinterrogado. O prisioneiro esteve lá por tempo considerável. Não sei quais são seus meios de sustento além de viver às custas de seus seguidores.

T. Proctor, reinterrogado. Reporta-se que o prisioneiro é um homem sem meios de se sustentar – eu não sei de nenhum sustento que ele tivesse.

Jacob Martin, juramentado. O relato comum é que o prisioneiro está vivendo às custas de seus seguidores. Eu não participei de nenhuma das reuniões. Vi alguns trenós lá, e quinze ou vinte estranhos.

Dr. Benjamin Smith, membro do governo de Atkinson, juramentado. Eu fui chamado pelos cidadãos de Atkinson para interferir e pôr um fim a essas reuniões – eles deram como motivo que o réu e outros estavam vivendo às custas de certos cidadãos da cidade – e que eram passíveis de se tornar um ônus à cidade. Eu comecei a ir lá hoje, mas descobri que o prisioneiro tinha sido preso e que os outros tinham se dispersado.

Aqui o governo parou. Julgamento adiado para as 6h e meia.

Noite – testemunhas do réu.

James Ayer Jr. afirma: A maior parte das reuniões foi na minha casa. Eu no geral participava delas – algumas vezes eu estava fora. Eu ouvi o testemunho por parte do Estado. Eu não me lembro de algumas das coisas que foram ditas. Eu estava lá no último sábado à noite – não vi ninguém beijando ninguém. Eu concordo substancialmente com Crosby e Lambert. Eu entendi que o prisioneiro disse que havia membros das igrejas aos quais ele referia, e não às igrejas como um todo. Vi a mulher com um travesseiro debaixo da cabeça – seu nome é Srta. Ellen Harmon, de Portland. Eu não ouvi nada ser dito por ela ou por outros sobre Imitação de Cristo. Eu vi a Srta. Baker deitada no chão. Eu a vi cair. Eu vi a Srta. Baker e a irmã Osborn irem ao quarto – a irmã Osborn a ajudou a subir na cama, saiu e fechou a porta. Não houve homem no quarto naquela noite. Eu ouvi o barulho no quarto – o irmão Wood, de Orrington, e eu entramos; perguntamos a ela qual era o problema, ela não respondeu, e eu saí. O irmão Wood a ajudou a sair da cama, e a sair do quarto – ela parecia perturbada. Ela disse ao irmão Doore que estava perturbada por causa dele – estava com medo de que ele perdesse sua alma, e o aconselhou a se batizar. Eu não os vi beijando um ao outro. É parte da nossa fé beijar um ao outro – irmãos beijam irmãs e irmãs beijam irmãos, creio que temos autoridade bíblica para isso. Entendi o que o prisioneiro disse, havia um relato na Estrela a respeito de um diácono que matara sete homens. A razão para nos ajoelharmos, eu considero que o objetivo é nos humilharmos.

Contrainterrogatório. Eu não sei nada sobre o caráter da Srta. Harmon. Eu não disse que ninguém beijou ninguém – eu não vi nenhum beijo. Não a ouvi sendo chamada de Imitação de Cristo. O Sr. Dammon não tinha outro negócio além de participar das reuniões. Ele e outro homem de Exeter vieram com uma jovem garota. Dammon disse que ele tinha uma esposa espiritual e estava contente por isso. Eu fui ao Sr. Lambert e disse que se ele perturbasse a reunião, teria que sair. Nós fomos ao rio após as 11h – o irmão Dammon batizou duas [pessoas]. Eu não sei nada sobre o caráter da irmã Baker – eu a vi na reunião em Orrington. Entendi que a irmã Harmon teve uma visão em Portland, e estava viajando pelo país para relatá-la.

Job Moody afirmou: Eu estive na reunião no sábado à noite. O irmão Dammon disse em relação a outras igrejas que elas eram más o bastante; disse que eram corruptas; falou da Estrela – ele de fato disse que elas eram ladras etc. Eu não tenho certeza, mas acho que ele disse naquela noite que havia exceções. A irmã Harmon ficava deitada no chão em transe, e o Senhor revelava os casos deles a ela, e ela a eles.

Pelo tribunal.

Resposta. O Sr. Dammon nos urgia repetidas vezes a necessidade de deixar todos os nossos trabalhos. O beijo é uma saudação de amor; eu os cumprimento assim – nós temos recomendações nas escrituras para isso – eu moro em Exeter.

Aqui a testemunha ouviu que poderia se sentar. Ele disse, eu tenho um testemunho sobre o caráter do irmão Dammon, caso eu não vá ser chamado de novo. Ele então afirmou que conhece o irmão Dammon há cinco ou seis anos, e que seu caráter era bom. Ele trabalha meio período, e prega no tempo que resta. Tenho servido o Senhor e combatido o diabo ultimamente.

Isley Osborn afirmou: eu não sei de nada ruim no caráter do irmão Dammon. Ele crê que há bons, maus e indiferentes em todas as igrejas – ele acha melhor sair delas, porque há tantos que caíram de suas posições sagradas. – Não me lembro de ouvi-lo usar as expressões sobre igrejas que eles relataram sob juramento, mas o ouvi usar linguagem igualmente forte contra elas. Não chamamos a irmã Harmon de Imitação de Cristo. Elas perdem suas forças e caem no chão. O Senhor se comunica com elas por uma visão, então chamamos de Senhor. O irmão White não entrou no quarto, nem qualquer outro homem.

Contrainterrogatório. Ela disse a eles que seus casos tinham sido revelados a ela pelo Senhor, e que se eles não fossem batizados naquela noite, iriam para o inferno.           Nós acreditamos nela, e o irmão Dammon e eu os aconselhamos a serem batizados. O irmão Dammon achou melhor manter as reuniões em segredo, para que não ficassem cheias. Seguramos e beijamos – temos exortações nas escrituras para isso. A irmã Baker tem um bom caráter – o homem mais perverso de Orrington diz que ela tem um bom caráter, e isso é o suficiente para estabelecer qualquer caráter, quando o pior homem o admite. [muitas risadas] Nós preferimos passar pelo lava-pés em segredo. Não vi ninguém beijar ninguém, mas presumo que houve, já que é parte da nossa fé. Penso que o testemunho do Dr. Crosby está correto. 

Pelo tribunal.

Resposta. O Sr. Dammon de fato nos aconselha a deixar nossos trabalhos.

Abraham Pease, afirma. Moro em Exeter, o caráter do prisioneiro é tão bom quanto o de qualquer homem em Exeter. Ele tem uma pequena fazenda, e uma família pequena. Ele é um pregador da reforma – reformas têm se seguido às suas pregações.

Gardner Farmer, afirma. Moro em Exeter – o prisioneiro sustenta bem sua família. Ele esteve na minha casa, e eu na dele – ele sempre se comporta bem. Eu o vi em Atkinson uma quinzena atrás, na última terça-feira.

Julgamento adiado para terça-feira de manhã, às 9 horas.

Terça-feira, dia 18 de fevereiro.

Jacob Mason afirmou: Moro em Garland. O irmão Dammon descreveu as igrejas como já dito – disse que elas eram mentirosas, bandidas etc. Eu não entendi que ele incluía todos, e sim indivíduos. O caráter da irmã Baker é bom. Não me lembro de ver o irmão Gallison obrigando sua filha a se batizar. Eu vi o Sr. White depois que a irmã Baker entrou no quarto, perto da irmã Harmon em transe – ele segurou a cabeça dela durante algum tempo. Ela estava em visão, por algum tempo insensível. Não vi nada impróprio no irmão Dammon naquela noite. Eu nunca vi nele um pedinte ou alguém que desperdiçava o seu tempo.

Contrainterrogatório. Não sei quem era quem entrou no quarto com a irmã Baker – ele era um estranho para mim; ele logo saiu de lá. Não sei dizer quanto tempo ele levou para entrar novamente. Eu ouvi o testemunho de Crosby, e creio que ele está correto. Eu acho que as visões dela eram de Deus – ela descrevia os casos corretamente. Ela descreveu o meu corretamente. Eu vi pessoas beijando umas às outras do lado de fora, mas não dentro da casa. Ficamos sentados no chão durante algum tempo – homens e mulheres, promiscuamente. Eu não vi homem nenhum entrar no quarto. Eles praticam o lava-pés durante a noite. Beijar ao nos encontrarmos é uma prática na nossa ordem. Até onde sei a irmã Harmon não era chamada de Imitação de Cristo. Eu acho que teria ouvido se ela fosse chamada assim. Eu creio em visões. A irmã Harmon tem 18 ou 19 anos de idade; ela é de Portland.

Joel Doore afirmou: Moro em Atkinson – o Sr. Dammon disse que havia maus sujeitos nas igrejas; eu não entendo que ele tenha dito todos. Ele prega mais alto que a maioria; não é mais barulhento que os pregadores dessa fé em geral. A mulher das visões ficava deitada olhando para cima quando saía de seu transe – ela apontava para alguém, e lhe contava seu caso, que ela dizia ser do Senhor. Ela contou várias visões naquela noite. A filha do irmão Gallison queria ver sua mãe antes de ser batizada, mas finalmente decidiu ser batizada sem vê-la. A irmã Baker se levantou do chão, e foi até Lambert para falar com ele. Eu não a vi mais, até que ouvi um barulho no quarto – eles foram e a tiraram de lá, como outras testemunhas já disseram. Depois de sair, ela disse que tinha uma mensagem para mim. Ela disse que eu pensava mal dela (eu reconheci que pensava), mas eu percebi meu erro, e comunguei com ela. Nós beijamos um ao outro com o beijo santo – eu acho que o Sr. White não esteve no quarto naquela noite; mas eu não sei quantos, nem quem esteve lá dentro. As garotas que foram batizadas tinham 17 anos de idade, uma delas tinha sido batizada antes. Nós temos passagens das Escrituras para tudo que foi feito. Não houve naquele sábado à noite um décimo do barulho que geralmente há nas reuniões que eu frequento. Até onde conheço o Sr. Dammon, o considero um homem bom e moral.

Contrainterrogatório. Quando me beijou, ela disse que havia luz à frente. Nós cremos que as visões dela (da Srta. Baker) são genuínas. Cremos que as da Srta. Harmon são genuínas – nós consideramos suas visões como provenientes de Deus. A Srta. Harmon contou cinco visões no sábado à noite. Ontem eu não disse a ninguém que era necessário ter alguém na sala para tirá-la dos transes, mas de fato me envolvi com a defesa do prisioneiro.

John H. Doore, juramentado. Eu não estive na reunião de sábado à noite. Eu pertenço ao grupo, e não vi nada fora do comum em ninguém. Não considero o Sr. Dammon um homem ruim – ele é um homem que considero muito. Minha filha foi batizada no sábado à noite – ela tinha sido batizada antes. Eu vi homens e mulheres engatinhando no chão, com suas mãos e joelhos.

George S. Woodbury, juramentado. Eu creio na doutrina do advento – eu participei de todas as reuniões em Atkinson. [Essa testemunha foi muito demorada em seu testemunho, tanto no interrogatório quanto no contrainterrogatório. Seu relato equivale à mesma coisa que as testemunhas de defesa anteriores, com os seguintes acréscimos.] Ele acha que o Sr. White não esteve no quarto, mas outros sim. Nós não reconhecemos nenhum líder, e sim falamos por impulso. Os anciãos batizam. Eu creio nas visões da Srta. Harmon, pois ela revelou corretamente os sentimentos da minha esposa. Tenho a impressão de que o prisioneiro beijou minha esposa. Eu creio que o mundo vai acabar dentro de dois meses – é o que o prisioneiro prega. Creio que esta é a fé do grupo. Foi dito, e assim creio, que as revelações das irmãs Harmon e Baker vinham de Deus. A irmã Harmon disse à minha esposa e às garotas que, se não fizessem o que ela disse, iriam para o inferno. Minha esposa e Dammon atravessaram a casa engatinhando no chão. Algum homem de fato entrou no quarto. Ouvi o irmão Dammon dizer que o dom de curar os doentes jaz na igreja.

Pelo tribunal.

Resp. O Sr. Dammon nos aconselha a não trabalhar, porque temos o bastante para nos sustentarmos até o fim do mundo.

John Gallison afirmou. [Chandler observou que tinha pensado em fazer objeção a essa testemunha com o argumento de insanidade, mas que, após refletir, resolveu deixá-lo prosseguir, pois acreditava que sua insanidade ficaria aparente o bastante ao longo do interrogatório.] Eu conheço o irmão Dammon como ancião dos Batistas do Livre-Arbítrio há muitos anos. Ele perguntou a Dammon quanto tempo fazia. D. [Dammon] respondeu 6 anos. Eu estive em sua casa frequentemente – tudo estava em ordem e em seu lugar apropriado. Eu participei de todas as reuniões. Eu vi alguns deitados no chão, dois ou mais de uma vez – não vi nada de ruim nas reuniões. [A testemunha aqui descreveu a posição em que a Srta. Harmon deitava no chão, quando estava em transe, e se ofereceu para deitar e demonstrar ao tribunal se ele assim desejasse. O tribunal dispensou a sugestão.] A testemunha relatou visões similares às das outras testemunhas, mas mais incompreensível. Não a ouvi sendo chamada de Imitação de Cristo. Eu sei que ela não seria, pois não adoramos ídolos.

Contrainterrogatório. Eu creio em visões, e entendo isso perfeitamente, mas suponho que não estamos diante de um Concílio Eclesiástico. – o Sr. Dammon não crê como costumávamos crer. [Testemunha lê uma passagem da Bíblia.] Nós de fato lavamos os pés uns dos outros – de fato engatinhamos no chão, com muita decência. Creio que ele batizou cerca de onze pessoas, mas não sei ao certo quantas – eu tenho o privilégio de saber como eles se comportam tão bem quanto qualquer outra pessoa. Eu não tenho dúvidas de que as visões da irmã Harmon eram de Deus – foi o que ela disse à minha filha. Eu aguardo o fim do mundo todos os dias. Eu fui favorável ao batismo da minha filha – eu não previa que enfrentaria a ira do diabo, mas já que esta veio, estou certo de que fizemos a coisa certa.

Abel S. Boobar afirmou. [A maior parte do testemunho foi uma repetição do que os outros testemunharam, e creio que o leitor deve estar cansado.] Eu não vi White entrando no quarto com a Srta. Baker – ouvi o barulho no quarto. Outros de fato entraram. O Sr. Dammon disse que as igrejas estavam decadentes, e que preferia se arriscar nas mãos do Todo-Poderoso a estar no lugar de algumas das igrejas. Eu acredito totalmente na fé. [Testemunha confirmou a história dos beijos, de rolar no chão, e do lava-pés.]

Joshua Burnham, juramentado. Eu conheço a Srta. Dorinda Baker desde que ela tinha cinco anos de idade – seu caráter é bom – ela agora tem 23 ou 24 anos de idade. Ela é uma menina doente, seu pai gastou $1000 com médicos para ela. Eu estive na reunião sábado à noite – estava marcado que a moça contaria suas visões.

Adiado para 1:30 da tarde.

Levi M. Doore, juramentado. Eu participei de mais da metade das reuniões – o testemunho do meu irmão está correto – também concordo com o Sr. Boobar.

Pergunta do réu. 

Resposta. O modo de adoração do Sr. Dammon atualmente é similar ao que era antes.

Contrainterrogatório por Morrison. Eles costumavam sentar no chão? 

Resposta. Não. 

Contrainterrogatório por Morrison.Eles costumavam deitar ou engatinhar no chão? 

Resposta. Não. 

Contrainterrogatório por Morrison. Eles costumavam beijar uns aos outros? 

Resposta. Não. 

Contrainterrogatório por Morrison.Eles costumavam entrar no quarto? 

Resposta. Não. 

Contrainterrogatório por Morrison. Eles costumavam contar visões? 

Resposta. Não.

Contrainterrogatório por Morrison. Por que você diz que seu modo de adoração é similar ao que era antes? Porque ele prega de modo similar. Ele costumava pregar que o fim do mundo era iminente, e batizar na calada da noite? 

Resposta. Não. A razão pela qual nos sentamos no chão é para que caibam mais pessoas – às vezes deixamos que alguns se sentem no nosso colo, mas nunca homens e mulheres misturados. Não sei do irmão Dammon gastando dinheiro inutilmente. Eu sou um dos crentes. Às vezes nos sentamos no chão por formalidade. Nossa fé não considera isso essencial. [Testemunha repetiu as formas de beijo, visões etc. similar aos outros] Eu nunca ouvi o irmão Dammon dizer que desejava destruir a aliança matrimonial. [Réu aqui reinterrogou várias testemunhas, e todas testemunharam que ele usava bem sua esposa, parecia amá-la.]

Stephen Fish, Exeter, juramentado. Eu participei das reuniões em Atkinson no verão passado – participei da maioria das Reuniões Trimestrais por sete anos – estive na casa do Sr. Dammon, e ele na minha – ele sempre se opôs a pagar o ministério com um salário regular. [Aqui a defesa encerrou.]

Testemunhas para o Estado.

Dr. Ebenezer Lambert, juramentado. No último domingo à noite, Loton Lambert me contou a história da reunião na noite anterior – ele me relatou conforme seu testemunho de ontem, quase verbatim.

John Bartlett, de Garland, juramentado. Eu ouvi o réu dizer que qualquer um do seu grupo era tão próximo dele quanto qualquer outro – que os considerava todos iguais. É opinião geral na nossa cidade que o prisioneiro é um perturbador da paz, e que devem dar um jeito nele. Eu conheço o Sr. Dammon há sete anos – seu caráter sempre foi bom até cerca de 6 semanas atrás.

Loten Lambert reinterrogado. Ele confirmou todo o seu testemunho anterior – não conhece o Sr. White, mas Joel Doore me contou que foi o White que esteve no quarto com a Srta. Baker.

Contrainterrogatório. Não havia nada obstruindo minha visão – o homem tinha uma jaqueta curta e escura, e calças claras.

Leonard Downes, reinterrogado. De fato vi a Srta. Baker sair do quarto com um homem que tinha seu braço em torno dela – eu a vi entrar com um homem e fechar a porta. Ele tinha uma jaqueta curta e escura, e calças claras – eu a vi beijar o Sr. Doore – ela disse “isso é bom.”

Thomas Proctor reinterrogado. O prisioneiro me disse que a Srta. Baker teve uma dificuldade no quarto, e ele foi lá dentro e a ajudou. 

Contrainterrogatório. Eu disse que gostaria que alguém os separasse. Eu disse que o Sr. Hall devia ser betumado e empenado se ele fosse como eu ouvi que era. Eu estive em uma reunião, mas não houve culto divino. Eles nos disseram que só permitiam crentes lá dentro.

Dr. A. S. Bartlett, juramentado. Ontem eu vi o Sr. Joel Doore e Loton Lambert conversando juntos. Eu fui até eles – ouvi Doore dizer a ele, foi o Sr. White que esteve no quarto com a Srta. Baker – Lambert disse que isso era o que ele queria saber. Foi o que eu entendi, e creio que não estou enganado. Também ouvi Doore dizer que houve um barulho no quarto.

Sr. Flavel Bartlett, juramentado. Eu acho que o prisioneiro não pertence à Igreja Batista do Livre-Arbítrio. Ele não está na comunhão com eles.

Joseph Knights, Garland, juramentado. Eu participei de uma das reuniões de Dammon em Garland, ele se comportou bem até o fim da reunião. Depois que a reunião acabou eu o vi abraçar e beijar uma garota. O relato comum em Garland é de que ele é um perturbador da paz.

Plyn Clark, juramentado. Eu participei da reunião uma semana atrás, na quarta ou quinta-feira à noite. [Essa testemunha deu uma descrição geral da reunião como fizeram outros.] Eu ouvi alguém gritar “eu me sinto melhor” – outros disseram “bom o bastante”. Eu acho que o caráter da reunião como um todo era desmoralizante.

J. W. E. Harvey, chamado. Eu participei das reuniões várias vezes – eu vi o prisioneiro no chão com uma mulher entre suas pernas – eu os vi em grupos abraçando e beijando uns aos outros. Eu fui lá uma vez resolver uma coisa – Dammon gritou “Bom Deus Todo-Poderoso, mande o Diabo embora.” Uma vez eu vi o Sr. Hall sem suas botas, e as mulheres iam e beijavam seus pés. Uma menina fez o barulho do beijo, mas não encostou no pé dele com seus lábios. Hall disse “aquele que se envergonhar de mim diantes dos homens, também eu me envergonharei dele diante do meu pai e dos santos anjos.” Ela então deu vários beijos nos pés dele.

Joel Doore Jr., chamado pela defesa. Eu ouvi o irmão Dammon pregar que o dia da graça para os pecadores havia acabado. Réu disse “assim eu creio”.

Levi M. Doore, chamado. O irmão Wood estava vestindo calças claras e uma jaqueta escura.

Joel Doore Jr., chamado. O irmão Wood tinha calças claras e uma jaqueta escura.

Abel Ayer, chamado. O irmão Wood foi ao batismo e esteve lá toda a noite.

James Boobar, chamado. A irmã Baker e o irmão Wood estiveram lá toda a noite. O Sr. White tinha um sobretudo e calças escuras.

O prisioneiro abriu sua defesa e citou Lucas 7.36 – João 13 – último capítulo de Romanos – Filipenses 4 – 1 Tessalonicenses 5. Julgamento adiado em uma hora. Holmes encerrou a defesa com habilidade excepcional. Chandler começou em nome do Estado. Citou os Estatutos Revisados, capítulo 178, 9ª e 10ª seções; ele discursou sobre a lei; após o qual

Morison convocou as testemunhas e encerrou com alguns comentários breves e apropriados. O Sr. Dammon mais uma vez se levantou para se defender. O tribunal permitiu que ele falasse. Ele leu o Salmo 126, e o Salmo 50. Ele argumentou que o dia da graça já tinha passado, que os crentes tinham se reduzido; mas que ainda havia muitos, e que o fim do mundo viria dentro de uma semana.

O tribunal, após deliberação, sentenciou o prisioneiro à Casa de Correção por um espaço de dez dias. O réu apelou desta sentença. 

Na terça-feira de manhã, o prisioneiro tendo se sentado, levantou-se assim que o tribunal entrou, e gritou Glória com toda a força de seus pulmões.

Na terça-feira à tarde, após o tribunal entrar e enquanto esperava os advogados, o prisioneiro e suas testemunhas pediram permissão, e cantaram conforme abaixo:

“Sai dela, povo meu” (Cf. Ap 18.4)

Por John Craig

Enquanto estava na terra do Egito,
Ouvi que meu Salvador estava vindo;
Soava o clamor da meia noite,
E eu queria ser livre,
Então deixei meus irmãos de outrora
Para soar o jubileu.

Disseram que eu devia ficar
E seguir com eles em seus velhos caminhos;
Mas eles zombam da vinda do meu Senhor—
Com eles eu não podia concordar,
E deixei sua sinagoga pintada
Para soar o jubileu.

Logo então entrei para o Grupo do Advento,
Que logo deixara o Egito;
Estavam na estrada para Canaã
Abençoada companhia de oração,
E com eles estou proclamando
Que este ano é o jubileu.

Nos chamam de trupe barulhenta,
E dizem esperar que nós logo caiamos;
Mas agora crescemos mais fortes,
Em amor e unidade,
Pois deixamos a velha e mística Babilônia,
Para soar o jubileu.

Estamos agora unidos em um grupo, 
Crendo que Cristo está por vir
Para recompensar seus filhos fiéis,
Contentes por ver seu Senhor;
O Senhor abençoe nossas almas felizes
Enquanto soamos o jubileu.

Embora seja forte a oposição,
A batalha não demora;
Nosso bendito Senhor está vindo,
“Sua glória nós veremos;”
Mantenham, irmãos, a coragem—
Este ano é o jubileu.

Se Satanás vem tentar tua mente,
Vá de encontro com tais versos benditos,
Dizendo “Para trás, Satanás,”
Nada tenho contigo;
Minha alma converti,
E soarei o jubileu.

Não é aos fortes a batalha,
Os fracos cantam a canção do conquistador;
Estive na fornalha ardente,
E nenhum mal sofri,
Saí com maiores evidências
De que este ano é o jubileu.

Mais um pouco aqui em baixo
E ao lar de glória iremos;
Eu creio! Eu creio!
Aleluia, estou livre
De todo preconceito sectário—
Este ano é o jubileu.

Logo iremos à costa bendita
Proclamar e cantar para todo o sempre
Onde o ímpio não entra
Para nossa harmonia perturbar;
Mas colocaremos as coroas de glória
Com nosso Deus eternamente.”

Notas:

1. Frederick Hoyt (1920-2012) foi professor de história e ciência política. Dedicou aproximadamente 70 anos de sua vida à educação adventista como aluno e docente da Universidade Loma Linda e La Sierra.

2. Ver HOYT Frederick (Ed.). Trial of Elder I. Dammon Reported for The Piscataquis Farmer. Spectrum Magazine, v. 17, n. 5, p. 29-36, 1987.

3. N.T.: No original, “Esq.”, abreviação de “Esquire”, utilizado no século 19 para se referir respeitosamente a homens importantes na comunidade, como advogados, grandes proprietários, etc.

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